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Dois dias depois, Davi estava um pouco curioso sobre esse novo irmão. Mas estava desconfortável com a idéia de conhecê-lo.
Helena queria chegar cedo, mas o trânsito estava contra ela. Quando chegaram à casa dos Kingsley, já encontraram o carro de Zoe estacionado e um carro desconhecido próximo a ele. Um homem estava encostado no carro, assim como dois garotos gêmeos. Uma mulher estava de estendendo a mão para eles.
Mesmo a distância, ele podia perceber o quanto Robert era parecido com César. Muito loiro e pálido.
Enquanto saíam do carro, ele e Helena escutaram a voz da mulher.
- Muito bem, pessoal. Passem para cá - ela ordenou.
- Passar o que, querida? - Robert perguntou inocentemente.
- Não me façam ter que passar para as ameaças.
Como nem dos três se moveu, ela continuou.
- Desta vez, serão duas semanas.
- Mas mãe... - um dos gêmeos começou a reclamar.
- Mas mãe, nada. Essa é a primeira vez que vamos conhecer seus novos parentes, o mínimo que vocês podiam fazer é entregar seus celulares.
- Mas temos que testar o último aplicativo do pai - o outro gêmeo reclamou.
- E? Pelo que eu sei, vocês dois estavam de castigo, não é mesmo, Robert? Essa é a última vez que vou pedir, me entregam agora, todos os celulares, tablets e qualquer aparelho tecnológico que vocês trouxeram escondido ou serão duas semanas sem internet em um lugar paradisíaco.
- Papai, faça alguma coisa!
- Vocês escutaram, crianças, entreguem tudo.
Robert começou a esvaziar seus bolsos. Os gêmeos seguiram seu exemplo, no final havia uma quantidade exorbitante de aparelho.
Aquela mulher iria se dar muito bem com as outras mulheres da família - Davi pensou com ironia. Todas eram loucas e mandonas. Tomara que Nina não puxe para esse lado da família.
Apoiando, sua filha contra seu ombro, eles se aproximaram.
- Olá - disse Helena sorrindo. A mulher que estava reunindo os aparelhos se virou assustada, ela estava tão concentrada que não percebeu a aproximação deles. - É um prazer conhecê-los, sou Helena e estes são Davi e Nina.
Helena estendeu a mão para a outra mulher.
- Oi - a mulher apertou a mão dela, seus olhos passaram rapidamente de Helena, para Davi e depois para Nina. - Marieta. Os pequenos demônios são Peter e Paul, e o imbecil é meu marido, Robert, mas vocês já devem saber disso, né?
- Sim, ele é a cara do César.
Davi estava um pouco desconfortável sobre essa situação. Melhor deixar Helena quebrar o gelo.
- Parabéns, a filha de vocês é linda - Marieta apontou para Nina.
- Obrigada. Mas ela não é nossa filha. Sou só a sócia e talvez futura namorada.
Marieta parecia confusa.
- Depois te explico. Venha, você tem que conhecer Zoe.
Helena pegou Nina, e juntas, ela e Marieta caminharam em direção a casa. Deixando, Davi, Robert e os gêmeos, para trás.
- Foi só eu ou vocês também acabaram de assistir a uma união profana? - Robert perguntou olhando sua esposa se afastando.
- Você nem imagina, - Davi disse antes de estender a mão. - Bem vindos à família.
- Obrigado.
- Será que devíamos verificá-las? - um dos gêmeos perguntou.
- Você é quem?
- Peter.
- Muito bem, Peter. Vocês descobriram que nesta família as mulheres não são exatamente normais. Começando por Carolina, a esposa de Christian.
Os olhos de Robert estavam colados em algo as suas costas.
- Eu não sou o que? - a voz de Carolina perguntou atrás dele. Engolindo em seco, ele se virou para encarar a cunhada.
- Carolina, querida, como você está? Você está linda.
Christian se aproximou segurando as mãos das crianças. Davi lançou um olhar de socorro para seu irmão.
- Te vira - Christian respondeu.
- Obrigado, irmão. Então, este é o Robert - ele tirou a atenção dele.
- Oi...
Robert parecia desconfortável sob o olhar examinador de Carolina.
- Nossa. Você é a cópia do César.
- Hã... obrigado?
- Então, quem são as crianças? Parece que ter gêmeos é coisa de família - ela perguntou indicando os gêmeos. - A propósito, onde estão Helena e Nina? Não, vá me dizer que ela já disse não.
Christian rolou os olhos.
- Por que não entramos antes de começar os interrogatórios? As crianças estão com frio.
- Está bem. Venham.
Ela liderou o caminho para dentro. Não olhou para trás em nenhum momento para ver se estavam ou não a seguindo.
- Agora vejo o que você quis dizer, todas são mandonas - Robert murmurou para Davi.
- Você não sabe da missa a metade.
Davi disse antes de segui-la.
Para Helena, Lola e César pareciam ter se acertado, mas ainda havia algo a incomodando. Eles estavam escondendo alguma coisa.
- Então, como vocês se conheceram? - Zoe perguntou, enquanto ajudava a servir o jantar.
- Meu pai e Robert são amigos. Nos conhecemos desde que meu pai topou produzir o primeiro aplicativo do Robert, há quase vinte anos atrás - Marieta respondeu.
- Ah, então, vocês já estão juntos há algum tempo - disse Carolina.
Marieta sorriu.
- Nós nos odiávamos.
- Querida, odiar era até pouco, não suportávamos a presença um do outro. Sempre que nos encontrávamos havia uma discussão - Robert acrescentou.
- É verdade. Vamos apenas dizer que se não fosse algumas circunstâncias, nunca teríamos ficado juntos.
- Circunstâncias? - Lola perguntou curiosa.
- Meu pai resolveu tirar férias, mas antes ele disse: Vocês dois se virem, quando eu voltar não quero encontrar minha empresa falida, ou vocês dois irão se arrepender.
- E ele foi viajar, no começo brigávamos a todo instante, até que alguns funcionários tiveram a brilhante idéia de nos prender dentro de uma sala. Nos resolvemos nossas diferenças - Robert comentou.
- Quando meu pai voltou, os lucros tinham duplicado, eu havia ficado responsável pelo setor de administração e marketing e ele pelos outros. E estávamos de casamento marcado. Ele ficou um tanto surpreso.
- Eu percebi que durante todo esse tempo, nós nos amávamos, só éramos teimosos demais para admitir.
Davi voltou seu olhar para Helena e levantou uma das sobrancelhas sugestivamente. Ela estava se sentindo um pouco sufocada com toda aquela conversa de amor e sentimentos reprimidos.
Ter um relacionamento é uma coisa, admitir que o amava era outra bem diferente.
Ainda não estava pronta para isso.
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01/04/17
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