Davi observou Helena limpar e trocar a fralda da bebê. Quando terminou ela encostou os lábios na testa de Nina e começou a cantarolar baixinho. Minutos depois Nina estava dormindo confortavelmente nos braços dela.
- Onde está o berço dela?
- Ainda não comprei nada.
Helena suspirou novamente.
- Amanhã iremos comprar tudo o que for necessário. Por hora, ela pode dormir na sua cama.
- Por aqui.
Ele a conduziu até o quarto, a enorme cama king-size estava arrumada. Helena gentilmente deitou a criança no meio da cama e colocou os travesseiros como uma proteção para ela não rolar de noite.
- Você será uma mãe maravilhosa - Davi comentou, olhando Lena cuidar de sua filha.
- Acho que isso não irá acontecer.
- Não fale assim! Um dia você irá encontrar um homem e vai querer constituir uma família.
- Davi, eu não vou ser mãe - ela disse. - Eu não posso ter filhos.
Essa era a última coisa que ele esperava ouvir, Davi se sentiu um idiota por ter começado aquela conversa idiota.
- Por favor, desculpe. Eu não fazia a menor ideia, eu...
Ela não tirou os olhos da bebê.
- Não se preocupe. Sei disso faz tempo.
- Quanto tempo?
- Davi, eu não preciso de sua pena. Eu já aceitei esse fato.
- Você não respondeu minha pergunta!
- Por que eu não quero. Vamos sair ou ela vai acordar.
Eles saíram do quarto e Davi os serviu duas taças de vinho.
- Posso oferecer alguma coisa?
- Qualquer coisa que eu possa comer, quando você ligou eu estava em um encontro.
- Com o Tomás?
- Sim, por que você não avisou que ele era um chato?
- Por que pensei que você se dariam bem.
Mentira, no fundo ele sabia que Helena iria odiá-lo.
- Me alimente e depois vou para casa.
- Vou te dar de comer, mas você não vai me abandonar aqui!
- Davi, dá um tempo!
- Você pode ficar no quarto de hóspedes.
Helena revirou os olhos, por incrível que pareça ela queria ficar. Davi preparou uma refeição rápida, quando estavam na mesa ela já tinha tirado seus sapatos e estava descalça.
- Vou me deitar, qualquer coisa me chama - ela anunciou antes de entrar no quarto ao lado do de Davi. - Boa noite.
- Boa noite.
Helena se jogou na cama exausta, além de ter um jantar fracassado ela havia trabalhado o dia inteiro em um caso de divórcio realmente complexo.
Minutos mais tarde ela se colocou debaixo do jato de água morna e revigorante que parecia capaz de lavar todas as tensões do dia. Flexionando os ombros, fechou os olhos e deixou-se envolver pela sensação de alívio e conforto.
- Lena? - Davi a chamou.
- Sim?
- Vou deixar uma camisa minha aqui na cama para você.
- Está bem, obrigada.
Ele ficou quieto, Helena desligou o chuveiro e saiu do box.
- Davi?
Ele não respondeu. Hesitante, ela abriu a porta do banheiro e saiu. Davi deixara o robe e uma camisa de seda sobre a cama.
Helena deitou-se e apagou o abajur sobre o criado-mudo. Ela estava mais cansada do que imaginava.
O choro do bebê preencheu o apartamento, o relógio marcava três da manhã. Ela saiu do quarto em busca do barulho.
Davi estava tentando trocar a fralda da filha.
- Tudo bem? - ele se virou assustado.
- Sim, tudo bem. Nina acordou molhada, estou tentando trocar a fralda dela. Quer tentar?
Ela tomou o lugar dele, e trocou rapidamente a fralda.
- Você parece cansado. Quer que eu cuide dela durante o resto da noite?
- Não, eu... estou bem.
- Eu fico com ela, além do mais de manhã você tem aquela reunião com o Roberto Cardoso.
- Tudo bem, obrigado.
- Vá dormir!
- Sim chefe! Você fica na minha cama e eu vou para o outro quarto.
Ele deu meia volta e foi para o quarto de hóspedes.
Nina dormiu rapidamente, Helena refez o berço improvisado e se deitou na beirinha da cama.
- Ah Nina, seu pai é insuportável.
O sono a venceu.
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