Capítulo 10

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Depois daquele almoço com a Marília, acho que foi o dia mais tenso da minha vida, resolvi refletir sobre as minhas atitudes afinal, eu ainda tinha uma namorada e precisava respeitá-la pelo menos. Por mais que fosse difícil e complicado, tive que deixar muitas coisas de lado pra tentar manter minha sanidade. Os dias foram passando e eu sempre estava no escritório e com isso sempre encontrava a Marília por lá. Era muito difícil ter que encontrá-la e fingir que nada havia acontecido. Não que realmente tivesse acontecido mas pelo menos, aqui dentro de mim eu sabia que algo estava diferente e, eu só sentia isso quando a via. Por várias vezes tive que me controlar. Não estava sendo fácil pra mim ter que tratá-la mais formalmente. Me sentia obrigado a fazer isso quando minha vontade era fazer bem mais que apenas vê-la e abraçá-la. Fiquei sabendo que ela estava saindo com outras pessoas e isso me deixava muito irritado. Por sorte, eu ainda não havia visto ela com ninguém porque se eu visse, juro que não sei do que seria capaz. Acho que não iria suportar.

O DVD ficou pronto e o pessoal do escritório resolveu fazer uma festa de lançamento. Seria na "House" do Pepato. Ao menos uma diversão dentre tanta tensão que eu estava passando. Fui com meu irmão, minha cunhada, minha mãe e a Mayara. Assim que chegamos fui cumprimentar meus parceiros, e pra minha surpresa, ainda não havia encontrado a Marília ali. Conversei com alguns amigos enquanto meu irmão e as meninas iam falar com o restante do pessoal. Assim que avistei a Marília fui em sua direção, cheguei de surpresa lhe dei um abraço e um beijo rápido no ouvido. Nossa, que cheiro gostoso que vinha dela. Ela ficou meio sem graça, e se soltou do meu abraço. Então fui comprimetar o resto do pessoal. Voltei para onde ela estava e puxei-a pra mais perto de mim. Eu tava gostando da festa e aí meu irmão me chamou dizendo que queria conversar. Não dei muita importância então ele veio na minha direção e me puxou do abraço com a Marília pra um canto.

- Mano, cê tá louco??? Bebeu ou o quê??? - Meu irmão fala irritado.

- O que foi mano? Não tô fazendo nada. Eu respondi.

- Mano, você chegou e comprimentou a Marília daquele jeito. O que acha que a Mayara pensou? O que acha que todo mundo pensou? Na boa, você tá vacilando feio véi. Precisa resolver sua vida. Tá se complicando demais. Não sei qual é a sua com a Marília mas a Mayara não tem culpa então, trate de resolver isso o quanto antes.

- Tá bom mano. Sinceramente, não achei nada de mais o que eu fiz mas se você diz, vou me controlar ok.

- Acho bom. Você parece que não pensa direito quando tá perto da Marília, nunca vi. Tô de olho viu. - Meu irmão diz isso e vai embora.

Nossa, me senti mal pela Mayara. Mas sinceramente, fiquei mais preocupado com o que a Marília estava pensando naquele momento. Saí pra procurá-la, a avistei sozinha em um canto e fui até ela. Senti que lhe devia uma explicação. Falei pra ela o motivo de ter levado a Mayara pra festa. Que o meu irmão achou estranho o meu jeito com ela na frente de todos. Mas ela foi meio ríspida e disse pra eu não me preocupar. Mas eu me importava demais afinal, ela era muito importante pra mim e eu deixei isso bem claro pra ela naquele momento.

Somos interrompidos na conversa por um rapaz nada agradável. Ele trazia uma bebida pra Marília e eu não gostei nem um pouco. Perguntei logo quem dela quem era e ela responde que acabara de conhecê-lo. Chama ele pra dançar e me deixa sozinho. O que ela tava pensando? Fui atrás dela tirar satisfação. Entrei na roda de dança, puxei ela pra fora e fui logo perguntando em um tom irritado quem era aquele cara. Ela respondeu e mesmo assim eu não estava gostando. Não gostei do jeito dele e muito menos do jeito que ele olhou pra ela, falei. Mas ela me tranquiliza dizendo que não é nada. Até que começa a tocar uma música muito agradável e eu rapidamente lembro do nosso almoço, da nossa última dança. Não me contive e puxei a Marília pra dançar. Fui deixando a música me levar naquele momento. Cada vez me aproximando mais do seu rosto, da sua boca. Estava difícil resistir a isso. E ela também foi se entregando, se envolvendo. Estávamos de novo só nós em nosso mundo. Até que sinto alguém interromper aquele momento. Quando olho é meu irmão com uma expressão muito séria. E mais uma vez ele me dá uma bronca e eu fico sem saber o que fazer. Droga, estraguei tudo de novo.

