Capítulo 78

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Na época do Templo Sagrado

Na época do Templo Sagrado, os Cohanim e Leviim eram os representantes do povo de Israel, dedicando seu tempo para o serviço Divino. Estes não receberam uma porção de terra para o cultivo, como as outras tribos, pois moravam na região do Templo em Jerusalém ou em cidades designadas para eles. Estas tribos, que tanto dedicavam-se em prol de Israel, eram sustentadas pelo povo. Os dízimos mencionados acima eram consumidos pelos Cohanim e Leviim e suas famílias. As oferendas eram retiradas da seguinte maneira:

1. Bikurim- as primeiras frutas da safra eram trazidas ao Cohen

2. Terumá Guedolá- aproximadamente dois por cento da colheita era dada ao Cohen

3. Masser Rishon- o 'primeiro dízimo'- dez por cento do restante da colheita era dado ao Levi, que por sua vez retirava dez por cento e dava ao Cohen

4. Maasser Sheni- segundo dízimo- no primeiro, segundo, quarto, quinto e sétimo ano do ciclo sabático, o agricultor retirava dez por cento do restante da colheita e levava a Jerusalém, onde era comido ou redimido.

5. Maasser Ani - Dízimo do pobre- no terceiro e sexto ano no ciclo sabático, ao invés de levar-se o maasser sheni ao Templo Sagrado, este era dado aos pobres.

Uma vez que não há mais pessoas da tribo de Levi trabalhando no Templo Sagrado, todo judeu tem a obrigação de dar um décimo de seu lucro para caridade e ajuda aos necessitados. Isto inclui desde comida para pobres, até bolsas de estudos e projetos e a qualquer indivíduo ou instituição beneficente de nossa escolha.

Há muitas leis relativas ao maasser (dízimo) inclusive relativas ao plantio e colheita da terra em Israel que vigoram até hoje, beneficiando viúvas, órfãos e necessitados.

A quem, quanto e de que forma devemos doar

Muitas vezes é difícil para as pessoas se separarem de seu dinheiro. No primeiro parágrafo da oração 'Shemá Israel' está escrito: "Você deve amar seu D'us com todo seu coração, toda sua alma e todas suas posses". Os Sábios do Talmud perguntam: "Por que está escrito 'Todas suas posses'? A resposta: para algumas pessoas é mais difícil separar-se de seu dinheiro que se separar da própria vida".

Um método fácil para aqueles que recebem seu salário já deduzido de impostos é tirar 10% do valor e depositá-lo para alguma instituição realmente merecedora (Aconselhe-se bem antes de entregar o dinheiro. Lembre-se: Tsedacá é um 'negócio' espiritual. Da mesma forma que você não investiria seu dinheiro numa empresa ''picareta', não dê Tsedacá antes de assegurar-se onde irão aplicar seu dinheiro). Isto torna sua contabilidade honesta e transparente, tornando mais fácil cumprir esta mitsvá.

Aqueles que têm empresas (onde sua conta corrente e a da empresa se confundem) ou vivem de outros investimentos, devem fazer um balanço semestral e separar o dizimo do quanto lucrou. Mais detalhes e dúvidas devem ser sempre esclarecidas através de consulta a um rabino ortodoxo, bem versado nestas leis.

"Você deve amar seu D'us com todo seu coração, toda sua alma e todas suas posses" (primeiro parágrado do Shemá). Os Sábios do Talmud perguntam: "Por que está escrito 'Todas suas posses'? A resposta: para algumas pessoas é mais difícil separar-se de seu dinheiro que se separar da própria vida".

Se um pobre lhe pede dinheiro e você não esta apto a ajudá-lo agora, não levante a voz ou aja desagradavelmente. Solidarize-se com ele e, calmamente, expresse que gostaria de ajudá-lo, mas que neste instante não tem condições de fazê-lo. É louvável dar algo a uma pessoa pobre que pede um donativo, mesmo que seja uma pequena quantia.

O judeu deve destinar no primeiro ano de seu prolabore 1/10 do valor bruto para tsedacá, descontando apenas os impostos. Nos demais anos (ou meses, como queira se programar) deverá dar 1/10 de seu lucro líquido, para cumprir o preceito.

A subsistência de uma pessoa deve preceder a subsistência de seu próximo. Ela só deverá doar aquilo que excede seus ganhos após ter usado o necessário para sua casa, seu próprio sustento. Se a pessoa desejar aprimorar esta ação, poderá destinar até 1/5 de seu ganho, se este valor estiver dentro de sua capacidade e não significar que terá que pedir ajuda a outras e depender de caridade, ela própria.

Deve-se doar para instituições e pessoas necessitadas, a nosso próprio critério. Procuramos entidades idôneas que conhecemos e confiamos, ou nas quais sabemos com certeza que o dinheiro será todo aplicado em obras assistenciais, ajuda a pobres e necessitados, custeio de estudos a estudantes carentes, e assim por diante. A forma mais nobre de realizar uma doação é aquela em que o doador desconhece a quem doa e quem recebe a doação nem imagina quem lhe fez a doação.

O Rambam, Maimônides (1135-1204), um dos grandes codificadores das Lei Judaica, estabeleceu uma hierarquia de 8 pontos de como devemos cumprir da maneira mais apropriada esta mitsvá:

1) Dar um presente, emprestar dinheiro, aceitar como sócio ou arrumar trabalho para alguém, antes que ele precise pedir caridade;

2) Fazer caridade com um pobre, onde ambos o doador e o destinatário não sabem a identidade um do outro;

3) O doador sabe quem é o destinatário, mas este não sabe quem é o doador;

4) O destinatário sabe quem é o doador, mas este não sabe para quem está doando;

5) O doador faz a caridade antes mesmo de lhe ser pedida;

6) O doador dá algo a um pobre depois de lhe ser pedido;

7) O doador dá menos do que deveria, mas o faz de uma maneira agradável e reconfortante;

8) O doador faz a caridade com avareza (ele sente incômodo neste ato, mas não o demonstra). Consta no Shulchán Aruch (O Código de Leis Judaicas) (Yore Dea 249:3) que se a pessoa visivelmente demonstra desprezo, ela perde o mérito desta mitsvá.

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