Acordos de Sangue

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_ Ela está na mesma Rafael?

_ Está Senhora. Acho que nós a perdemos.

A Mãe olha para as pessoas andando na praça.

Gosta de estar em lugares abertos, sempre gostou, acha que pensa melhor. Observar as pessoas andando, cada um preocupado com seus próprios problemas parece que põe a sua vida em perspectiva, que seus problemas são iguais aos de todos, que sua vida é uma vida como a de todos.

_ Tudo bem Rafael. Obrigada por me avisar.

_ Eu posso ir atrás dela, talvez Mariana consiga, elas são muito amigas.

_ Não meu amigo. Já ouviu aquele ditado: "Se apertarmos demais a corda, ela arrebenta". Apertamos demais essa corda. Deixe Nadia cuidar da vida, do jeito que escolher.

_ Mas Senhora...

_ Eu sei o que você vai me dizer. Estávamos tão perto! Apenas mais dez mortes e toda a resistência estaria morta... Não Rafael, isso é uma ilusão, outra pessoa vai se levantar contra mim, pode ser alguém que quer vingança contra uma das mortes de Nadia, pode ser uma pessoa nova que deseja poder... Deixe, vai aparecer outra saída.

Rafael fica parado por alguns instantes.

_ Não foi um pedido meu amigo, quero que deixe Nadia em paz.

_ Eu... Eu já falei para Mariana não se meter, imaginei que a senhora diria isso. Eu tenho um outro problema.

_ Saudades do tempo em que você me trazia apenas soluções Rafael.

Ele sorri.

_ Me conte.

_ Meu cunhado Martim, a senhora conhece?

_ Quem não conhece o Martim? Me desculpe mas ele é uma pessoa... Difícil.

Rafael dá um sorriso.

_ Ele precisa de alguma coisa? Não posso negar algo para o filho de Fernanda, sei o que ela fez para a Ordem Negra.

_ Não. Ele procurou Mariana esses dias com uma historia doida. Pode não ser nada, mas ele disse que tinha provas sobre a existência de um outro filho de Ivo.

_ Ai ai... Um outro Pai da Ordem Negra por Direito de sangue, se isso for verdade. Sabe as consequências de uma noticia dessas?

_ Devastadoras.

_ Ele tem provas?

_ Acho que ainda não, na minha opinião ele ouviu alguma historia doida, mas ele está procurando.

_ Você acha que é verdade?

_ Ele é meu cunhado senhora. Conhece alguém que acredita nas historias que cunhados contam?

A Imperatrix dá uma gargalhada sincera. Olha para Rafael e fala.

_ Talvez você tenha razão e não seja nada. Assim que voltar descubra mais, quero saber de onde ele tirou essa historia. Coisas assim sempre começam de algum lugar.

_ Sim senhora.

Rafael fez menção de ir embora, mas ela o segurou pelo braço.

_ Sei que está preocupado com sua família, e com razão. Vocês se arriscaram muito pela Ordem Negra e por mim. Eu vou arranjar uma saída.

Rafael sorri, acena com a cabeça e vai embora.

A Imperatrix se levanta do banco e parece andar a esmo pela praça, observando o pequeno comercio. Apenas respira fundo.

Adora o ar da Espanha, o cheiro, se sente bem nesse país não sabe porque.

Anda pisando na calçada de pedra com gosto, para num pequeno deposito, um homem tenta lhe barrar a entrada, mas ela faz um sinal com a mão e ele se afasta. Foi um sinal de reconhecimento.

ImperatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora