Diego

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Diego olha para os livros em seu escritório, na sua vasta biblioteca, apenas seis livros na segunda prateleira chamam sua atenção.

Apenas eles lhe interessam, entre tantos, nesse momento.

Pensa que sua vida depende deles.

São livros falsos, atrás deles, a central de um alarme de ultima geração protege sua casa.

_ Diego, você está bem?

Diego olha para Antom, seu sócio de longa data, sem saber o que responder.

_ Diego?

_ O que foi Antom?

_ Revisou o pedido meu bom amigo?

Ele olha, são os materiais que vão precisar para o próximo serviço que Antom conseguiu, um serviço deles, sem a interferência da Ordem Negra. Sem a Interferência de Idda, sem nenhum contato com aquela que lhe tira o sono nos últimos meses. 

A Imperatrix.

_ Revisei, esta tudo bem Antom.

_ Olhe de novo.

Diego se debruça, presta atenção as tintas, a madeira, precisa ler a lista duas vezes antes de notar seu erro.

_ Meu Deus Antom! Que erro de principiante! me desculpe!

_ Isso acontece meu amigo, mas tem acontecido demais nos últimos tempos, fale para seu bom amigo, o que está tirando sua paz?

Medo, o mais profundo medo tem tomado conta de Diego.

Ele olha para Antom, precisa falar alguma coisa, desabafar...

_ Antom, me diga, o que você pediu a Idda?

_ Quer saber quanto ela me paga? Não combinamos que nunca falaríamos disso?

_ Não meu amigo, sabe, ela me ofereceu a realização de um desejo... Ela ofereceu isso a você?

_ Ofereceu.

_ O que você pediu Antom?

O seu velho amigo se jogou na cadeira. Estava contanto de um a dez em seu idioma natal, o francês, fazia isso quando ficava nervoso.

_ Por favor Antom.

_ Tenho vergonha meu grande amigo.

Diego olha fundo nos olhos de Antom, já se entendem sem palavras.

_ Tudo bem, eu conto! Eu pedi que ela construísse um abrigo.

_ Um abrigo?

_ Para crianças desamparadas.

_ Mas...

_ Um onde cuidassem das crianças e ensinassem o gosto pelas boas artes, a arte como um processo de cura Diego.

_ Onde está a vergonha disso Antom?

_ Eu coloquei meu nome no projeto. Uma vergonha, o nome de um ladrão Diego, de um Dândi, de um bom vivant. Podia ter homenageado meu pai, talvez meu avô. Nosso professor, lembra dele? Morto na miséria... Ele é uma pessoa que merecia ter seu nome lembrado.

_ Antom, seu gesto foi lindo.

_ Bobagem Diego. Tenho de tudo, boa casa, comida, a bela companhia feminina, as vezes mais de uma de cada vez. O que mais precisava? Mas fui egoísta e coloquei meu nome por vaidade. Disso eu tenho um amargo arrependimento. Me sinto mal. 

_ Não é algo de se arrepender Antom.

_ E se um dia eu for pego e meu nome cair no desprezo, o que será do projeto? Das crianças? Vaidade pura Diego. Arrisquei o bem estar das crianças por causa da minha vaidade, por isso não durmo quando penso nelas.

ImperatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora