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Era segunda-feira, acordei no mesmo horário, fiz minhas higienes, me arrumei como o nerd, já fazia um mês e duas semanas que o Richard (Meu pai) não tentava falar comigo. Melhor assim.

Fui tomar café da manhã, e Richard estava sentado a mesa, como sempre, não disse nada. Quando me sento, ele me olha e então diz.

-Desculpa -diz sério- por tudo - diz em um suspiro, mostrando tristeza

-Uhum. -digo sem interesse.

-Eu quero ser seu pai de volta, me desculpa por ter me afastado e passado a impressão de ter ti culpado pela morte da sua mãe. Eu não queria isso, eu sei que nunca fui muito presente na sua vida, mas quero ser, quero recomeçar de novo, pai e filho, tentar ser um pai de verdade.

-Richard, tais falando isso só porque quer que eu me de bem com sua namorada? -Pergunto cínico.

Ele estava saindo com Marta Lins, sua secretária, só pra piorar tudo, ele achava que eu não sabia, mas enfim...

-Como você sabe da Marta? - pergunta desconfiado.

-Sei de muitas coisas, e quer saber, não precisa fazer todo esse teatro de pai arrependido. Serei o ótimo filho que ama o pai na frente dela, mas não fale da minha mãe, em nenhuma de suas farsas. - falo irritado e me levando, vou pra escola.

Chego com 15 minutos de antecedência, depois de algum tempo, vejo Rebeca, ela estava vindo correndo em minha direção, levantei-me do banco que estava,e abri meus braços, ela me abraçou afundando a cabeça no meu peito. Foi estranho, nesse tempo que somos 'amigos' nunca tivemos contato físico, além do aperto de mãos. Aconteceu algo, e deve ser grave. Preferi não falar nada, só a abracei também, e fiquei com ela assim, até o sinal tocar.

-Tudo bem, vamos? - pergunto calmo e em tom baixo, e ela só assente.

A terceira aula era educação física, ela estava distante, então disse pra ela jogar tênis de mesa comigo, senão acabaria se machucando na quadra.

-Rebeca, o que aconteceu? - Pergunto enquanto vamos até a mesa.

-Nada -responde e eu vejo seu lindos olhos brilharem, ficando cheios de lagrimas. Chegamos na mesa do jogo.

-Vamos. -Pergunto erguendo a raquete.

-Uhum. -diz sem entusiasmo.

Estávamos jogando, não tinha ninguém naquela área, os outros alunos estavam jogando futebol, vôlei e basquete. Ela estava concentrada no jogo, percebi uma marca no pulso dela, joguei a bola no canto da mesa, fazendo com que ela tivesse que esticar o braço, quando fez isso, seu casaco subiu, mostrando uma grande marca roxa em seu pulso, como se tivessem apertado o seu pulso, muito, mas muito forte.

Bato a raquete na mesa com ódio, e vou na direção dela, pego a sua mãos rápido, e puxo a manga do casaco dela pra cima, fico olhando a marca perplexo, puxo o outro e também tem uma marca igual.

-Quem fez isso? - pergunto irritado.

-Não é nada de mais. - diz puxando a mãos, mas seguro a mesma.

-QUEM FEZ ISSO. -Grito tomado pela raiva. Não sei porque, mas não consegui me controlar. Vejo os olhos dela, cheios de lágrimas, á puxo pra mim, e a abraço. -desculpa, me desculpa. - falo ainda a abraçando, -Desculpa -repito em tom baixo. E sinto que ela esta chorando, aperto mais o abraço.

-Não foi nada. -Diz e chora ainda mais.

-Pode confiar em mim, Ta bom? - a afasto pra poder ver seu rosto, ela confirma com a cabeça, e eu a abraço de volta.

-Não quero falar sobre isso, só por enquanto. - Diz suspirando.

-Tudo bem, eu respeito isso, mas você tem que me falar, talvez não agora, mas quando estiver preparada, ta bom? - Digo calmo.

-Okay. -Responde meio triste.

Mudamos de assunto, tentei animar ele um pouco, mas não estava adiantando.

[...]

A semana foi entediante, tentei animar a Rebeca, mas de nada adiantou. Sabia, deveria ter ido atrás dela e do Matt, quando eles saíram, tenho certeza que tem algo a ver com ele.

Sexta-feira cheguei um pouco mais cedo na escola, como foi a semana toda, tentei animar ela, mas nada de ela mudar de humor.

Intervalo

-Melhor? - pergunto.

-Um pouco, não foi nada de mais. - diz e abaixa a cabeça e começa a olhar o seu lanche, depois dá uma mordida, sem muita vontade.

-Foi o Matt, não foi? -pergunto sério.

-Não to mais falando com ele. - Finalmente ergue a cabeça e me olha nos olhos. - Esquece isso, ta bom?

-Não. - Respondo com raiva.

-Isaac, eu não falei e nem o vi mais, esquece, - diz normal - ele já me deixou em paz, não quero que se preocupe com isso.

- Tudo bem. -disse, como eu esqueceria aquilo? Eu me preocupo com ela... meu Deus, o que ta acontecendo comigo?

Mudamos de assunto, ela estava tentando parecer mais alegre, mas dava pra ver que não era verdade. Voltamos pra sala, a aula passou rápido, nos despedimos e fomos pra casa, chegando, vejo Richard com Marta na sala de estar, eles estavam rindo e se beijando, o que me deu nojo. Ele me vê, e me chama.

-Filho, venha conhecer a Marta. - Disse com a cara mais lavada do mundo, fui em direção a eles.

-Oi papai, oi Martinha, como vão, eu estou bem também, já vou indo pro meu quarto, não estou muito bem. - Falei irônico, o Richard estava me olhando de boca aberta e com a testa franzida.

-É... Oi Isaac, espero que melhore -Marta falou confusa.

Me tranquei no quarto e fiquei pensando, depois de um tempo, acabei apagando.

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