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Domingo.
Me mudei hoje, a casa onde vou morar agora por diante, é retirada da cidade, quase não tem casas aqui perto, o que acho muito bom. Tem um grande gramado verde, onde o caminho da entrada para a casa, é de pedras, tem uma garagem e é de dois andares, um mansão eu diria, nada comparado a casa do Richard, mas é muito bonita. Atrás tem mais um grande terreno, onde tem árvores frutíferas, flores, e arbustos, era muito agradável aquele ambiente.
Richard pensou direitinho em como se livrar de mim, a casa já estava toda mobiliada e não tinha nada que precisasse fazer, nenhuma reforma, ou parte mal acabada, com certeza, não queria me ver nunca mais, mas bem, sou o seu filho, tenho meus direitos! Não que eu queira que ele seja um pai de verdade, só quero o que é meu por direito, quero as ações da empresa, as que me pertencem, por direito tenho 40% delas, minha mãe pensou em tudo antes de adoecer, certamente sabia que ele não cumpriria o papel de pai em minha vida. Como a empresa era dela, (100% das ações eram dela, antes de se casar) depois do casamento ficou como chefe majoritária, com 60% da empresa, e o resto passou para o Richard, depois que descobriu que estava doente, ela escreveu seu testamento me beneficiando com grande percentagem da empresa, e me deixará a seguinte carta.

"Querido, provavelmente você tem 16 aninhos agora, mas sempre vai ser meu bebê. Pedi para seu pai lhe entregar esta carta (Eu sei que ele não é presente na sua vida, nunca foi, e não espero que seja, mas ele cumpri com a sua palavra) porque sabia que deve estar se fazendo muitas perguntas, e vamos começar pela qual mais esta me machucando no momento, "Porque não me contou?" querido, eu contaria, mas percebi que seria a pior coisa que faria, você era apenas uma criança, tinha que ter a vida de uma. Não queria que se preocupasse com a mamãe, docinho, eu te amo, e quero que você nunca se esqueça disso. Outra, "Poque se casou com o papai?" Ah, essa pergunta... eu era tão jovem, e estava tão encantada pelo homem tão galanteador, e belo pelo qual fui cortejada, insisti tanto para que meu pai (O seu avô que infelizmente morrerá antes de você nascer) me permitisse casar com ele. Sim, eu gosto de seu pai, foram tantos anos casados, mas não digo que o amo, foi uma coisa de jovem iludida, tomada pela ilusão do homem bem vestido e lindo que aparecerá em minha porta. Mas o casamento não foi as mil maravilhas como imaginei, ele era frio, não tinha olhos para mim como esposa, eu sei que depois de anos casados ele também começou a gostar de mim, de verdade, mas não me amava como imaginara que um homem me amaria,-espero que quando você se casar, seja com a mulher que realmente ame - mas apesar de tudo, sempre foi um grande homem, nunca faltou com respeito a minha pessoa, e sempre foi um ótimo amigo, espero que você o perdoe (sei que deve estar sentindo raiva no momento) ele nunca levou jeito para ser pai, por isso me recusei a ter outro filho, seria pior. Querido, não lhe deixarei sem nada, ele terá que cumprir sua obrigação como pai, deixarei 40% da empresa para você, ele continuara como sócio majoritário, eu sei que você é capaz, e se quiser, ira ter a maior parte da empresa. Eu desejo que você e seu pai sejam muito felizes, ele não foi um bom marido, mas foi um ótimo amigo, e espero que melhore como pai, filho eu te amo, e espero que nunca, jamais esqueça disso!
Com amor, da mamãe, para meu eterno bebê.

Não pude deixar de chorar, mas mesmo assim, não consegui perdoar o Richard. Até hoje guardo essa carta, e vou continuar a guardando.

(...)

Hoje é segunda-feira, não estou com ânimo nem com vontade de ir para a escola, não sei se conseguiria olhar na cara da Rebeca e conversar como à uma semana atrás.

Antes ela era a minha Rebeca, (mesmo sem saber) minha amiga, minha namorada falsa, ela era minha, infelizmente, era.

Como poder esquecer aquela imagem, que me fez tão mal? Isso não se faz, por mais que somos só amigos, mas ela poderia me avisar que estava conhecendo alguém, e quem era.

Já são 7:20, estou esperando dar o horário da aula, não estou afim de ver ela, e ainda ter que conversar com a mesma.

Depois de 20 minutos, estava entrando pelo corredor da escola, que estava vazio, todos os alunos já haviam ido para suas salas, paro em frente a porta da minha sala, respiro fundo e suspiro, abro a porta e fito o professor que para a aula e vem até mim.

-Porque do atraso? -pergunta serio.

-Estava de mudança. -Digo normal, e ele assente, como uma permissão para eu entrar. Vou andando até minha mesa de cabeça baixa e sentei na mesma, não olhei pra Rebeca em nenhum momento.

As aulas foram entediantes, nada de mais, quando o sinal toca, anunciado o início do intervalo, sai depressa da sala.

-Isaac.- escuto Rebeca chamar, apenas a ignoro e continuo andando. -Isaac! -continuo andando.

-Isaac, caramba! -diz puxando o meu braço fazendo eu me virar um pouco. Olho pra cima tentando esquecer o que vi no sábado, mas não consigo, aquilo doía, e ela não imaginava o quanto, olho pra ela sem demonstrar nenhuma expressão. - porque não parou? -pergunta sem entender.

-Não achei necessário, preciso ir agora. - digo me virando e indo pra trás do colégio, ou eu sou frio com ela, ou vou acabar fazendo alguma bobagem.






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