Capítulo 22

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Depois de finalizar a gravação do DVD, retornei para Goiânia animada e ansiosa. Ainda levaria um tempo para ele estar disponível por inteiro, mas algumas músicas seriam lançadas previamente. Não pude acompanhar os meninos nos shows daquela semana e já me via sentindo uma falta imensa do Henrique. Meu aniversário estava próximo. Será que ele daria um jeito de me ver ? A agenda de shows estava cada vez mais ocupada e eu sabia que não podia cobrar sua presença, mas gostaria de ter ele ao meu lado.

Era uma noite de sexta-feira muito monótona e eu estava assistindo um filme na televisão. Quando o casal finalmente resolveu suas diferenças, meu coração reclamou. Decidi ligar para o Henrique, estava carente.

- Oi linda ! - ele atendeu animado.

- Oi, meu amor. Bateu saudade. - eu falei, com uma voz manhosa.

- Mulhé num faz isso comigo não. Coração chega dói de saudade docê. - ele falou, choroso.

- Quando você volta ?

- Não sei, linda. Domingo acabam os shows e nós vamos direto pra Palmas ver meus pais, que já estão reclamando da saudade.

- Imagino. Dona Maria já ligou até pra mim pra saber de você, se tava comendo direito. Mal sabe ela que isso é o que você faz de melhor.

Ele riu.

- Tem que continuar um gordinho gostoso, as fãs piram.

O pior é que era verdade. As meninas amavam as saliências do Henrique. E eu também.

- Metido.

- Fica com ciúme não. - ele falou, abusado.

- Vou tentar. - eu debochei. Não ia assumir nunca que sentia ciúme dele.

- Linda, eu acho que não vamos nos ver essa próxima semana. Eu sei que é seu aniversário, mas tá corrido. Me perdoa ?

- Tudo bem. Eu entendo. - eu falei, um pouco decepcionada.

- Tenho que ir agora, Juliano já tá me apressando aqui.

- Tá bom. Bom show pra vocês, manda um beijo pro maninho.

- Fica com Deus, meu amor. Um beijo.

Respirei fundo ao desligar. Ia ser uma semana difícil, mas eu tinha que saber dividir o Henrique com as pessoas que também o amavam. Me afoguei num pote de sorvete, meu encontro da noite.

A quarta-feira do meu aniversário chegou rápido. Acordei com meu irmão e minha mãe me enchendo de beijos e mimos. Tchula também apareceu logo cedo pra me animar.

- Hoje à noite a gente vai sair pra comemorar, não quero nem saber. - ele me intimou.

- Opa, não é meu aniversário se a gente não encher a cara juntos.

- Só vai faltar os manin.

Olhei pra ele com uma cara nada amigável.

- Precisa lembrar ? Não tenho notícia desde sexta já.

- Ah mana, você sabe que quando eles se enfiam na fazenda ficam meio incomunicáveis.

- É, sei. Tanto faz, hoje é dia de alegria. - eu falei, me colocando pra cima.

- Isso mesmo. Volto a noite pra te buscar.

Minha mãe insistiu para irmos ao shopping. Ela queria me dar uma roupa de presente, algo que eu pudesse usar naquela noite. Passear com ela era sempre prazeroso, tudo que eu precisava no meu dia. Encontramos um vestido lindo que me deixou empolgada. Ainda xeretamos em mais um tanto de lojas, depois almoçamos juntas, conversamos, rimos até doer a barriga. Que falta eu sentia de passar tanto tempo assim com ela, a vida na estrada nos privava de momentos como esse. Voltei pra casa renovada, pronta pra curtir a noite.

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