E amanhã será o dia. Os ensaios pra gravação do DVD da Marília terão início. Estava distraído pensando em como seria tudo. Como ela vai se portar. Como será o cenário. As músicas. Eis que o telefone toca me distraindo dos meus pensamentos. Era o Wander. Ele me pede pra ir ao escritório para ajudar a Marília já que tenho um pouco de experiência no assunto. Lógico que aceitei e mesmo assim, ele sabia que independente de me pedir eu faria da mesma forma afinal, a Marília é muito importante pra mim. Mas eu havia dito pra ela que não poderia acompanhá-la. Queria fazer uma surpresa, então resolvi ir mais cedo pro escritório e esperar ela chegar.
Acordo bem cedo, tomo um banho e café. Meu irmão não ia poder me acompanhar pois tinha um compromisso.
- Tem certeza que não vai comigo mano.
- Tenho sim. E é até melhor porque quando você e a Marília estão juntos é uma melação só. Ninguém merece ficar presenciando essas cenas de romance indefinido de vocês. Tenho pena é do Tchula que vai ficar lá, sendo obrigado a assistir isso rsrs.
- Arre mano. Eu e a Marília somos amigos. Tenho cuidado com ela. Prometi que iria protegê-la e tô cumprindo minha promessa né. E eu gosto demais dela mas é complicado.
- Complicado nada. Vocês é que não se decidem e assumem logo o que sentem um pelo outro. Todo mundo já percebeu e vocês ficam nessa de amizade. Meu irmão falou e saiu.
Fui pro carro e assim que liguei o som estava tocando cuida bem dela. Lembrei do dia no hotel antes do show, quando perguntei da Marília porque ela tinha inscrito aquela canção. Não acredito naquela resposta dela até hoje. Mas não entrei em detalhes sobre isso. Lembrei da minha quase declaração pra ela naquele dia após o show. Eu não estava pensando direito, simplesmente senti vontade de dizer o que estava sentindo por ela naquele momento. Fiquei confuso na verdade. Tentei mudar meus pensamentos e mudei a estação da rádio.
Chegando no escritório eu estava nervoso, emocionado por mim e pela Marília afinal, era a realização de um sonho dela se concretizando. Esperei ansioso pela sua chegada. Assim que a avistei não pude acreditar. Ela estava de mãos dadas com aquele cara de novo. Tentei me controlar mas vi que ela ficou sem jeito e imediatamente soltou a mão do rapaz. Fui até ela e lhe dei um abraço e um beijo demorado. Nem me importei que tivesse mais alguém ali. Disse que fui ajudá-la a pedido do Wander e como eu queria fazer surpresa não avisei. Ela me perguntou se eu lembrava do Rodolfo e eu o cumprimentei rapidamente sem nem ao menos olhar pra ele. Estava me controlando ao máximo pra não ter um ataque e partir pra cima daquele cara véi. Então eu sugeri que a gente desse uma avaliada nas músicas. Ela prontamente chamou o Tchula e o pediu pra apresentar o escritório pro tal de Rodolfo. Fiquei aliviado de saber que ele não ia participar no nosso ensaio. Fomos pro estúdio e assim que chegamos eu falei pra ela que estava linda, e ela realmente estava. Mas ela não me levou a sério e eu falei novamente. Percebi que a deixei sem jeito e lhe dei outro abraço e uns beijos. Ah, como eu gosto disso.
Começamos os ajustes. Ensaiamos algumas músicas. Mudamos algumas melodias. E assim que finalizamos disse a ela que queria fazer "impasse". Aquela música dizia muito sobre mim com relação a Marília e eu gostava demais dela. Joguei uma indireta e elas apenas concordou. Começamos os ajustes na música. Definimos a entrada e a parte de cada um e assim que finalizamos resolvemos cantar pra saber como ficaria.
Assim que ela começou a cantar uma sensação me invadiu por completo. Nos olhávamos fixamente e eu sentia que aquilo parecia mais uma confissão do que a própria música em si. Era profundo. E eu não conseguia parar de admirá-la, estava sentindo aquilo também. Eu queria entender porque ela fugia de mim. Queria entender o que ela realmente sentia. Olhando aqueles olhos fixos nos meus, eu tentava decifrá-la, tentava enxergar além. Peguei suas mãos e entrelacei nossos dedos. Uma vontade enorme crescia dentro de mim. Queria me aproximar dela, queria beijá-la mais do que tudo naquele momento. Mas pensei. Será que ela não está só interpretando? Será que não é só coisa da minha cabeça? Percebi que ela estava ficando nervosa. Eu também estava. Eu podia até o ouvir os batimentos do seu coração. Ah meu amor. Quero muito te beijar, te sentir. Então ela simplesmente desvia seu olhar do meu e pára de tocar.
