— Você não acha um pouco demais o que aconteceu hoje ? — Yugnir falou bastante irritado do outro lado da linha.
Havia me afastado de todos para atendê-lo, justamente tentando evitar algum tipo de confusão. Mas aparentemente ele já vira os vídeos que vazaram da minha brincadeira com Henrique no quarto de hotel.
— Foi só uma brincadeira entre amigos. Não vi nada de absurdo, sinceramente.
— Você estava bêbada no meio de um bando de homens. Tem ideia de como isso me faz parecer ?
— Não era você lá, não entendo como isso pode afetar a SUA imagem. — eu falei, irônica.
— Marília, pára de infantilidade. Eu sou seu namorado. As pessoas já adoram falar de você com o Henrique, e parece que vocês adoram dar motivos.
— Não estamos dando motivo para nada. Sempre fomos assim, próximos. A única diferença é que, com a fama, ganhamos uma visibilidade muito maior em tudo que fazemos.
— Vocês eram próximos porque você estava solteira. Agora é diferente, você está comigo.
— Eu odeio que fiquem tentando me controlar.
— E eu odeio que me façam de idiota. — ele alterou a voz um pouco.
— Olha, eu não quero brigar. Essa ligação não está indo para um bom caminho. Acho bom você esfriar a cabeça. Eu tenho um show pra fazer, depois conversamos. — desliguei sem dar a ele uma chance de resposta.
Quando voltei para a roda de amigos, todos perceberam que minha expressão tinha se tornado bastante séria. Eu estava realmente chateada. Gostava do Yugnir, ele me fazia sentir segura, mas essas crises de ciúme me faziam questionar nosso relacionamento. E eu queria mais é continuar bebendo, ninguém ia me dizer o que fazer ou com quem fazer, nunca tinha sido assim.
Henrique, tentando me animar, me puxou para dançar com seu jeitinho meio desengonçado. Se tinha uma coisa que ele sempre conseguia, era tirar um sorriso meu, mesmo nos piores momentos. Ele era o único que conseguia isso.
Eu já estava bem descontraída com aqueles nossos passos ensaiados quando uma música lenta começou a tocar. Senti meu corpo enrijecer instantaneamente, lembrando dos episódios de música lenta que já tivemos. Zé insistiu para que continuássemos dançando e nós dois sabíamos que queríamos. Henrique apenas me olhou, estendendo sua mão como um convite. E minha mão foi de encontro à sua automaticamente.
Nossos corpos já balançavam colados de um lado para o outro num ritmo suave. Mas quando pude prestar atenção na letra da música, percebi que tinha muito mais a ver conosco do que eu gostaria. Henrique também percebeu e fez questão de deixar isso bem claro para mim. Talvez meu namorado não estivesse tão errado afinal, eu não conseguia me controlar perto do Henrique. Estava ficando mais difícil conforme a música narrava exatamente o que aconteceu com a nossa história. E conforme Henrique aproximava seus lábios do meu ouvido e sussurrava palavras desconcertantes. Aquilo estava me sufocando, eu não sabia o que fazer. Precisei sair dali o mais rápido que pude, ninguém entendeu nada.
Saí pela porta do camarim e fui atrás da janela mais próxima, inspirando o ar o mais fundo que consegui repetidas vezes quando cheguei lá. Tanto tempo havia se passado e o sentimento por ele ainda continuava o mesmo. A mesma intensidade, a mesma devoção, tudo estava ali como há 5 anos atrás quando nos conhecemos. Esse fantasma nunca iria embora da minha vida ?
— Mana ? — ouvi o Tchula chamar, receoso, às minhas costas.
— Oi. — eu me virei, tentando disfarçar meu desespero.
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Impasse
FanfictionE quando tudo ao seu redor te impede de viver o amor. E quando você pensa que vai dar certo e dá errado. E quando você luta, desiste, luta de novo, desiste mais uma vez pois não sabe se esse amor é pra ser vivido ou não. E quando o amor é recíproco...