Imperatrix

Kaka

"No inicio foi difícil conseguir fazer isso.

Depois, se tornou natural como beber água, esticar as mãos ou dormir."

Era uma tarde quente de verão, o gigante ruivo observava o por do sol de sua varanda, adorava aquele mar, o cheiro da água.

"Primeiro eu vejo o local, sinto e percebo como se eu já estivesse ali, e num instante eu estou"

Véurr olha para dentro da casa, achou que viu alguém, mas era só impressão. Ia descer para o jardim, mas decidiu abrir um livro antigo, um que estava levando muitos anos para ler, e terminá-lo no sofá.

"Primeiro eu movo as mãos, depois os pés, movimento braços e pernas.

Elas existem quando eu os movimento, como vestir uma roupa"

Desta vez tinha certeza.

_ Karen, é você? Já falei que não vou falar com ela.

"E agora, o resto do corpo.

Só falta abrir os olhos, e colocar a roupa"

_ Não Véurr, não é tia Karen. Só a pequena Karen.

Véurr abre um enorme sorriso, se levanta da cadeira e joga o livro longe.

_ Kaká, por Odin, que saudade!

Ele corre e levanta Kaká pela cintura, os dois se abraçam, e falam em uma língua a muito esquecida.

_ Pensei que não te veria mais!

_ Eu demorei a vir.

_ O tempo deve passar diferente aonde você está.

Ela sorri.

_ Porque não vem comigo?

_ Ainda não Kaká. O mundo precisa desse imortal aqui. Eu e sua tia ainda não estamos prontos para fazer as malas.

_ Porque está bravo com ela?

_ Eu consigo ficar bravo com a Karen? Sempre que eu fico ela coloca aquele cabelo vermelho e vem com seu charme me atentar. Você sabe com quem eu estou bravo.

_ Cecilia.

_ Ainda bem que você não veio pedir por ela.

Kaka sorriu e levantou as palmas das mãos.

_ Veio pedir por ela? Ela mandou te matar!

_ Sabe que isso não é verdade Véurr, não foi assim que aconteceu.

_ Ela te abandonou!

_ Eu enfrentei a Ordem Negra, eu recusei ser a Mãe, recusei ser a Imperatrix! Por isso fui condenada a morte.

_ Ela podia ter ficado do seu lado. E a decisão final foi dela.

_ Seria morta se ficasse do meu lado Véurr. E pior do que isso, ia fazer algo que não acredita.

_ Sério? Ela acredita neles?

_ De verdade.

_ Repete pra mim pequena Karen, Cecilia acredita na Ordem Negra, ela se tornou a Mãe porque acredita que a Ordem Negra deve existir?

_ Acredita. Ela está sendo honesta Véurr, se ela ficasse do meu lado ia ser por amizade, ela estaria traindo a si mesma.

Véurr dá as costas para kaká, e vai para a varanda.

_ Ela é mais louca do que eu pensava.

_ Ela precisa da sua ajuda.

_ Não vai ter. Não ajudo traidores.

Véurr se vira para Kaká, e olhando em seus olhos diz:

_ Ela condenou você a morte, mandou você ser decapitada!

_ Eu escolhi minha morte Véurr. Ela me ajudou, sabe a pena da Ordem Negra por Traição?

_ Empalação.

_ Acha mesmo que eu ia conseguir fazer o que eu fiz sendo empalada?

Véurr ficou quieto.

_ E você meu amigo, também me abandonou.

_ Eu não podia me meter com a Ordem Negra! Você sabe disso.

_ Eu sei que você foi fiel ao que acreditava, mas está condenando Cecilia pelo mesmo motivo, por ser fiel ao que ela acredita.

_ Ela está muito bem sem mim.

_ Cecilia está em perigo, ela e a família dela.

_ Ela não tem família.

_ Só porque não tem uma papel assinado, Emily e Cecilia não são casadas? Porque Henry não foi gerado no seu ventre, não é filho dela?

_ Você me faz parecer um bobo.

_ Não, você não é bobo. Só está magoado, está procurando motivos para continuar com raiva. Deixa o amor falar mais alto!

_ Vou pensar.

_ Então pense nisso, você condena Cecilia por não ter me ajudado, por ter abandonado uma amiga, mas você está abandonando a Lili no momento que ela mais precisa.

Véurr fica quieto.

_ Deixa isso de lado Véurr. Tem Moussaka?

_ Não, mas eu fiz Gemista.

_ Gemista, você?

_ Vai querer ou não?

_ Claro! Tem vinho?

_ Só cerveja.

Ela ri.

_ O que estamos esperando?

Eles passam a cozinha, Véurr começa a por os pratos. coloca um pouco de sua porção para Kaká, ela sempre comeu muito pouco, já estão na mesa, comendo, bebendo e conversando a um tempo quando ele fala:

_ Ela está mesmo em perigo Kaká, um perigo real?

_ Ela pode morrer hoje mesmo Véurr. Ela tomou uma decisão muito tola.

_ Soube que ela tomou várias. Verdade que ela queria procurar o Kendo, e se ele não aceitasse falar com ela, ia procurar o Chern?

_ Verdade. Tia Karen que impediu.

_ Essa menina está botando os pés pelas mãos...

_ Precisa de Orientação.

_ Precisa é de um bom corretivo.

Kaká mostra a língua para ele, ele ri.

_  Lili está perdendo a vontade de viver, meu amigo.

_ Porque você não faz uma visita? Porque sou eu que tenho que ajudar?

_ Eu vou na hora certa.

_ Se eu ajudasse...

_ Teria de ser uma boa ajuda, nada de tentar acabar com a Ordem Negra através da Cecilia.

_ Talvez, só talvez, se ela me procurar, se ela insistir, talvez, eu falei talvez?

_ Falou.

_ Talvez eu aceite ajudar a Lili.

Kaka o abraçou.

_ Calma. Só talvez. Um talvez bem talvez.

_ Você é o melhor Véurr. Agora eu preciso ir.

_ Vai voltar?

_ Sabe que não consigo ficar longe de ti meu amigo.

Uma luz suave a envolve, logo, Kaká some na luz, como se ambas desvanecessem na frente de Véurr, ele suspira, dá um sorriso e diz:

_ Cretina! Escapou de lavar a louça outra vez!