Capítulo 111

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Consagração

Lições básicas sobre a vida cristã prática.

"Assim, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rom. 12:1).

Na edificação de um novo crente, o primeiro problema a resolver é o assunto da consagração. Mas se ele puder ou não admitir esta lição depende em grande parte de quão eficazmente ele foi salvo. Se o evangelho não se apresentou corretamente, aquele que vem ao Senhor Jesus pode considerar-se a si mesmo como fazendo um grande favor a Deus. Para uma pessoa como ele, converter-se em um cristão acrescenta muita glória à cristandade! Sob tal ilusão, como alguém poderá lhe falar a respeito da consagração? Inclusive uma rainha tem que ser conduzida ao ponto onde ela ponha com alegria a sua coroa aos pés do Senhor. Todos nós precisamos atentar que somos nós os favorecidos pelo Senhor ao sermos amados e salvos. Só assim então podemos desejar deixar todas as coisas.

As bases da consagração

Vejamos primeiro o Novo Testamento. Ali encontramos como os filhos de Deus são constrangidos por amor a viver para o Senhor que morreu e ressuscitou por eles (2ª Cor. 5:14). A palavra «constrangido» significa estar firmemente sujeito ou ser rodeado de modo que as pessoas não possam escapar. Quando uma pessoa é movida pelo amor, experimentará tal sensação. O amor o atará e ele estará assim sem valer-se por si mesmo.

O amor, portanto, é a base da consagração. Ninguém pode consagrar-se sem sentir o amor do Senhor. Tem que ver primeiro o amor do Senhor para depois poder consagrar a sua vida. É inútil falar de consagração se não se deseja o amor do Senhor. Depois de ter visto o amor do Senhor, a consagração será a conseqüência inevitável.

No entanto, a consagração se apóia também no direito ou na prerrogativa divina. Esta é a verdade que encontramos em 1ª Cor. 6:19-20. «Ou ignorais que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, o qual está em vós, o qual têm de Deus, e que não sois vossos? Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a Deus em vosso corpo e no vosso espírito os quais pertencem a Deus».

Hoje, entre os cristãos, este assunto de ter sido comprado por preço não pode ser entendido cabalmente. Mas, para os coríntios no tempo do império romano, isto estava perfeitamente claro. Por quê? Porque naquele tempo tinha comércio de humanos. Tal como hoje que você pode ir ao mercado para comprar frango ou pato, da mesma forma podiam-se comprar seres humanos no mercado humano.

A única diferença era que os preços dos mantimentos estavam mais ou menos estabelecidos, enquanto que, no mercado humano, o preço de cada alma era estabelecido fazendo uma oferta no leilão. Aquele que fazia a oferta mais elevada obtinha o homem, e quem possuía o escravo tinha poder absoluto sobre ele. Paulo utiliza esta metáfora para nos mostrar o que o nosso Senhor tem feito por nós e como ele deu a sua vida como resgate para nos comprar de novo para Deus. O Senhor pagou um grande preço - a sua própria vida. E hoje, por causa dessa obra de redenção, nós cedemos os nossos direitos e perdemos a nossa soberania. Já não somos de nós mesmos, porque pertencemos ao Senhor; portanto, devemos glorificar a Deus em nossos corpos. Somos comprados por preço, o sangue da cruz. Visto que somos comprados, somos seus por direito, por prerrogativa divina.

Por um lado, por amor, escolhemos servi-lo; e por outro lado, por direito, não somos nossos. Nós devemos seguir a ele; não podemos fazer de outra maneira. De acordo ao direito de redenção, somos seus; e segundo o amor que o resgate gera em nós, devemos viver para ele. Uma base para a consagração é o direito legal e a outra base é a resposta de amor. A consagração está, pois, apoiada no amor, que ultrapassa o sentimento humano, assim como no direito segundo a lei. Por estas duas razões, nada podemos, a não ser pertencer ao Senhor.

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