Capítulo 40

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Não sei direito como cheguei em casa depois de tudo aquilo, passei horas no aeroporto tentando conseguir um vôo de volta, me odiando por ter ido até lá pra começar. Henrique, Juliano, Tchula, Maraísa, todos me ligaram várias vezes nesse meio tempo. Quando eu já não aguentava mais o tédio de estar sozinha ali no portão de embarque, sem nada pra fazer, decidi finalmente atender.

- Onde você tá, Marília ? Já são 10 da noite, tá todo mundo desesperado aqui atrás de você, o que aconteceu ? - Tchula falava muito rápido e bravo, coisa difícil de acontecer.

- Tá tudo bem, eu tô bem. Se acalma.

- Como se acalma ?! Você some, suas coisas somem, você não avisa ninguém, tá ficando doida ?

- Tchula, se você não se acalmar, eu não vou poder falar nada do que aconteceu.

- Me dá aqui, cara. - eu ouvi uma voz do outro lado e alguém pegando o celular. - Oi, maninha. - a voz calma do Juliano me deu um alívio no peito.

- Oi, Ju. Que bom ouvir sua voz.

- A galera tá meio nervosa, mas é que a gente ficou preocupado com você.

- Me desculpa. Eu precisava ir embora.

- Quer me contar o que aconteceu ? Eu me afastei do pessoal aqui.

- Preciso mesmo ?

- O Henrique não tá facilitando né ? - ele respirou fundo, sabia exatamente do que eu estava falando.

- Eu não quero mais, mano. Não quero nunca mais sentir essa dor dentro de mim por causa dele. Não deu certo, preciso aceitar e seguir em frente.

- Eu te entendo. Queria poder ajudar em alguma coisa.

- Você é um anjo Ju, de verdade. Mas não tem mais o que ser feito.

- Mas pelo menos volta pra dormir aqui hoje, amanhã eu te levo embora. A Mohana já tava querendo ir mesmo.

- Não precisa, já comprei a passagem, estou quase embarcando. Muito obrigada por se preocupar comigo.

- Deixa eu falar, Juliano ! - a voz de Henrique ecoou do outro lado.

- Não, Henrique. Agora não. - Juliano falou paciente, mas firme.

- É melhor eu desligar, já estão começando a fazer fila aqui pra embarcar. - eu menti.

- Tudo bem, mana. Se cuida e qualquer coisa que precisar, me liga. Avisa quando chegar em casa, por favor.

- Eu aviso. Obrigada por tudo. Um beijo.

Depois de uma eternidade viajando, finalmente consegui chegar em casa. Eu estava cansada, mas não conseguia pregar os olhos. A imagem do Henrique feliz ao lado da Vanessa não parava de vir a minha mente, seu futuro juntos, era com ela que ele queria viver dali pra frente. E eu devia achar alguém pra fazer o mesmo. Já tinha deixado um cara legal como o Rodolfo passar, não podia mais repetir esse erro.

Passei os dias que se seguiram com esse pensamento firme na cabeça. Estava disposta a conhecer novas pessoas, novos beijos, abraços, em busca de alguém que mexesse comigo e fizesse meu coração bater acelerado novamente. Henrique ia e voltava dos meus pensamentos todo o tempo, fazendo com que eu brigasse comigo mesma sempre que isso acontecia. Sabia que não seria fácil, mas esperava que, conforme o tempo passasse, essa frequência diminuísse.

Eu acordei cedo numa manhã chuvosa daquela semana, o barulho do vento não me deixou dormir até mais tarde. Quando estava terminando de escovar os dentes, minha mãe bateu na porta do quarto.

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