Saí pra procurar a Mayara. A encontrei em um canto conversando com a Mohana. Pedi licença e disse que precisava conversar com ela a sós.

- Tá tudo bem? Perguntei.

- Não Henrique. Não sei o que tá acontecendo com você. Ultimamente a gente quase não se vê mais. Você mal fala comigo quando está viajando. E pra completar desde que você conheceu a Marília mudou muito comigo. Vocês estão tendo um caso?

Não esperava por essa pergunta.

- Não Mayara. De onde tirou essa idéia?

- É que quando você está perto da Marília, você fica diferente. O jeito que você trata ela é diferente. O jeito que você olha pra ela é diferente. Eu sei que você diz que vocês são amigos, quase irmãos, mas eu sinceramente nunca vi nem um irmão tratar uma irmã como você trata ela. E eu não tô gostando disso. Olha, eu amo você, de verdade mas não sinto mais o mesmo da sua parte. Você ainda me ama? Ela pergunta chorando.

Fiquei perdido. Não sabia o que dizer. As palavras fugiram de mim nesse momento. A única coisa que consegui fazer foi abraçá-la bem forte e lhe dar um beijo na testa. Depois de um certo tempo respondo que sim. O peso daquelas palavras ressoava em minha cabeça. Eu não acredito que disse isso. Nem sabia se era realmente verdade. Estava tudo tão confuso. Me sentia mal por mim, pela Mayara, por toda aquela situação. Eu ainda gostava sim dela, mas não era mais como antes. Fiquei abraçado um tempo com ela tentando esconder que estava distante em meus pensamentos. Após um tempo a Mayara pede pra ir embora mas eu digo que ainda tenho alguns assuntos pra resolver. Mesmo sendo uma festa, as vezes acontece alguma coisa. Então ela fala que vai embora com minha mãe e eu digo que tudo bem. Depois vou encontrá-la pra conversarmos melhor. Me despeço dela e vou procurar a Marília.

Encontrei ela no maior papo com aquele cara. De novo não, eu pensei. Fui até lá tomar satisfação novamente. Chamei ela pra conversar. Ela se levanta e vamos pra um lugar mais vazio. Fui logo questionando o por que de ela estar dando mole pra aquele cara. Um cara que ela mal conhecia. Não estava aguentando de tanta raiva e acabei falando besteira. Ela ficou muito irritada e me deu uma resposta que eu acabei merecendo. Aquilo estava tomando conta de mim, não era mais eu, era o ciúme falando. Eu a segurei pelos braços e disse que ela não ia sair dali com aquele cara de jeito nenhum. Percebi que ela estava muito chateada e mesmo assim ela respondeu com muita grosseria. Isso não ia acabar bem. Cheguei no meu limite, explodo de vez. Falei que ela era fácil. Ela grita comigo perdendo a razão. Mas eu não consegui me conter. Falei besteira demais. Ela fica aos prantos e sai dali o mais depressa possível. O que eu fiz? Todos me olhando incrédulos. Eu estava com muita raiva.

Resolvi ir embora. Peguei umas cervejas antes de sair e levei pro carro. Chegando em casa por sorte não encontrei ninguém. Não estava nem um pouco afim de conversar. Subi pro meu quarto e continuei bebendo. Não parava de pensar na discussão que tive com a Marília. Eu fui um idiota e ela estava sendo burra por dar moral pra um cara que mal conhecia. Eu não aceitava aquilo. Não queria ela com ninguém. Ela era minha e eu tinha que protegê-la. Sim, eu te amo Marília Mendonça, eu te amo. Comecei a dizer isso em voz alta e tentei levantar decidido a ir atrás dela. Mas o álcool havia tomado conta do meu corpo. A tontura veio e eu acabei dormindo ali mesmo.

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