Capítulo 43

1.2K 56 0
                                    

Acabei amanhecendo no jardim. Resolvi ir pro quarto e me deitar. Estava distraído em meus pensamentos quando ouço o celular tocar. Era ela. Ligando pra me questionar pelo meu comportamento no camarim. Não deu pra controlar. Tive ciúme sim. Conversamos, discutimos e finalmente chegamos a um consenso. A Marília tinha razão. Ela resolveu seguir em frente e eu tinha que respeitar isso mesmo contra minha vontade. Estava tão cego de ciúme que esqueci até do meu relacionamento. Algo pelo qual eu havia decidido lutar. Vou me esforçar. Acho que agora é tarde pra voltar atrás. Não posso exigir algo da Marília que não fiz por ela. Por mais que eu soubesse que ela ainda sentia algo por mim. Eu tinha que deixar ela em paz. No final da ligação eu só consegui dizer um "eu te amo". E ouvir um eu também. Nem sabia qual era a intensidade daquelas palavras vindo dela. Pelo menos da minha parte era verdadeiro. E depois do que houve hoje eu percebi que sempre vai ser.

Passaram alguns meses. Minha relação com a Marília se tornou sólida amigavelmente. Matinhamos contato mas não tão frequente. Os festejas eram praticamente os únicos eventos que faziam com que nos encontrassemos. Por sorte o namorado dela não ia. O que de certa forma, fazia que a gente tivesse uma pouco mais de contato um com o outro. Era uma sexta, havíamos acabado de nos apresentar no festeja Boa Vista e seguiriamos pra Manaus na madrugada. Estávamos viajando no jatinho da dupla e como estávamos todos bebendo, resolvi convidar a Marília e o Tchula pra viajarem conosco. Chegamos em Manaus pela manhã. Alguns fãs nos aguardavam no aeroporto. Tiramos algumas fotos e seguimos pro hotel.

Decidimos continuar a farra lá mesmo. Eu não estava nem um pouco afim de descansar e o resto da turma pelo visto também não. Fomos todos pro quarto da Marília e continuamos a beber lá. Eu já estava um pouco alterado por conta da bebida então resolvi fazer uma aposta com ela. E não é que ganhei. Meu prêmio seria cortar a calça que ela estava usando. Eu sabia que tinha sido dada de presente pelo seu namorado então achei até justo. Acabamos nos empolgando com isso e ela ainda conseguiu reverter a situação e cortar minha bermuda como vingança. Quando nos demos conta, o pessoal havia se recolhido e restou apenas nós dois ali. Resolvi ir embora pra não tornar aquela situação mais tensa. Nos tornamos amigos sim, eu respeitava o relacionamento dela, mas não sei se conseguiria me segurar com apenas nós dois juntos, ainda mais em um quarto de hotel.

Quando me levantei pra caminhar no rumo da porta, percebi que havia bebido demais. Cambaleei um pouco. Marília resolveu me ajudar, mas estava tão bêbada quanto eu. Mesmo assim ela se esforçou e eu também. Já que estava bêbado mesmo, aproveitei pra fazer uma gracinha com ela. Lhe roubei um beijo. Apenas um selinho demorado e saí rumo ao corredor pulando alegre. Cheguei no quarto e me joguei na cama finalmente dormindo.

Acordei com alguém batendo na porta, avisando que eu precisava me arrumar. Levantei contra minha vontade e fui abrir a porta. Era o Emil.

- E aí cara. Se empolgou demais hein.

- E aí mano. Nem me fale. Tô quebradaço.

- Também. Você já tava alterado e ainda foi fazer aquela aposta com a Marília. Sabe que ela é cachaceira né. Eu tô chocado até agora que ela perdeu pra você. Ele disse rindo.

- Ah. Eu precisava ganhar aquela aposta. Então me esforcei um pouco pra isso.

- Sei. Vocês dois hein. Vai logo se arrumar que já tá quase na hora de irmos. Emil falando seguindo pra porta.

- Beleza mano. Vou tomar um banho e daqui a pouco eu desço.

Quando saí do quarto dei de cara com a Marília.

- Pronta pra mais um show? Perguntei

- Pronta.

- Vem, vamos descer.
Puxei ela pra perto, coloquei o braço em seus ombros, dei um beijo em sua bochecha e descemos juntos. Entramos na van e seguimos pro local do show. Assim que chegamos fomos pro camarim da Marília. Começamos a beber novamente. Estavam todos animados. O primeiro show era do Dorgival. Resolvemos ficar no camarim conversando. Até que vejo a Marília se afastar pra atender o celular. Fiquei observando ela e percebi que ela estava ficando nervosa. Deve ser o namorado, pensei. Após um tempo ela voltou séria pra onde estávamos. Sentei ao seu lado e perguntei

ImpasseOnde histórias criam vida. Descubra agora