Ieva

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_ Ieva, abandona todos os seus direitos por nascimento e  aceita se tornar sacrifício pelos crimes de seu pai?

A bela morena de longos cabelos negros acena que sim com a cabeça. Se vira, e olha para Pascal.

Ele não desvia o olhar.

_ Seguirá para a ilha sagrada, onde receberá as bençãos da Grande Sacerdotisa pelo seu gesto. Em dois dias será levada como sacrifício ao seu destino.

Ieva volta e abraça o pai, depois, segue a menina com vestes brancas para um barco. Pascal fica muito tempo no porto olhando o barco virar apenas um ponto no Oceano, e depois sumir.

Depois que o Barco some, Elmo, que fazia a segurança na entrega da Ieva, se vira para Pascal e diz:

_ Senhor, precisa de escolta na volta pra sua casa?

_ Não. Mas pode me levar, eu sei que são suas ordens. Me deixar em casa.

Elmo tinha ordens especificas para levar Pascal em casa, depois da entrega de Ieva. Ele dispensa a sua equipe e leva Pascal sozinho, em seu carro.

Foi um longo caminho, Pascal ficou um bom tempo mudo e, do nada, começou a falar:

_ Ela não foi minha primeira filha. Já fui casado antes.

_ Não sabia disso senhor.

_ Pouca gente sabe. Esse é meu terceiro casamento. Tive dois lindos bebês no primeiro, um casal. Diferença de três anos. Foi quando a Ordem Negra fechou.

_ O grande massacre?

_ Isso mesmo Elmo, nós do conselho votamos que era hora da Sociedade da Sacerdotisa parar suas atividades. Ficaríamos ocultos por duas gerações. Isso foi o que decidimos.

_ Não foi o que aconteceu.

_ Não. Ordens pequenas quiseram ocupar o espaço da Ordem negra. A Lux Draconis foi uma, me acharam e me queriam do lado deles, queriam que eu reabrisse a Sociedade. Eu recusei, expliquei várias vezes que meu voto não valia nada, tinha de ser uma decisão unanime para voltarmos a atividade. Idiotas. Sabe o que fizeram?

_ Não imagino.

_ O Representante agradeceu as minhas explicações e foi embora, apertamos as mãos, parecia um cara gente boa. Como eu era babaca. Um dia eu voltei para casa com um ramo de flores e dois brinquedos. Foi um bom dia, estava feliz. Encontrei minha esposa na cozinha, amarrada numa coluna, amarrada e amordaçada. 

_ E seus filhos?

_ Minha filha era uma bebê, um ano e meio! Estava dentro do forno ligado. Um forno industrial Elmo, sempre quis o melhor pra minha família. Amarraram a minha mulher na coluna pra ela assistir nossa filha assar.

_ Senhor, eu...

_ Achei meu filho bem depois,vagando nas ruas. Não falava e não me reconhecia. Morreu tem uns dois anos, nunca mais falou. Tenho certeza que viu a irmã queimar.

_ Sinto que tenha passado por isso Pascal.

_ Cale a boca Elmo. Você é um peão.Igual aos idiotas que invadiram minha casa e fizeram isso com minha família. Eles eram peões Elmo, peões. Minha esposa durou seis meses. Não comia, não andava, chorava, apenas chorava. Morreu de tristeza.

Elmo continuou dirigindo.

_ Depois disso eu fui a favor da reabertura da nossa sociedade, queria vingança. Fechados eramos fracos. Acreditei na Grande Sacerdotisa, acreditei no Bispo negro, eles prometeram o controle do mundo oculto! E agora? Agora entrego a minha filha como sacrifício. Sabe o que é isso Elmo? Tem filhos?

ImperatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora