Capítulo 02

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Chegamos no bar. Era um lugar simples, com mesinhas na parte de fora que permitiam uma vista do pouco movimento da rua. Sentamos e Juliano entrou para pegar as bebidas. Henrique logo acendeu um cigarro. Ele percebeu que eu o observava.

- Você quer um ? - e me ofereceu o maço que segurava.

- Hum...ainda não, obrigada. - eu disse.

- Faz bem em não querer! - ele piscou pra mim, com um sorriso no canto dos lábios.

Juliano voltou com três copos e um litrão de cerveja. Me serviu primeiro, em seguida ao irmão e à ele. Brindamos.

- Às futuras parcerias! - Henrique disse, fixando os olhos nos meus.

Sustentei seu olhar, erguendo discretamente as sobrancelhas. Esse jogo dois podem jogar.

- Mano, se a Mayara te vê fumando desse jeito, ela te mata. - Juliano disse, após tomarmos um gole da cerveja.

Henrique fechou a cara. Olhou para o irmão muito sério, mas não se pronunciou. Quem seria Mayara ? Juliano leu minha expressão de dúvida na hora.

- Você sabe como são essas namoradas né Marília ?! - disse, se virando pra mim.

Namorada ????? Como assim ? Minha cara de decepção não poderia ser mais óbvia. Será que todo aquele charme era coisa da minha cabeça ? Lógico que tínhamos criado uma ligação instantânea, mas podia realmente ser coisa de irmão. Talvez ele só me visse assim. Eu só sei que eu não via. Vi que Juliano me observava, tentei disfarçar.

- Ah se fosse meu namorado, eu não ia ligar não. Cada um faz o que quer da vida. - eu afirmei, tentando mostrar indiferença.

- Eu também acho que tem que ser assim. Minha namorada não liga. - Juliano disse, sorrindo orgulhoso.

Voltei meus olhos para Henrique. Ele estava de cabeça baixa, observando um detalhe aparentemente muito interessante no chão.

- Você namora ? - Juliano perguntou, distraído.

Henrique voltou seus olhos imediatamente para mim e me flagrou encarando-o. Ambos desviamos o olhar, corando.

- É...no momento não. Sou muito namoradeira, então nunca se sabe. - eu disse, em tom de provocação.

- Pra escrever umas letras daquelas com esse idade, tem ser mesmo! - Juliano disse, rindo.

- Aquilo foi tudo resultado de chifre, não dei muita sorte no amor até hoje. Acho que meu cupido anda trabalhando como gari. - eu brinquei.

- Ninguém que te merecia, aposto. Uma menina linda dessas...eu não trairia nunca! - Henrique falou de repente, se exaltando um pouco.

Juliano olhou para ele com uma cara de espanto.

- Calma mano, tenho certeza que ela vai achar alguém legal uma hora. - ele disse, afetuosamente.

Sorri para ele com carinho.

- É, acho que sim. - Henrique falou baixinho, ainda sério.

Voltamos a falar sobre música. Logo o ambiente ficou descontraído novamente e eu até esqueci toda aquela história de namoro. Não podia ficar brava ou cobrar algo do Henrique, de forma alguma. Além disso, ele era tão lindo, dava pra ficar brava com aqueles olhos, aquele sorriso ? Eu não consegui. Juliano me pegou duas ou três vezes observando seu irmão e apenas ria da situação. Eu já nem conseguia disfarçar mais, mas olhar não tira pedaço de ninguém. Queria manter gravado seus detalhes em minha mente, porque pelo menos nos sonhos poderíamos estar juntos.

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