30
Helena esperou até Camille responder as últimas perguntas de Theodor, para se levantar e dizer:- Meritíssima, gostaria de chamar minha última testemunha.
Ela percebeu que quanto mais Neveah McCartney se aproximava mais Douglas parecia inquieto.
- Diga seu nome, por favor - disse o oficial de justiça.
- Neveah McCartney.
Helena foi à frente.
- Srta. McCartney, você conhece Douglas Bishop? - ela perguntou.
- Sim. Trabalhei para ele há quase três anos atrás.
- É correto afirmar que seu relacionamento com ele era mais que profissional?
- Sim, no começo eram somente amigos, mas à medida que o tempo passava começamos um relacionamento amoroso.
- Então, você está dizendo que era amante dele?
- Sim.
- Quanto tempo durou esse relacionamento? - Helena perguntou.
- Quase quatro meses, até que resolvi terminar e ir para outro lugar, esse era o plano.
- Mas algo deu errado, não? Afinal o fim de seu relacionamento com ele, foi na mesma época que você prestou uma queixa de agressão contra o Sr. Bishop.
- Um dia resolvi que eu não queria ser mais a outra. Eu queria um relacionamento estável, que eu não precisasse esconder de todos. Douglas queria conversar comigo, então marcamos no hotel que sempre frequentávamos.
- E o que aconteceu?
- Depois de me escutar, ele parecia possuído. Começou a deferir golpes na minha direção. Não me lembro de muita coisa, acordei no hospital dois dias depois, com várias lesões pelo meu corpo - disse Neveah.
- Protesto - Theodor disse. - A testemunha está fazendo falsas alegações contra meu cliente. A testemunha pode provar que realmente isso aconteceu? Ou que foi meu cliente que a agrediu?
- Na verdade, ela pode - Helena respondeu. - Laudos médicos e o testemunho dos funcionários do hotel.
- Ela tem alguma prova desse relacionamento?
- Sim.
- E cadê a prova? - Theodor perguntou.
- Infelizmente, está internado em um hospital em Boston a espera de um transplante de medula. Meritíssima, quando eu disse anteriormente que Douglas Bishop é um ser humano desprezível, eu estava me referindo também ao fato que ele se recusa a fazer um teste de compatibilidade que pode salvar a vida de seu filho mais novo.
Helena escutou exclamações de choque.
- Protesto, meritíssima - disse Theodor.
- Indeferido - disse a juíza. - Por favor, continue Srta. Fernandes.
Larissa parecia mais interessada no caso.
- Obrigada, meritíssima. Como eu estava dizendo, o filho da Srta. McCartney, Noah, está internado a espera de uma doação de medula. O Sr. Bishop soube da existência desse filho, mas mesmo assim se recusa a reconhecê-lo, e além de ignorar qualquer tentativa de contato, ele ameaçou a Srta. McCartney e seu filho. Meritíssima, Neveah, não quer o dinheiro do Sr. Bishop, ela quer somente a chance de salvar seu filho. Qualquer exame de DNA provará que ela está falando a verdade. Laldos de três anos atrás da Srta. McCartney, foram entregues para a promotoria, assim como os vídeos da câmera de segurança do corredor da empresa do Sr. Bishop. Contudo, dois vídeos foram entregues, um deles foi adulterado. O outro mostra claramente, Douglas Bishop, entrando na sala da Srta. Sinclair muito depois do horário de expediente, e logo em seguido, um segurança aparece, para creio eu, verificar o barulho vindos daquela sala, o vídeo também mostra, Camille sair correndo da sala com o rosto machucado. Entregamos também cópias de e-mails, mensagens e ligações do Sr. Bishop para Srta. Sinclair dos últimos quatro meses, que provam que minha cliente vinha sendo vitima de assédio moral e sexual e depois de ameaças contínuas.
- Preciso de tempo para ver todas as provas - disse a juíza Larissa. - Declaro que este tribunal está de recesso até amanhã às dezessete horas.
- Você foi maravilhosa - Davi murmurou em seu ouvido. - Esplêndida.
- Obrigada, mas por que será que tenho a sensação que mesmo que eu disse qualquer besteira você iria dizer que foi a coisa mais maravilhosa do mundo? - ela perguntou brincando. - Além do mais, não fui tão brilhante assim, estava muito nervosa, vamos só torcer para ninguém ter reparado.
- Vou dizer de novo. Você. Estava. Magnífica.
Helena corou. Eles correram para o carro, fugindo dos jornalistas, e levando Camille e Neveah com eles.
- Ele está certo - disse Neveah.
- Nem parecia que você estava nervosa - Camille completou.
- Aonde devo deixar as senhoras? - Davi perguntou. - Vou levá-las para jantar, por minha conta, depois de um dia como esse, vocês merecem.
- Oh, pena que você não é solteiro - disse Neveah. - Fazer o que né? Sempre quando encontramos um cara como você ou é gay, galinha ou comprometido.
- Só para esclarecer, este já é meu - Helena disse piscando para as outras duas mulheres. Agindo por impulso, colocou a mão em sua perna e foi subindo. Davi tirou uma das mãos do volante e segurou sua mão antes de subir mais ainda e constranger todos no carro.
- Hã... já vimos seu ponto - Camille limpou a garganta.
- Vimos sim. Parece que a única coisa que vamos receber dele é um jantar grátis - Neveah fingiu um suspiro pesaroso depois sorriu. - Vocês formam um lindo casal. Há quanto tempo estão juntos?
- Na verdade, não éramos um casal até recentemente - disse Helena.
- Meu irmão casou com a irmã dela, há uns três anos. Viramos bons amigos e sócios - Davi completou. - Recentemente começamos a ficar juntos. Estou tentando fazê-la aceitar namorar comigo, mas essa teimosa está me fazendo esperar.
Helena bateu forte no braço dele.
- Ai, isso doeu, sabia?
- É para doer mesmo, imbecil.
- Viram? Nós meio que temos uma relação estranha, ela vivi me ameaçando. Coitadinho de mim.
Helena rolou os olhos. Davi era sempre dramático.
- Então, vamos para onde?
- As senhoras decidem. Hoje sou seu humilde servo.
- Já sei! Faz tempo que não vou lá, mas a comida é ótima - disse Neveah.
- Então diga aonde é.
Davi dirigiu enquanto tentava não prestar atenção na conversa das três mulheres.
Elas pareciam loucas. Talvez levá-las para jantar não foi uma boa idéia.
------------------
Oiiiii. Você não vai sair sem deixar um voto e comentários, vai?
------------------
28/03/17