Fazia dois dias. Dois longos dias que Davi havia viajado.
Helena resolveu trabalhar em casa, para tentar se concentrar, mas ela percebeu que estava errada quando a bebê começou a chamar sua atenção.
Na noite de sexta-feira, Nina estava agitada devido aos dentes que nasciam, consequentemente Helena levou mais tempo para mantê-la quieta. Na hora em que a bebê estava dormindo, ela estava cansado e seus ombros doíam. Resolveu aproveitar a banheira com hidromassagem de Davi.
Quando o telefone tocou, ela demorou um pouco para atender.
- Alô? - ela respondeu ofegante.
- Lena? Está tudo bem ai?
- Claro e você? - Helena voltou a entrar na banheira, procurando uma posição confortável.
- Cansado - Davi respondeu, a frustração em sua voz era óbvia. - A Neveah McCartney se mudou, o detetive encontrou outro endereço amanhã vou verificar. O que você está vestindo?
- Bem, nada. Estou na sua banheira.
Ela escutou um gemido do outro lado da linha.
- Você joga muito sujo. Eu queria está ai.
Ela mordeu o lábio.
- Eu também.
Ele limpou a garganta tentando por seus pensamentos em ordem.
- Como está Nina? - ele mudou de assunto.
- Agora está dormindo, tive que levá-la a um pediatra, alguns dentes estão nascendo.
- Oh. Mas ela está doente?
- Não. Ela está medicada e dormindo.
- Ah, bom.
Um silêncio se intrometeu entre eles. Helena não queria desligar, mas não conseguia pensar em nada para dizer para mantê-lo na linha.
- Boa noite, Lena.
- Boa noite.
E então desligou.
No dia seguinte, logo cedo de manhã, Davi estava no novo endereço de Neveah McCartney. Ele tocou a campainha uma, duas, três vezes. Estava quase desistindo quando uma mulher bonita abriu a porta enrolada em uma toalha.
- Posso ajudá-lo? - ela perguntou, amavelmente.
- Sim, estou procurando Neveah J. McCartney.
- O que você quer comigo?
- Sou advogado, gostaria de falar com a senhorita sobre seu antigo chefe.
- Claro você pode esperar um pouco? Tenho que trocar de roupa. Volto logo.
E fechou a porta. Por um momento, ele podia jurar que Neveah parecia com medo.
Minutos mais tarde, ela tornou a abrir a porta e o convidou a entrar.A sala era pequena, mas bem arrumada e limpa, um ambiente estéril, sem nenhum toque pessoal.
- Então, sobre o que exatamente você quer falar comigo? - ela perguntou.
- Quero fazer algumas perguntas sobre o tempo em que você trabalhou para Douglas Bishop.
Neveah empalideceu subitamente, ela esperou ele continuar.
- Fiquei sabendo que você trabalhou para o Sr. Bishop, há um ano e meio?
- Quase três anos. E?
Claro, que Davi já sabia dessa informação.
- E eu quero saber por que uma funcionária em plena ascensão profissional desistiu de uma hora para outra de seu emprego. E devo acrescentar um emprego muito bem remunerado.
- Qual o seu objetivo?
- Há algumas semanas atrás, uma moça foi agredida pelo canalha do Sr. Bishop, e tenho certeza que aconteceu o mesmo com você.
Ele estava jogando verde.
- Só quero saber o que aconteceu e o motivo de você ter retirado a acusação de agressão contra ele.
Neveah respirou fundo o encarando, ela não piscou só ficou em silêncio.
- Você quer mesmo saber? - ela perguntou, Davi concordou. - Pois bem, mas vou querer algo em troca.
- Olha, eu não vou pagar por essa informação.
- E quem falou que eu quero dinheiro? Veja, vou mostrar o motivo de eu ter desistido da acusação.
Ela pegou sua bolsa e se encaminhou até a porta. Davi seguiu logo atrás dela, eles saíram do prédio a pé. Durante todo o percurso Neveah ficou em silêncio, Davi tentou começar uma conversar, mas recebeu o silêncio de resposta. Algumas ruas depois chegaram a um hospital.
Neveah liderou o caminho. Passaram pela recepção até o elevador. Subiram para o setor de oncologia.
- Ei Neveah - uma enfermeira a chamou. - Pensei que você só viria mais tarde.
- Não consegui ficar longe - Neveah respondeu.
- Compreendo - a enfermeira percebeu a presença de Davi. - E quem é esse? Ele é o...?
- Não, ele é um advogado. Vai nos ajudar.
- Eu espero sinceramente que sim - disse a enfermeira. - Bom, eu tenho que ir.
Elas se despediram antes de Neveah seguir pelo corredor.
Eles percorreram o corredor do hospital até um quarto. Pararam e observaram pela janela de vidro. Davi não conseguia desviar o olhar.
Um garotinho de dois ou três anos, estava sentado de frente para eles, com a cabeça baixa, entretido brincado com o médico.
Sentindo que estava sendo observado o menino levantou a cabeça e acenou. Neveah acenou para ele.
- Foi ele o motivo - ela disse sem tirar os olhos do garoto. - Aquele é o Noah, meu filho.
- Não entendi, por que ele foi o motivo? - Davi perguntou confuso. - Espera aí, ele é filho de Douglas Bishop?
- Sim.
O médico fez um movimento com as mãos para eles esperarem do lado de fora. O homem saiu logo em seguida.
- Dr. John. Ele está reagindo ao tratamento? - ela perguntou com expectativa.
O médico parecia infeliz ao dar a notícia.
- Lamento profundamente ter que dizer isso. As notícias não são nada boas, ele vai precisar do transplante.
Neveah ficou imóvel.
- Nós já sabíamos que isso podia acontecer.
O médico se despediu e os deixou a sós olhando para a criança.
- Acho que agora, temos que conversar.
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30/01/17
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