Voltamos a conversar e fizemos mais uns ajustes na música. Era minha música e da Marília então, tinha que ficar perfeita. Assim que definimos tudo, sugeri que fizéssemos um último ensaio. Ela começou a tocar o violão e eu fui me perdendo naquela melodia. Estava hipnotizado por aqueles olhos, aquela boca, aquela canção, aquele momento. Ansiava por tocá-la e essa sensação foi tomando conta de mim. Enquanto ela cantava, cada palavra soava como um poema em meus ouvidos. De repente esqueço de tudo ali. De repente voltamos para aquele mundinho só nosso. E era somente eu e ela como sempre foi. O desejo foi me invandindo, aumentando. Sentia meu coração disparar. Sentia um frio na barriga. Eu precisava dela, precisava senti-la mais que tudo naquele momento. Ela terminou de cantar e eu não consegui dizer nada. Nem ouvi direito o que ela falava. Estava concentrado demais em meus pensamentos, em meu desejo. Assim que ela levantou eu levantei atrás. Puxei ela e a virei para que me encarasse. Queria que ela sentisse que eu a desejava mais que tudo. De repente, encostei meu rosto no seu, encostei sua boca na minha. Beijei ela profundamente como nunca havia beijado alguém antes. Sim, aquilo era amor e estava sendo correspondido. Ela sentia o mesmo que eu. Ela também me desejava. Não conseguia mais larga-la. Queria que aquele momento durasse pra sempre. Queria senti-la sendo só minha ao menos ali, ao menos naquela única e mais profunda conexão onde nos encontrávamos. Um misto de sensações percorreu pelo meu corpo. Eu queria mais, precisava de mais. A cada segundo eu procurava explorar ainda mais a sua boca, seus lábios macios. A envolvi ainda mais em meu abraço para sentir aquele beijo ainda mais profundo. Como se fosse a última coisa que fizesse na vida. Como se precisasse dele pra sobreviver. Senti que ela também esperou muito por aquele momento. Senti que seu coração acompanhava os batimentos do meu e parecia que tínhamos um só coração. Na verdade meu coração pertencia a ela e agora mais do que nunca eu tive certeza disso. Fomos nós acalmando, e eu a soltei para que pudéssemos recuperar o fôlego. Eu sorri pra ela e a abracei até que ouço alguém batendo na porta.
Alguém veio avisar que o Wander queria falar comigo. Mas eu não queria sair dali, não agora. Pedi pra avisar que depois eu iria falar com ele e voltei pra perto da Marília. Então ela me diz que precisa ir pois o tal Rodolfo estava esperando. Mas eu não queria me separar dela. Queria ficar ali um pouco mais. Mas ela insistiu que precisava ir. Resolvi aproveitar mais um pouco pois não sabia se teríamos outra oportunidade como essa. Então, a beijei novamente. Dessa vez foi um beijo mais calmo, mais suave.
Resolvemos sair do estúdio e seguimos até a recepção. Não demos uma palavra no caminho. Assim que nos avistou, Tchula reclama da demora. Já estava impaciente. Rodolfo então, se levantou em foi em direção à Marília, tentou lhe dar um beijo mas ela recusou. Ponto pra mim rsrs. Fiquei observando os dois pra ter certeza que ele não iria insistir. Tchula me distrai perguntando se vou almoçar com eles. Lógico que recusei. Não iria suportar ver aquele cara colado na Marília o tempo todo. Agora mais do que nunca eu tenho motivos pra ter ciúme dela. Avisei que tinha um compromisso e teria que ficar no escritório. Cumprimentei o Rodolfo por educação e logo me virei pra Marília puxando-a pra um abraço e um beijo no rosto. Disse a ela que estaria ali caso quisesse voltar. Mas eles seguiram e eu fiquei observando meu amor ir embora com aquele cara. Lógico que estava com ciúmes. Mentiria se dissesse que não. Mas no fundo estava esperando ela se soltar do abraço dele e correr até mim. Não Henrique, as coisas não são tão simples assim, eu pensei.
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Impasse
FanfictionE quando tudo ao seu redor te impede de viver o amor. E quando você pensa que vai dar certo e dá errado. E quando você luta, desiste, luta de novo, desiste mais uma vez pois não sabe se esse amor é pra ser vivido ou não. E quando o amor é recíproco...