26
Tudo dentro de Helena congelou. Lágrimas piscaram em seus olhos. Sangue se espalhou rapidamente pelo chão.Ela caiu de joelhos diante da bebê. - Oh meu Deus! Nina!
Ela escutou alguém dizer atrás dela.
- Não toquem nela, estou chamando uma ambulância.
Pareciam que os minutos se transformaram em horas. Gentilmente, dois desconhecidos a afastaram para obter mais acessibilidade a Nina.
- Normalmente ferimentos na cabeça parecem piores que são - um deles lhe disse. - Vamos levá-la.
Eles a colocaram na maca, movendo-se como um, se levantaram. Quando ela começou a seguir, uma mulher, que ela não tinha visto entrar, pisou na frente dela.
- Desculpe. Somente uma pessoa pode ir na ambulância acompanhando a paciente.
- Eu vou - Helena disse imediatamente.
- Por favor, me acompanhe.
Ela seguiu a paramédica para a ambulância e subiu na parte e trás. Durante todo a trajeto para o hospital, Helena estava alheia ao que acontecia a sua volta, ela estava concentrada em Nina, que ainda estava desacordada na maca.
- Moça, você é a mãe dela? - um dos paramédicos lhe perguntou.
- Não, eu sou só a namorada do pai dela.
- Ah okay, você sabe quantos anos ela têm?
- Um ano e seis meses e meio.
- Ok - o homem puxou um aparelho de comunicação e falou nele. - Paciente de um ano e seis meses, suspeita de lesão na cabeça, hemorragia interna, e possível lesões na coluna. A paciente está desacordada.
Pareceu uma eternidade antes de estacionarem. A porta de trás foi aberta, duas pessoas com o jaleco de médico ajudaram a descarregar com cuidado a maca.
Um soro estava sendo colocado em seu pequeno braço, e uma máscara de oxigênio estava em seu rosto enquanto os paramédicos a levavam para dentro.
- Leve-na para a sala de Raio-X e tomografia computadorizada - um deles disse.
Helena seguiu atrás deles, na recepção da sala de emergência, uma enfermeira a impediu de continuar.- Você não pode passar daqui.
- Mas...
- Olha, nos estamos fazendo nosso trabalho, você tem que espera aqui. Quando o médico tiver alguma notícia de sua filha, ele virá vê-la.
E ela a deixou sozinha na sala de espera da emergência.
Quando as portas duplas da sala se fecharam atrás deles, ela finalmente deixou a dor livre.
Era tudo culpa dela! Era ela quem devia estar vigiando Nina. Se Helena fosse tão egoísta em ficar no telefone talvez isso não tivesses acontecido.
Ela ficou lá parada, até que alguém passou um braço pelo seu corpo e a conduziu até uma cadeira.
Durante toda a sua vida ela não sentiu um medo tão grande quanto estava sentindo naquele momento, nem quando perdeu seus pais, nem quando descobriu ter leucemia.
Tudo parecia sentimentos fofinhos comparado ao que estava sentindo agora.
Passaram-se duas longas horas antes de um médico vim informá-la sobre alguma coisa. Até esse momento César já havia chegado, nenhum deles falou nada, mas César pegou sua mão em um apoio silencioso.
- Ela vai ficar bem. Mas, por agora, tente se acalmar.
- Me acalmar? Foi tudo culpa minha! - O coração de César se partiu vendo a angústia em seus olhos.
- Helena, querida, você a empurrou da escada? Não! Foi uma fatalidade que infelizmente aconteceu. Ninguém tem culpa. Você verá o quanto é difícil a vida de um pai. Quando os meus filhos eram crianças, passei incontáveis noites em claro no hospital com eles, um deles sempre acabava encontrando uma maneira de se machucar.
- César...
- Shhh, eu sei. Tudo vai ficar bem, espere e verá.
Passaram-se uns trinta minutos antes de um médico sair pelas portas duplas, ele os viu sentados na sala praticamente deserta se aproximou. Eles se levantaram, os dedos de Helena estavam dormentes e tremendo. - Sou o Dr. West. Vocês são os parentes de Nina Harris-Kingsley?
- Sim. Sou o avô dela - César se apressou em responder. - Como ela está?
- Nina está no CTI em observação, seus olhos estão respondendo e seus sinais vitais estão bons - César emitiu um suspiro de alívio. O médico deixou que suas palavras se assimilassem antes de continuar. - O que está me preocupando é que ela bateu com a cabeça ao cair da escada, causando um leve inchaço no cérebro. Já fizemos uma tomografia computadorizada e já encaminhamos os resultados para o neurocirurgião residente. Não parece que ela estar em perigo eminente, mas sempre é bom ser cuidadoso com as lesões na cabeça. Vamos monitorar de perto para nos assegurar de que ela não tenha nenhum sintoma prejudicial da batida.
-Podemos vê-la? - César perguntou.
- Sim, mas, por favor, fiquem em silêncio no quarto e só permaneçam uns quinze minutos. Ela precisa descansar neste momento.
- Obrigada, doutor - Helena respondeu antes de seguir uma enfermeira através das duas portas que levavam ao CTI.
Ela não sabia o que esperar, mas quando entraram no quarto e viram Nina deitada na cama com fios que iam de seu pequeno corpo para diferentes máquinas, Helena teve que engolir as lágrimas.
Eles foram até a cama, Helena se sentou em uma cadeira ao lado da cama e gentilmente tomou as pequenas mãos entre as suas.
- Ela é uma Kingsley, querida. Somos muito teimosos. Ela irá ficar bem - César falou em um sussurro. Isso era o que ela precisava ouvir, e era no que tinha que acreditar.