O bom Samaritano

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Bia saltou do táxi e conferiu o endereço, era um sobrado antigo, no centro do Rio, ia bater na porta, mas ela estava aberta.

O cheiro não era muito agradável, embora o local parecesse limpo.

Subia as escadas apreensiva, mas não parecia haver motivo para medo.

O local estava cheio de sem tetos dormindo pelos cantos da casa, alguns voluntários ajudavam.

_ Por favor, pode chamar a Shirley?

_ Ela esta na enfermaria, a segunda porta a direita.

_ Obrigada.

Quem respondeu foi a voluntaria que fazia a barba de um sem teto, Bia foi a enfermaria.

_ Shirley?

_ Um momento querida.

Uma senhora de idade, uns 70 anos talvez, limpava a perna de um homem, um morador de rua, ela estava bastante infeccionada.

Acabou de limpar e deixou que outra voluntária continuasse o trabalho, falou com o homem com carinho, o acalmou, dizendo que tudo ficaria bem.

_ Oi meu anjo, veio ser voluntária?

_ Vim para conversar sobre o Marcos.

_ Vem comigo meu doce, vamos para um local mais reservado.

Bia acompanha a senhora até uma escada, um jirau improvisado, elas sobem, lá estão algumas camas. Ela se senta em uma, e Bia em outra, estão bem perto, uma em frente a outra.

_ Você quer encontrar com ele?

_ Quero.

_ Tania!

Uma menina de uns doze anos sobe as escadas.

_ Tenta achar o Marcos pra mim?

_ Pra agora.

A menina sai correndo.

_ Se a Tania não achar o Marcos, ninguém consegue. Se ele estiver por perto, ele vai vir. Aceita um chá?

_ Aceito, obrigada.

_ Macedo!

Um rapaz sobe as escadas.

_ Pode fazer um chá pra nós duas?

_ Sim madame.

_ Você é uma amor.

As duas ficam olhando uma para outra, o garoto traz o chá, as duas bebem, mas não dizem nada. Por fim, Bia fala.

_ Obrigada por me ajudar.

_ Ajudar é um dever meu anjinho.

_ Não... Todo mundo me pediu algo em troca. Você é a unica que não me pediu nada, até agora.

_ Nem vou pedir anjinho. Eu ganhei tanta coisa, me ajudaram tanto nessa vida, só retribuo.

Bia olha o sobrado.

_ Sua casa?

_ Minha casa? Não, a casa de todos, já estava aqui quando eu cheguei, vai estar quando eu partir. Mas é minha pela lei.

_ O trabalho que você, que a senhora faz é bonito.

_ Você. Me chame de Shirley, ou de Tassio.

Bia engasga com o chá.

_ Tudo bem querida, você está muito sem jeito comigo. Eu não ligo, Tassio é meu nome de batismo, Shirley, o que eu escolhi.

_ Eu... Não estou sem graça...

ImperatrixOnde histórias criam vida. Descubra agora