do outro lado da vida

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Cristal

Quando ainda estava conversando com a Judith, senti uma pontada de dor na cabeça enorme, senti uma pressão no peito como se uma mão invisível apertasse meu coração e minha cabeça, vi a hora que a Jud gritou por meu Tio e vieram todos e me puseram no carro, via tudo mais não conseguia falar, ainda dentro do carro senti que adormecia  a  escuridao em meus olhos ficava mais forte e a Bah tentava me acordar, por mais que eu quisesse ficar acordada eu só via a escuridão. Não sei por quanto tempo eu dormi, mais quando acordei, não estava mais no carro, à dor de cabeça tinha desaparecido, não tinha mais aquele aperto no coração que causava aquela dor insuportável. Tentei me levantar e vi que estava leve, não sentia dor nenhuma, sentia uma paz maravilhosa, podia ouvir ao longe uma musica linda, parecia saxofone, essa musica... Parece-me muito familiar, acho que já ouvi alguém canta lá, parece a voz... Parece muito com a voz da minha mãe, é sim!! É a voz da minha mãe. Corro na direção da musica e então.. Eu a vejo, tão linda minha mãe, ela vem andando com um sorriso lindo demais e esta de mãos dadas com alguém, eu conheço esse homem com ela, é meu Tio Luiz, esta um pouco diferente, um pouco mais jovem, menos tatuagens, o rosto também é mais jovem, vou ate eles e abraço forte demais a minha mãe, que saudades que sentia dela! o homem que pensei ser o Luiz, na verdade não é ele, parece muito mas agora posso ver que são diferentes, são parecidos mas não é ele.

_ Mãe !! Mãezinha que saudade de você, porque você foi embora e me deixou sozinha? Eu senti tantas saudades, precisei tanto de você mãe. - Falo e ela me abraça de novo.

_ Também senti sua falta filha, mas nunca sai do seu lado, sempre estivemos aqui seu pai e eu nós estávamos cuidando de você a distancia . -Ela fala e só então percebo que o homem ao lado dela, é o meu pai, fico confusa por um momento mas a felicidade de ver meus pais é tanta, que acho muito natural estarem aqui comigo, minha mãe pega na minha mão, e saímos andando por aqueles jardins tão lindos, uma paz muito grande toma conta de mim ,quando chegamos á um certo ponto do jardim, minha mãe não me deixa passar.

_ Você não pode passar pro outro lado ainda Cristal, ainda tem muita coisa pra você fazer por lá, seu marido e seus filhos ainda precisam muito de você, se passar para o outro lado não conseguira voltar, você tem que lutar para conseguir voltar para eles. - Minha mãe fala e eu não consigo entender o que ela diz.

_ Mais mãe esta muito bom aqui. Uma paz tão grande essa musica que eu gosto muito me deixa tranquila. - Digo e vejo meu pai se aproximar.

_ Filha, venha comigo. - Meu pai diz me pegando pela mão. - Vou te mostrar uma coisa fecha os olhos. - Ele pede eu o faço mesmo não entendendo o porquê. - Isso, agora se concentra na minha voz. Agora abre os olhos. - Faço o que ele me pedi e vejo algumas pessoas que não consigo identificar, elas estão em circulo e parecem orar pedindo por alguém, elas me parecem muito tristes, o que será que houve para deixa-las assim? Vejo um médico vindo, ele fala com um homem que choramuito, sinto vontade de chorar também, pela dor que vejo ele sentir. Aquele homem me parece tão desesperado, porque será que sinto a tristeza dele com tanta intensidade? Não consigo ver onde ele foi, volto ate onde estão as pessoas que oravam, uma senhora ora em um canto com um terço na mão, um rapaz loiro de olhos verdes parece serio, o casal conversa muito mas não consigo ouvir, parece que ela esta sofrendo muito, chego perto dela mas ela não me vê.

_ Ah meu Deus! Cuida da minha amiga. - ela chora -Ela já sofreu muito nessa vida, não permita que ela vá embora assim, traga ela de volta pra nós. - Ela soluça e o marido a abraça.

A dor que eles sentem, faz algo em mim que não sei explicar, sinto que tenho que dizer que estou bem que estou feliz, mas ela não me ouve.

