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Rebeca e eu estávamos conversando sobre várias coisas, do nada ela fica pensativa.

-Rebeca, aconteceu alguma coisa? -pergunto normal.

-Sabe, tu pode achar estranho, mas sei lá, tava pensando, até agora você não deu um sorriso, sabe?

-Isso te incomoda? - pergunto normal - Não sou um cara de rir muito.

-Não... Mas sei lá. - diz e dá de ombros. Não digo nada - Vamos sair no sábado?

-Não sei se vai dar, vou ver, caso alguma coisa te mando uma mensagem. - digo normal, na verdade, não queria sair com ela.

-Você nem tem meu número. - diz e sorri fraco, o que me incomodou.

-Então, me passa. -digo e dou de ombros. Ela me passou o número. Finalmente o sinal toca - Vamos?

-Uhum.

Era aula de filosofia, o professor disse para fazermos duplas, poderíamos escolher com quem, vejo Theo indo na mesa da Rebeca, eu provavelmente iria fazer sozinho. Estava abrindo o meu caderno quando.

-Por favor, diz que eu vou fazer contigo -ela diz baixo.

-Ta - e dou um longo suspiro.

Ela se sentou comigo, fizemos todo o trabalho, dando opiniões similares, quando terminamos, passamos o resto da aula conversando. Quando a aula acabou nos despedimos.

-Tchau Rebeca -digo normal.

-Tchau Isaac.

Chego em casa, por mais que me surpreenda "papai" esta em casa, passo direto por ele.

-Isaac, espera. -Fala normal, e continuo andando.

-ISAAC. -Grita nervoso.

-Fala. -digo calmo.

-Por que não parou? -pergunta levantando vindo até a mim, dou de ombros.

-Filho, então, eu só queria falar contigo, já faz muito tempo que a gente não conversa, queria saber como você está.

Dou um sorriso irônico -Agora você quer saber como eu estou? - começo a aumentar o tom de voz, e vou na sua direção devagar - quando eu tinha dez anos você não se importou. MAMÃE MORREU E VOCÊ ME CULPOU POR ISSO. QUER SABER? FODA-SE, VOCÊ NÃO SE IMPORTA, E NUNCA SE IMPORTOU. -Grito perto dele.

-Eu nunca coloquei a culpa em você, -fala, e eu sinto uma raiva extrema me invadir, com os punhos serrados simplesmente dou as costas e saio andando. Ele puxa o meu ombro e em um reflexo jogo ele contra a parede.

-Me deixa em paz. -falo entre os dentes. E tiro o braço que estava em seu peito, e ele me olha assustado.

-Filho..

Me tranco no meu quarto, e começo a socar a merda do boneco, quando me dou conta já são 17:10, provavelmente daqui a pouco Rebeca sairia com o Matt, já até sábia onde ele a levaria, coloquei uma roupa qualquer, e fiquei perto do local, como imaginei, eles foram lá, reparei que ele pegou na mão dela e ela sorri, volto pra casa.
Não me importei, já sábia que ela acabaria ficando com ele. Cheguei em casa me arrumo e vou dormir.

[...]

No horário de sempre me acordo, faço minhas higienes, coloco qualquer roupa, encho meu cabelo de gel, coloco o óculos. Vou pra cozinha, comer alguma coisa, vejo meu pai sentado a mesa, simplesmente o ignoro. Ele não diz nada. Na escola conversei com Rebeca normalmente, como faziamos. Duas semanas já se passaram com essa mesma rotina, no intervalo quando tava conversando com ela, ela começa a falar do Matt.

-Ele me pediu em namoro. -diz e dá um sorriso tímido. - Aceitei, não sei se vai durar, mas, ele parece ser legal.

Espere até conhecer ele melhor. Penso.

-Legal, boa sorte pra vocês. - Digo normal.

-Obrigada - ela diz alegre.

Estava gostando da Rebeca, como amiga, e estava me odiando por isso, pode até parecer estranho, mas eu não confio nas pessoas, tenho motivos pra isso, meu próprio pai me culpou pela morte da mamãe. Espero que essa amizade de certo, ela é tão inteligente, alegre, bonita..

Em casa.

Estava deitado, lembrando da mamãe, ela era muito linda, esperta, tão carinhosa, um ano antes de adoecer, no meu aniversário, ela ficou comigo o dia inteiro, passeando no parque, já papai, ficou trabalhando, as cinco da tarde ele se junta a nós, voltamos pra casa, compramos pizza, e todos conversavam e sorriam, eu era feliz naquela época, apesar de papai ser pouco presente na minha vida, pelo menos eu tinha a mamãe..
Então ela fica doente, e papai não me falou nada, nem ela, ela estava bem aparentemente.
Numa terça-feira, cheguei da escola e fui correndo pro quarto, lhe dar um abraço e um beijo, como sempre fazia. Mas a vejo caída no chão, fico um tempo a olhando de longe, e já sinto as lagrimas rolando pelo meu rosto, vou correndo até onde o corpo dela estava.

-Mãe, mamãe, acorda, para de brincar. - falo entre os soluços e lágrimas.

-Mãee -Grito colocando minha cabeça sobre sua barriga. - Acorda mamãe - falo baixo, implorando para que ela abrisse os olhos, e eu pudesse ver os seus lindos olhos verdes. Mas isso não aconteceu...

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