Decisões

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Bia estava na cama abraçada ao seu pai, era pequena, estava de pijama, seu pai cantava para ela dormir, abriu e fechou os olhos e ele estava perto dela, na sala, falando para uma filmadora."Papai adora aquele coisa" Bia pensou.

Acordou de novo com ele a olhando, ele lhe deu um beijo e disse que ia sair, os olhos dele tinham lagrimas, ela foi devagarinho na sala e escondeu a carteira dele, era uma brincadeira!

Bia ficou brincando no colo de sua mãe, depois que seu pai saiu de casa, mas escutaram uma freada, Bia correu na janela, viu as pernas de seu pai no chão, e uma moça num carro, o carro disparou rua afora, e o coração de Bia deu um nó.

Tudo ficou escuro, Bia viu Hanna como uma sombra negra atrás dela, cheia de fantasmas com ela, fantasmas grudados no corpo, e por trás dela, uma menina nas sombras a controlava como se ela fosse uma marionete, saiam vários fios dos dedos da menina, ela estava sempre nas sombras.

Bia acordou com o despertador. Ana estava do seu lado, tinha dormido na casa dela. Mas ela não despertou. Olhou o pequeno gato que havia se aninhado entre as duas.

_ Romeu, o que eu faço? 

Bia fez carinho no gato que espreguiçou e continuou dormindo.

Agora Bia sabia quem era o Cordial, tinha todas as informações possíveis, havia entendido quem era ele.

Dormir na casa de sua amiga foi o melhor que fez, precisava por a cabeça em ordem, acordou bem cedo para estar no endereço que Cordial deu antes das nove, que era o prazo em que a trégua com Hanna acabaria. Mas, por que esperar ? poderia vê-lo agora... 

Tomou um café que a mãe de Ana havia preparado a pouco, o pai dela estava se arrumando para sair, ofereceu uma carona mas Bia preferia ir com a propia moto.

Saiu de vicente de carvalho e resolveu ir pela linha amarela, aquela hora, ainda escuro, tinha certeza que não haveria nenhum problema, afinal, dirigia sem carteira.

Estava acompanhando a linha do metrô, quase em Inhaúma, um local meio perigoso de se passar sozinha, quando viu um carro de policia parado. Eles fizeram sinal para ela parar, haviam cinco policiais armados.

_ Documentos por favor.

_ Aqui estão seu guarda.

O Guarda olhou, a moto não estava no nome dela.

_ A moto não é sua.

_ Eu acabei de comprar de um amigo, ainda não passei para o meu nome.

_ E sua carteira ?

Beatriz deu um belo sorriso e pôs as palmas para cima.

_ Eu não tenho, ainda sou de menor.

O guarda ficou serio, foi falar com os amigos, depois voltou.

_ Menina, vamos ter de apreender a moto, avisar seus pais e, quem te vendeu a moto pode acabar até preso !

_ Calma oficial...Monteiro, será que não dá para resolvermos isso ?

_ Como assim ?

_ Deixa eu ver meus documentos...

Beatriz abre a carteira, pega uma identidade de escola e põe 50 reais junto.

_ Que tal, esse documento serve ?

_ Espere um pouco...

O Policial foi até os amigos, ficaram conversando por um tempo, depois voltou e disse :

_ Sei não, se você cair, acontecer algo, é nossa culpa.

_ Eu posso melhorar o documento?

_ Pode... Mostra um documento igual para cada um de nós.

Beatriz deu um sorriso e pegou a carteira, puxou 500 reais, e deu na mão do policial.

_ Aqui está, dois daquele "documento" para cada um, e não precisa me devolver o primeiro. Posso ir ?

Monteiro ficou desconfiado, saiu, conversou com os amigos, depois, vieram os cinco até ela, a cercaram, um deles disse :

_ Menina, onde arranjou tanto dinheiro ? Você é o que ? do Movimento ?

_ Movimento ?

_ Traficante menina ! o que você faz ?

_ Eu ? Não ! Sou só uma estudante !

_ Estudante com a carteira recheada aqui em Inhaúma, seis da manhã ? Conta outra !

_ Não, é serio, eu só estava cortando caminho para...

_ Abre a moto ! quero ver o que tem dentro !

Beatriz, sem poder reagir, abriu o bau da scooter, eles acharam o resto do dinheiro dentro da bolsa de Beatriz.

_ Quanto tem aqui menina ?

_ Olha, eu não sei ao certo tem...

_ Tem mais de dez mil aqui ! Vai falando, quem você é ?

Beatriz se sentiu apertada, ficou meio sem saber o que falar.

_ Cardoso ! Revista ela !

Beatriz ia protestar, queria uma policial feminina, mas não deu nem tempo, Cardoso apalpou suas pernas, enfiou a mão na sua calça e puxou a arma que ganhou de Antonia, antes dela ser morta por Hanna.

_ Menina, você está cada vez mais complicada.

_ Pera, eu posso explicar tudo, aliais, nem preciso !

Colocou a mão no bolso, rápido, mas, como fez um movimento muito brusco, três policiais sacaram suas armas e os outros dois ainda fizeram menção de puxá-las, Beatriz pediu calma com uma das mãos, puxou o cartão que Evandro lhe tinha dado e disse :

_ Por favor, esse senhor vai explicar tudo pra vocês, eu não consigo. Garanto que vão gostar de falar com ele.

Os cinco se olharam. Lopes, que parecia ser o que dava as ordens, mandou Cardoso algemá-la e ficar de olho, ele a algemou com as mãos para trás.

Lopes pegou o celular e ligou para o numero, afastado de todos, ficou uns quinze minutos conversando, depois voltou e falou com os amigos :

_ Coloquem ela no camburão, Cardoso, você trás a moto.

Rodaram bastante com ela na traseira da viatura, Beatriz gritava, exigia saber o que acontecia, mas eles não falavam nada.

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