- Venha filha. - Meu pai me leva a outro lugar, onde tem alguém deitado na cama. Ei!! Sou, eu ali deitada, mas como? O que aconteceu? Eu não consigo lembrar, o médico entra acompanhado do homem de antes, ele está chorando muito. Vai ate a cama e começa a falar comigo. Não bem comigo mas com aquela que esta deitada lá, o que esta acontecendo por que estou me vendo?escuto ele dizer.

_ Ágape Mou! Acorda por favor, nosso filhinho é tão lindo, o médico disse que ele vai sobreviver e não posso cuidar dele sem você, e ainda tem Beatriz, meu Deus do céu! Como vou falar para ela que aconteceu isso com a mãe dela? Ela viveu tanto tempo sem você Ágape Mou, ela não vai aguentar te perder, por favor volta pra nós. -Quando ele diz isso algo dentro de mim acorda..

_ Leon!!Estou aqui meu amor eu não vou a lugar nenhum. - Falo mais ele não me ouve, o médico volta e pede pra ele sair porque ele esta alterado e isso não me fará bem, segundos depois ele sai do quarto chorando e vou atrás dele, ele passa por uma sala, entra e lava as mãos e faz assepsia com álcool em gel, depois com a ajuda de uma enfermeira, ele veste uma roupa azul esterilizada e vai andando ate um berçário, tem varias crianças lá, mas ele vai ate uma incubadora, ah meu Deus, aquele ali é o meu filhinho recém nascido, vejo Leon chegar perto e pegar na mãozinha dele, ele é muito pequeno, sinto uma angustia enorme tomar conta de mim, quero pegar meu filho no colo, chego perto, por incrível que pareça, ele abre os olhinhos, e segura meu dedo,vejo quando Leon sai correndo chamando pelo médico. O medico chega e fica surpreso com a reação dele, começo a me desesperar e saio correndo chamando minha mãe e meu pai.

_ Pai!!! Mãe!!! Eu quero sair daqui, quero estar junto a Leon, ele precisa de mim, e Beatriz? Quem será que esta cuidando da minha filha? Com aquela mulher lá fora, é a minha melhor amiga Judith, agora sei que ela chorava por minha causa, preciso voltar pai. - Falo e eles se olham e sorriem.

_ Você só precisava querer Cristal, venha conosco. - Ela me pega pela mão e vamos andando pelos corredores do hospital, ate chegarmos onde estou deitada ligada as máquinas e tubos, minha mãe me da um abraço apertado e depois meu pai faz o mesmo.

_ Cristal, foi muito bom estar com você, nem que seja por tão pouco tempo, cuide bem dos meus netinhos. E lembre se Cristal, os inimigos ainda não estão todos domados. - Minha mãe diz e sai pela porta e eu tenho a sensação que não os verei tão cedo.

Chego perto do meu corpo e coloco me sentada na cama, sobre o meu corpo, de repente as maquinas começam a apitar loucamente e eu abro meus olhos confusa, uma loucura começa a se formar, enfermeiras correndo médicos chegando, meu tio, Gabriel e Bah na janela olhando pelo vidro e de repente Leon entra, com uma roupa azul.

_ Ágape Mou! Você acordou minha vida. - Ele chora e sorri ao mesmo tempo. - Nosso filhinho é lindo Cristal, e ele vai ficar bem, vocês dois vão ficar bem, eu sou o homem mais feliz do mundo. - Ele diz e eu dou um sorriso fraco para ele.

_ Eu quero ver ele, Leon preciso ver o meu menino, por favor, quero ver ele. - Falo agitada, e os aparelhos começam a apitar, vem uma enfermeira e fala que tenho que me acalmar acabei de acorda de uma cesaria complicada, onde os médicos não tinham a certeza que eu iria sobreviver, ela avisa que Leon não pode ficar comigo, e começo a desesperar, não quero que ele saia.

_ Calma Ágape Mou, você não pode se alterar, fique calma vou avisar Bah, Gabriel e Luiz que você está bem, Judith não poderei avisar porque acabou de ter as gêmeas. Descanse um pouco para poder vê o nosso filho. - Leon diz e sai, o medico entra e faz alguns exames, é diz que minha pressão esta um pouco alta, que me dará um calmante para eu descansar e que depois poderei ir para um quarto e ver o meu filho.

A enfermeira aplica algo no soro que esta em meu braço, e vou fechando meus olhos aos poucos, entrando num sono. Começo a sonhar com meus pais, eles estão num lugar lindo nós conversamos, sinto uma paz sem igual, é bom estár com eles.

DOMANDO O INIMIGOOnde histórias criam vida. Descubra agora