Capítulo 51

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Aos poucos eu sentia que minha relação com os meninos, Henrique principalmente, estava se ajeitando. Depois de tudo o que aconteceu, eu não podia esperar que a nossa amizade voltasse da noite para o dia. Mas posso dizer que tudo caminhava para isso. Voltamos a cantar juntos em shows e a conversar mais frequentemente. Yugnir continuava sentindo muito ciúme e o ambiente incorporava uma nuvem negra toda vez que eles se viam, mas eu tentava administrar tudo da melhor forma possível.

Depois do nosso encontro na fazenda, eu me pegava pensando no Henrique muito mais frequentemente do que deveria. Mas com a agenda de shows lotada e a proximidade do meu novo DVD, era difícil arrumar tempo para ajeitar a vida pessoal. Yugnir estava ali do meu lado sempre e isso era uma fortaleza para o momento que eu estava vivendo. Eu precisava ter alguém comigo e Henrique seria a última pessoa que poderia me oferecer isso.

Com esse pensamento, consegui aquietar um pouco meu coração. Mas quando o show que faríamos em Boston juntos se aproximava, comecei a sentir a ansiedade tomando conta de mim novamente. Algo sobre estar em outro país, em uma viagem romântica, me fazia pensar incessantemente e apenas em como seria se estivéssemos ali realmente juntos como um casal. Sempre planejamos algo assim e nunca tivemos a chance de realizar, o que se tornara uma frustração pessoal.

Quando o dia chegou, eu era só sorrisos pensando na minha primeira experiência internacional e em rever os meninos logo menos. Tchula não nos acompanharia na viagem e eu estaria lá sozinha, tendo que lidar com toda essa confusão de sentimentos. Yugnir como sempre iria me acompanhar mais uma vez. Nos divertimos no vôo, no qual decidimos ir apenas nós dois, e eu estava feliz por ele estar ao meu lado. Mas ainda faltava alguma coisa que eu não sabia dizer exatamente o que era.

Chegamos alguns dias antes do show em Boston, onde eu recebi informações de que Henrique e o irmão passeavam por Nova Iorque e nos encontrariam depois. Se eu estivesse sozinha, talvez estivesse com eles, mas não era o caso. E apesar dos muitos rumores que haviam se espalhado sobre Henrique estar novamente solteiro, Vanessa foi a primeira pessoa que eu encontrei na recepção do hotel.

Yugnir e eu voltávamos do restaurante onde havíamos acabado de jantar e eu a avistei de longe, aguardando apenas na companhia de diversas malas. Ela parecia extremamente entediada e observava o atendente que falava nervoso ao telefone com um sotaque engraçado, tentando acalmar um hóspede. Eu aproveitei a sua distração para passar discretamente por ali, não querendo ser notada. Não éramos muito chegadas, mas como a pessoa educada que minha mãe acreditava que eu era, me sentia na obrigação de cumprimenta-la caso ela me visse. Para minha sorte, o atendente falava tão alto que conseguimos chegar despercebidos até o elevador.

— Não era a namorada do Henrique ali sentada ? — Yugnir perguntou assim que as portas se fecharam.

— Hã ? Era ? Não reparei. — eu me fiz de desentendida enquanto apertava o botão para o nosso andar.

— O nosso é o décimo e não o sétimo. — ele falou, apertando o número 10 com impaciência. — Não pareceu que você não viu, estava olhando direto pra ela.

— Estava ouvindo a gritaria que o recepcionista estava fazendo. — eu senti um alívio por ter algo que pudesse ser um álibi para meus pensamentos.

— Hum. — ele bufou, emburrado. — Esses americanos são loucos. — sua cisma pareceu escolher outra vítima, afinal.

Quando chegamos no quarto, Yugnir decidiu tomar um banho. Eu liguei a televisão e comecei a passar pelos canais em modo automático, sem prestar a menor atenção no que estava fazendo. Meus pensamentos se resumiam em imaginar que Henrique estava finalmente ali, a alguns andares de mim. Eu queria tanto vê-lo, que cogitei arrumar qualquer desculpa sobre o show para bater em seu quarto. Mas ela estaria lá, não poderíamos conversar como eu gostaria. De repente ouvi um grito do banheiro:

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