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Falei para a Rebeca dormir aqui essa noite, não queria que ela visse meu.. o Richard, mas esqueci completamente dele quando estava perto dela. Ela me fazia sorrir, o que eu não fazia desde a morte de minha mãe, e é incrível, o jeito como me sinto perto dela, ela me faz sentir coisas. Nenhuma outra mulher me despertou esses sentimentos, é já dormi com muitas mulheres, disse que me arrumava como nerd durante o dia, não a noite.

-Quer ver o quarto? - pergunto ainda a abraçando.

-Quero, mas depois. - diz apertando um pouco mais o abraço, como estávamos deitados, acho que daqui a pouco ela dorme.

-Rebeca, você vai acabar dormindo. -digo rindo.

-Cala a boca, posso mais nem abraçar o meu amigo. -fala irritada, se levantando - vamos - diz bufando.

-Calma irritadinha, depois a gente volta se você quiser, ou dorme aqui. - digo dando um sorriso de lado.

-Idiota. - fala já saindo do quarto.

-Idiota? - Pergunto surpreso - agora você vai ver - e no mesmo momento ela começa correr, corro atrás dela, e é claro que a alcanço. A ergo e ela começa a gargalhar junto comigo.

-Quem é a moça? -ouço uma voz masculina falar próximo a nós. Paro de rir na hora.

-Richard, deixa a gente em paz. Vem Rebeca. - a pego pela mão e a trago de volta pro meu quarto.

Tava com raiva, com muito ódio, ele sempre tem que aparecer nos piores momentos, me sento na cama colocando as mãos no rosto e apoiando os cotovelos nos meus joelhos. Rebeca se aproxima, tira as minhas mãos de minha face, e ergue o meu rosto, viro o rosto pro lado e ela o puxa de novo, e me olha nos olhos não diz nada, ficamos assim por alguns minutos, até ela se ajoelhar e me abraçar.

-Esquece Isaac, ele não fez nada.-diz calma.

-Só a presença dele já me da repulsa, e ele fez sim, muita coisa, o que você acha de culpar uma criança pela morte da mãe? - falo e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, droga, porque eu to chorando? Eu não choro!

Ela aperta mais o abraço e eu o retribuo, não sei por quanto tempo ficamos assim, só sei que me sentia relaxado em seus braços, ela me acalmava, algo difícil de acontecer. Eu não sei no que estava pensando, só deixei o momento me guiar, não queria que aquilo acabasse, ela me fazia se sentir diferente, alguém melhor. Com certeza a melhor amiga que poderia ter.

-Isaac, esquece ele. -diz calma.

-Não dá, toda vez que me lembro dele, sinto raiva, vontade de.. esquece. - digo um pouco alterado.

-Vamos falar de outra coisa, sou péssima com conselhos, até porque passo por uma situação meio parecida com a sua.

-Me conta? - pergunto tentando esquecer.

-Meu pai abandonou minha mãe quando descobriu que ela estava grávida, de mim. -dá um sorriso fraco.

-Sinto muito. -falo gentil.

-Não sinta, ele é um babaca, e agora quer "recuperar o tempo perdido". Foda-se. -fala me fazendo rir.

-Quem diria, Rebeca falando isso. -falo brincando.

-Cala a boca. -ficamos um tempo em silêncio- Preciso de um banho. -diz com cara de desgosto.

-Verdade. -Falo, fazendo ela gargalhar.

-Idiota, eu não trouxe roupa.

-Pega uma roupa minha. - digo normal.

-Vão ficar gigantes - diz como se fosse óbvio.

-Vão nada, prova, tem toalhas no banheiro, escolhe qualquer roupa lá. - digo apontando pro closet.

-Ta. -diz já se levantando, e indo em direção ao closet, depois de um tempo, ela sai com umas roupas dobradas nas mãos. -Já volto. -entra no banheiro.

Fiquei pensando em várias coisas, nada de muito interessante, na verdade, em como a Rebeca conseguia me acalmar com tanta facilidade. Depois de uns vinte minutos ela sai do banheiro, com o cabelo amarrado em um coque mal feito, e com uma camisa que ia até o meio de sua coxa, e segurando uma das minhas calças de moletom pelo cós.

-Meu Deus. -falo gargalhando, e afundo a cabeça nos travesseiros. -Como parar de rir? Você ta horrível. -falo ainda rindo.

-Cala a boca, vou nem usar cobertor, porque né. -diz olhando pras roupas.

-Fica só com a blusa.

-Não -fala auto- que vergonha.

-Para Rebeca - falo indo até ela - me dá as suas mãos. -estico as minhas.

-Não dá.

-Para de besteira. -puxo as mãos dela fazendo a calça cair, e começo gargalhar.

-Para. -diz chateada.

-Eu é quem digo. - a abraço -, idiota, você vai dormir no quarto de hóspedes, não vai?

-Sim -diz fazendo bico.

-Então não tem problemas, viu, simples ne? - saio do abraço e me jogo na cama. - vai ficar ai me olhando?

-Ainda não to com sono. -diz se ajeitando na minha cama e se cobrindo com o cobertor. -Vamos conversar sobre o que?

-Qualquer coisa, muitas amizades novas? - pergunto sorrindo.

-Idiota -me empurra pelo ombro- só tenho você como amigo, sabes disso. -me abraça.

-A gente ta se abraçando muito ultimamente -retribuo o abraço.

-Eu gosto do seu cheiro, por isso to te abraçando tanto. -fala rindo, aproximando ainda mais os nossos corpos.

-Eu também.

-Também o que? Gosta do seu cheiro? - Se faz de desentendida, somente para eu falar.

-Gosto do seu cheiro - falo quase num sussurro, e dou um beijo no topo de sua cabeça. Foi então que percebi que ela já havia dormido.

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