Quando Helena chegou ao trabalho, já passava das 10h, ela queria ao máximo evitar Davi.
O encontro no café da manhã, era com nada mais nada menos que sua melhor amiga e irmã, Carolina, a cunhada de Davi. Ela havia tido um raro momento de leveza, Carolina sempre sabia encontrar o melhor dela.
No escritório, encontrou Camille Sinclair a esperando, ela parecia desconfortável. Seu cabelo curto e preto escondia a marca roxa em sua bochecha.
- Em que posso ajudar, senhorita Sinclair? - Helena perguntou depois de conduzi-la até sua sala.
- Me chame de Camille, eu quero processar o meu chefe.
- Vou precisar de mais detalhes, ele a agrediu? Foi ele que bateu no seu rosto?
Camille assentiu, seus olhos se encheram de lágrimas.
- Qual é o nome dele?
- Douglas. Douglas Bishop.
- Me conte o que aconteceu, por favor.
Os lábios de Camille tremeram e ela torceu as mãos nervosamente no colo.
- A c-cerca de um ano, comecei a trabalhar para o s-sr. Bishop, eu havia acabado de sair da faculdade, queria ser a melhor. Eu fui uma tola. Trabalhei muito para me destacar. Então um dia o sr. Bishop me chamou em sua sala, disse que eu receberia uma promoção, e informou-me que esperava um agradecimento pela promoção. Eu fiquei apavorada. Eu o dispensei, pensando que ele desistiria. Me concentrei no trabalho, trabalhava arduamente, consegui mais contas para a agência, e ele parecia contente o bastante para me deixar em paz. Tinha virado rotina para mim trabalhar até mais tarde, um dia ele apareceu.
Camille tinha lágrimas escorrendo pelo rosto, obviamente sofrendo com a memória.
- Ele t-tentou me agarrar, quando resisti ele me bateu. P-provavelmente teria me estuprado se um dos seguranças não tivesse chegado.
- Você sabe o nome desse segurança? - Helena perguntou. Camille assentiu. - Ele estaria disposto a depor contra o senhor Bishop no tribunal?
- E-eu não s-sei.
Helena parou um minuto para refletir.
- Primeiramente, vamos agora na delegacia mais próxima fazer um boletim de ocorrência e depois um exame de corpo de delito.
- Tudo bem.
- Não se preocupe, cuidarei de tudo.
Helena levou Camille para a delegacia onde fizeram o boletim de ocorrência e depois o exame de corpo de delito.
Ela ficou fora do escritório a tarde toda. Voltou para o seu apartamento só a noite e para assistir a um filme. Podia está sendo covarde, mas preferia não encarar Davi ainda.
Mas seu plano não deu muito certo, pois antes da metade do filme a campainha tocou insistentemente.
- Já vai - ela gritou. - Não sou surda!
Davi estava parado no batente da porta, com uma caixa de pizza em uma das mãos e na outra empurrava o carrinho de Nina para dentro do apartamento.
- Foi daqui que pediram pizza?
- O que você está fazendo aqui? - perguntou tratando de soar calma.
Davi optou por ignorar a pergunta e reiterou:
- Perguntei, foi daqui que pediram pizza?
Ele entrou sem esperar resposta. Se deixasse Helena pensar muito, com certeza ela conseguiria uma desculpa para despacha-los. E ele não queria ir embora, principalmente depois de um dia inteiro sendo ignorado.