Helena Vieira-Fernandes estava entediada. Quem poderia imaginar que o belo homem a sua frente poderia ser tão chato ou tão narcisista?
- Você compreendeu?
- Claro! - ela murmurou distraída. Por que ela tinha aceitado sair com ele?
Culpa de Davi! Foi ele que tinha insistido para ela sair com aquele cara.
Ela olhou casualmente para o relógio e percebeu que tinha passado apenas 30 minutos. Com ele parecia uma eternidade. Silenciosamente amaldiçoou Davi.
Como uma resposta à sua maldição, o telefone celular dela tocou na bolsa.
- Eu sinto muito, mas preciso atender.
Ele fez uma carranca por ter sido interrompido.
- Alô?
- Lena, me ajude!
- Davi? O que está acontecendo?
- Venha para cá, por favor, é urgente! - ele disse baixinho.
- Estou indo.
Ela desligou o telefone, e encarou o homem.
- Tomás, eu tenho que ir, sinto muito.
Algumas desculpas depois e ela saiu correndo do restaurante para o ar frio de Nova York. Livre afinal, ela pensou com um sorriso em seu rosto enquanto alegremente pulava em seu carro e ligava o rádio. Ela fez o caminho para o apartamento de Davi.
Helena escutou o choro de um bebê assim que saiu do elevador, Davi não tinha vizinhos então o choro só podia está vindo do apartamento dele.
Ela se apressou e abriu a porta com sua chave reserva e encontrou Davi sentado no chão com uma criança só de frauda de pé a sua frente.
- Nina, me dê o celular - ele estava com a mão estendida.
A criança tentou bater com o celular no chão. Davi o pegou de sua pequena mãozinha.
A menininha olhou para ele e ficou com os lábios trêmulos, sinal que ia começar a chorar a qualquer momento.
- Não chore! Aqui, pode ficar!- ele estendeu o celular. Mas já era tarde demais. A garotinha abriu um berreiro.
Davi pegou a criança que se debatia no colo e começou a sacudi-la. Se a situação fosse outra, Helena acharia engraçado.
Ela limpou a garganta. Ele se virou com uma expressão de alívio.
- Lena, me ajuda, por favor.
Ele depositou a criança nos seus braços. De repente, estava olhando para um surpreendente par de olhos verdes. A criança soltou um soluço.
Helena deu um sopro no rosto do bebê. Ela parou de gritar e abriu os olhos úmidos de lágrimas. Olhou firme para Helena, e seu lábio inferior se projetou como se estivesse se armando para outro berreiro.
Pegou seu celular e balançou na frente da garotinha, que se esticou para pegá-lo.
- da - ela balbuciou.
- Você quer?
- da.
Helena entregou.
- Obrigado. Não sei o que seria de mim sem você - disse Davi.
- Você não seria nada! Agora me responda, de quem é esta criança?
- Minha.
- Sua?
- Sim, esta é Nina Harris-Kingsley, minha filha.
- Desde quando você tem uma filha?
- Desde hoje a noite, ela tem um ano e seis meses - ele respondeu sentando no sofá e fechando os olhos. - É uma história bem comprida!
- Tenho tempo.
Nina começou a ficar inquieta, Helena a colocou no chão. Com passos lentos, ela caminhou até seu pai e estendeu os braços. Davi a pegou e a colocou no colo.
- Você poderia pegar a mamadeira que está dentro da geladeira? - ele perguntou.
Helena foi a cozinha e abriu a geladeira pegando a mamadeira e a colocou no microondas.
- Você não deveria provar antes de dar para ela?
- Provar?
Ela revirou os olhos.
- Quando você preparou essa mamadeira?
- Não fui eu. A assistente social deixou pronta antes de sair.
- Vai me contar o que está acontecendo?
- Senta, - ele indicou o sofá, antes de colocar a mamadeira ao alcance da criança. Davi explicou a situação.
- Deixa eu ver se entendi! Você teve uma namorada chamada Darla, vocês terminaram e ela escondeu que estava grávida. Agora, ela morreu e você descobriu que tem uma filha.
- Exatamente.
- O que vai fazer? - ela perguntou.
- Não sei! Você vai me ajudar?
- Ah, não! - Helena protestou. - Ela é problema seu.
- Você iria me abandonar numa hora de necessidade?
- Sem dúvida.
- Deixaria um pobre bebê indefeso aos meus cuidados?
Helena adorava crianças. Cuidava dos filhos de Carolina quando a babá estava de folga e ela precisava sair.
- Isso não é justo - reclamou, sentindo-se encurralada.
- Lena - ele sorriu, entregando-lhe o bebê. - Não sei nada sobre crianças. Além do mais, será por pouco tempo. Só até encontrarmos uma babá.
Incapaz de resistir, ela aceitou Nina e olhou para o rosto sonolento.
- Por quê? Chama a sua mãe.
- Você é minha melhor amiga, e não posso chamá-la, ela já acredita que sou um irresponsável - ele disse, Nina cansou de ficar quieta e começou a chorar. - O que será que ela quer?
- Verifique a fralda dela. Você não irá dizer a ninguém que tem uma filha?
- Eu vou, mas no sábado, primeiro temos que nos conhecermos. E como se verifica a fralda?
Helena suspirou isso daria mais trabalho do que ela imaginou.
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