Capítulo 38

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Henrique era a pessoa mais insistente que eu conhecia. Não contente com nossa conversa, ele apareceu em casa para garantir que estava tudo bem. O que ele não sabia era que esses nossos encontros mexiam demais comigo. Decidi que não iria mesmo para a casa de praia no ano novo. Passar esses dias perto dele, com ou sem Vanessa, seria tortura demais. Tchula ainda tentou me fazer mudar de ideia.

- Poxa, mana. Vamos aê, por mim. Se não vou ser o único sem um par lá.

- Não vou ser seu par não, tá doido ?

- Eu sei, besta. Mas pelo menos você ia estar sozinha igual eu.

-Ah, muito obrigada por me lembrar disso. Agora que me deu uma vontade louca de ir. - eu falei, irônica.

- Mas o Henrique disse que não vai levar a namorada, talvez seja verdade.

- Mas talvez não seja e eu não vou correr o risco de dar de cara com ela lá depois do que aconteceu.

- A gente fica cochichando e olhando pra cara dela, vai ser divertido. - Tchula tinha mania de pegar minhas implicâncias para si.

Eu ri. Até que não era má ideia.

- Adoraria. Mas aí que ela vai ter mais motivos pra não gostar de mim.

- Que se dane, ué. O Henrique gosta e ponto final.

- É, mas é com ela que ele está. E, apesar de tomar o meu lado naquela discussão, eles continuam juntos. Ele parece gostar dela de verdade. - eu senti uma tristeza profunda ao dizer aquilo. - Tenho medo dele se afastar de mim por causa dela.

- Ele não faria isso, o mano te ama.

- Ele está mudado, não sei mais de nada.

- Ele mudou, mas continua o mesmo com você.

- É, pelo menos isso.

- Então, que horas eu passo aí amanhã ? - ele arriscou.

- Eu não vou, Tchula. Já decidi. Aproveita lá por mim e manda notícias.

Ele suspirou, rendido.

- Tá, né... Você vai fazer falta. Te ligo de lá pra contar as novidades. Te amo, mana. Se cuida e não é pra ficar na cama no dia da virada, sai pra fazer alguma coisa.

- Tá bom, eu vou sair. Se cuida você também, boa viagem.

Desliguei com um aperto no coração. Eu estava me privando de férias maravilhosas com meus amigos, aqueles dias seriam difíceis de aguentar.

Na noite seguinte, como era de se esperar, Henrique percebeu que eu não pretendia ir e me ligou para cobrar a presença.

- Boa noite, Dona Marília Mendonça.

- Boa noite, senhor Ricelly Henrique.

- O Tchula acabou de chegar aqui, sabia ?

- Olha só, bom saber que ele fez uma boa viagem.

- Cê é muito cara de pau, né ? Me prometeu que vinha.

- Não prometi nada.

- Tudo bem. Você tá bem ? Vai dormir em casa hoje ?

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