18

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Ela não voltou pra sala, fiquei preocupado apesar da angústia que estou sentindo. Não sei distinguir o que sinto, é uma explosão de sentimentos, raiva ódio, tristeza, angústia, medo, nervosismo, realmente não sei.

Será que estou confundindo as coisas? Ela é uma amiga, porque senti aquilo quando a vi com outro? Não, eu estou confundindo as coisas, por ela ser uma amiga tão próxima, acho que liguei a um sentimento mais forte, mas com certeza isso vai passar, só preciso de um tempo. Eu não posso amar ela, sou cheio de problemas, minha raiva é eminentemente, não consigo controlar, nasci pra viver sozinho.

(...)

Durante a semana, faltei todas as aulas, e me dediquei a arrumar as poucas coisas que trouxe pra cá -Não demorei mais de 4 horas- e estava planejando ir a empresa, na segunda-feira, completaria 18 no domingo, seria perfeito ver a cara do Richard, com certeza deve ter pensado que esqueci da carta, e da minha porcentagem da empresa. Mas não.

Sábado.

Estou bem melhor quanto a história da Rebeca, foi momentâneo, passageiro, algo sem importa. Espero que realmente tenha sido. Não vi ela até agora, e não sei se queria, seria melhor pra ela se afastar de mim.

Enquanto estou deitado no sofá, com um copo de vodka na mesa de centro - estou morando sozinho, porque nao beberia?! - e lendo o livro "Em Busca do Sentido da Vida", ouço a campainha tocar, tiro o óculos de leitura, o deixo em cima da mesinha, fecho o livro e o deixo do lado do copo.
Me levanto, e vou sem pressa alguma, enquanto me pergunto quem seria, Richard não viria aqui, e ninguém sabia o meu novo endereço.
Abro a porta e vejo a Rebeca de cabeça baixa, enquanto olha pras mãos.

-Eu... eu... - diz quase num sussurro e do nada me abraça, fico com os braços abertos, e com uma expressão confusa. Mas o que deu nela? A abraço com calma, e isso me fez lembrar do dia em que demos nosso primeiro abraço. Ela veio desesperada para meus braços, e eu senti que podia a proteger. Droga. Afasto esses pensamentos.

-Entra. -digo e a solto do abraço, mas ela não tira seus braços que ainda estão em volta da minha cintura. -Eu vou ter que te carregar? -digo rindo e ela assente, claramente se divertindo. Me abaixo um pouco, e coloco um braço na dobra do seu joelho e a ergo, fecho a porta com um empurrão, e a levo pra dentro, a coloco sentada no sofá.-feliz? - pergunto normal.

-Isaac, preciso falar contigo. Por que não foi pra escola?

-Mudança, como conseguiu meu endereço?

-Fui na casa do seu pai, ele me passou o endereço, tu já tem 18?

-Amanhã, vou fazer 18 anos amanhã.

-Ata, mas então, eu ainda não entendi porque tu ficou daquele jeito comigo, eu fiquei mal, sabia?!

-Nada de mais, só alguns problemas. -falei, mas ao mesmo tempo, comecei a sentir algo estranho, e então aquela merda de imagem veio a minha cabeça novamente, e senti náuseas.

-Então você não ta bravo comigo? -pergunta feliz.

-Não. -digo normal e sorrio.

-Aah Isaac -Diz me abraçando, ficamos por um tempo assim, em silêncio - e bom sentir seu cheiro de novo, mas juro, que se você for um idiota comigo, nunca mais falo contigo.

-O que seria de mim sem você, Rebeca? Não teria ninguém pra incomodar. - ou melhor, não teria ninguém para me acalmar.

-Ja que você não ta bravo -diz se levantando - vamos a sorveteria.

-Não acho que seja uma boa... -ela começa a olhar o copo em cima da mesinha - E água.

-Tem certeza? - diz pegando o copo, delicadamente com seus dedos finos e as unhas cumpridas, e coloca o copo próximo ao seu nariz. -Bebida alcoólica Isaac? - diz seria mas logo depois da um sorriso divertido. - Nunca bebi nenhuma bebida alcoólica.

-Vá em frente. -digo fazendo um gesto com a cabeça, como se desse permissão a ela.

Ela respira fundo, e coloca o copo em seus lábios com calma -desviei o olhar, por já estar sentindo um pouco incomodado, mas a fito novamente- ela ainda não bebeu o líquido, depois de um instante ela vira um pouco o copo, e em seguida cospe todo o líquido, o que me restou foi cair na gargalhada.

-Babaca, é que eu fui depressa- diz limpando o canto da boca.

-Claro, mas gostou?

-Ah, não é tão ruim, mas também não é bom, eu não tomaria por prazer, acho que um vinho cairia melhor.

-Quando completa 18 anos?

-Novembro, dia 22, no dia do baile, se o que ouvi esta certo.

-Já tem acompanhante? Quem sabe um namorado? -perguntei na esperança de ela me falar sobre o tal cara do parque.

-Não tenho namorado, mas acompanhante eu tenho.

-Ah, e quem seria? - perguntei já desanimado.

-Você, seu idiota, que seria? - pega o meu braço e me puxa, antes que eu pudesse responder, ela fala - vamos, senão vai ficar tarde.

Chegando na sorveteria, deixei o carro logo em frente a sorveteria, e entramos, Rebeca pediu um cascão de creme e chocolate, eu pedi o mesmo.

- Faltam três meses ainda, não quer esperar até achar alguém melhor?. - dou uma mordida no sorvete, enquanto espero a resposta dela.

-"Alguém melhor" ?! -faz as aspas com as mãos. -quem seria melhor que o meu melhor amigo?

-Talvez o cara com quem você tava final de semana passado. - falei sem pensar, e ela para de andar.

-Espera, foi por isso que você ficou daquele jeito? - pergunta como se não entendesse.

...

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