Capítulo 01

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• Marília

Acordo animada. Hoje vou novamente na Workshow e estou confiante! Fiz mais algumas músicas com o Tchula como foi pedido, e vou mostrar para o pessoal da gravadora.
Me espreguiço na cama, e assim que coloco meu pés no chão, respiro fundo...

- É hoje Marília! - digo radiante pra mim mesma.

- É hoje o que menina? - minha mãe me assusta ao perguntar.

- É hoje que tudo vai mudar, mãe. - respondo à ela, sem tirar meu sorriso do rosto.

- Confirmaram alguma coisa?

Não. Pior que não. Estou indo mais uma vez, sem certeza de nada, só com uma sensação diferente, que não consigo explicar. Uma sensação de que algo muito bom vai acontecer...

- Não mãe... Só vou mostrar mais algumas músicas que fiz com o Tchula.

- Já que não é a primeira vez, por que toda essa animação? - questiona sorrindo, de um jeito desconfiado.

- Nem eu sei mãezinha, só sinto que algo bom vai acontecer! Não sei o quê, mas vai.

Dona Ruth com o sorriso largo no rosto -assim como o meu- se senta ao meu lado, e como um sussurro diz:

- Também sinto o mesmo. Boa sorte, meu amor.

Respiro fundo pela milésima vez, encarando a faixada da work na minha frente.

- Qual é Marília, não é a sua primeira vez aqui, por quê tá tão nervosa????? - me pergunto, apertando os dedos de tamanho nervosismo.

Enfim decido entrar, e já na porta sou recebida pela mesma recepcionista que me atendeu todas as últimas vezes em que estive aqui.

- Bom dia. - ela diz, com um sorriso.

- Bom dia! Cá estou eu de novo... - tento parecer engraçada, mostrando a pasta com as composições que carrego na mão.

- Ah sim! Bom, o senhor Wander ainda não chegou, mas se quiser esperá-lo...

- Claro! Posso?

- Pode sim. Vem comigo? - então a sigo até um lugar que nunca tinha visto antes.

Observo tudo. Realmente, nunca estive aqui. É uma sala bastante aconchegante, com um sofá, alguns pufes espalhados, uma imensa tv e...espera! Pessoas??

- Pode aguardar aqui, assim que ele chegar eu venho avisar.

Olho pra ela.

- Tá bom, mas...é...aquelas pessoas...tudo bem mesmo ficar aqui? - pergunto com total receio.

- Não se preocupe! São todos daqui...aliás! Pode se juntar a eles se quiser!

Não!

- Não! Quer dizer... não precisa! Sou bastante tímida... - e sorrio, da forma mais sem graça de todas.

- Tudo bem então, vou voltar para a recepção, qualquer coisa é só me chamar. - finaliza.

Me encontro totalmente sem rumo. Não sei o que fazer, não sei pra onde olhar...

- Oi! - alguém atrás de mim fala em tom animado.

Me viro rapidamente para o dono da voz e me perco em olhos profundos de noite estrelada. Uma sensação de familiaridade me invade, será que já havíamos nos visto antes? Acho difícil, como não lembrar de um homem daqueles? Tentei falar, mas a voz não saía. Culpa da timidez e daqueles olhos desconcertantes.

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