Capítulo 92

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A guia de Deus.

Por fim quero dizer-vos que nós filhos de Deus para compreender a vontade de Deus para connosco não devemos esperar sempre um sonho ou uma visão ou uma revelação porque Deus não decretou guiar-nos exclusivamente desta maneira. Certamente em alguns casos Deus nos revelará certas coisas desta maneira, mas em muitos, ou melhor, em muitíssimos outros casos ele nos guiará mediante a Sagrada Escritura que é uma luz para o nosso caminho e uma lâmpada para os nossos pés. Aquilo que a Palavra de Deus nos ordena o devemos fazer sem discutir e sem pedir uma particular revelação. Por exemplo, se virmos um irmão em necessidade e temos com que ajudá-lo nós devemos ajudá-lo, não precisamos nem de um sonho nem de uma visão para fazê-lo, porque isto no-lo ordena já o Senhor que façamos. Um outro exemplo, se um jovem crente quiser casar, ele não precisa de um sonho ou de uma visão para saber se um crente pode casar com uma rapariga incrédula, porque a sagrada Escritura já diz que isso não se deve fazer. E poderia dar muitíssimos outros exemplos do género.

Deus nos guia mediante o Espírito Santo que está em nós, isto é, induzindo-nos a fazer algo ou impedindo-nos de fazer algo mediante claros impulsos ou freios procedentes do Espírito de Deus; digo claros porque podem-se sentir no nosso íntimo de maneira clara, sempre obviamente que se conduza uma vida pia, justa e santa diante de Deus, porque doutra forma perde-se a sensibilidade espiritual em discernir a guia do Espírito. Esta guia do Espírito obviamente confirma plenamente aquilo que ensina a Escritura e não vai contra ela, mas sobretudo está em harmonia com a vontade de Deus para connosco. Um exemplo bíblico desta guia é aquele que respeita a Paulo e aos seus companheiros durante a sua segunda viagem missionária conforme está escrito: "E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu" (Actos 16:6-7).

Uma outra maneira em que Deus nos guia é mediante as circunstâncias que ele cria e muda a seu agrado na nossa vida. Neste caso vimo-nos a encontrar em certas situações e lugares por decreto de Deus, independentemente da nossa vontade. Por vezes, porém, não nos apercebemos logo que essas particulares circunstâncias que se vieram a criar foram ordenadas por Deus para o nosso bem e para guiar-nos numa certa direcção por ele querida ou num lugar por ele querido, uma coisa em todo o caso é certa, mais cedo ou mais tarde o entenderemos de maneira muito clara. Lembrai-vos daquilo que Jesus disse a Pedro: "O que eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás" (João 13:7), porque estas palavras são dirigidas a cada um de nós quando não compreendemos inicialmente um certo facto que nos aconteceu e que parece sem sentido, catastrófico e tudo o mais. Um exemplo evidente desta guia é o de José que após ter sido odiado pelos seus irmãos, foi por eles vendido como escravo, levado para o Egipto, depois lá posto injustamente na prisão mas feito sair por Faraó e feito governador do Egipto; tudo isto lhe aconteceu para fazer ir ao Egipto Jacó e a sua parentela e mantê-los vivos durante a fome, e fazer morar Israel no Egipto (cfr. Gen. cap. 37-50). Um outro exemplo é o de Saul que Deus enviou ao profeta Samuel usando-se das jumentas de seu pai fazendo-as dispersar e do servo de Saul que lhe aconselhou ir consultar o profeta Samuel para saber onde estavam as jumentas (cfr. 1 Sam. 9:1-24).

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