Capítulo 36

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O mês de dezembro passou voando, com muitos shows na agenda. Depois do aniversário do Juliano, eu não vi mais os meninos. Finalmente os últimos dias do ano chegaram e eu ia ter algumas semanas de descanso. Três semanas para ser mais exata. Queria aproveitar ao máximo minha família e meus amigos.

Já era 24 de Dezembro, eu me preparava para receber a família em casa. Eu amava essas festas cheias de gente, comida de todos os tipos, conversa pra noite toda e muita bebida também. Diversão garantida. Escolhi meu vestido mais bonito e desci para ajudar minha mãe com os preparativos.

— Que linda essa minha filha. — ela falou assim que entrei na cozinha.

— Puxei minha mãe. — lhe dei um beijo estalado na bochecha.

— Chegou um pacote pra você agora à tarde. Eu deixei ali na mesa da sala.

— Vou ver o que é, obrigada mãezinha.

Me dirigi para a sala e, ao me aproximar da mesa, pude ver um pacote pequeno muito bem embrulhado em um bonito papel dourado. Do lado havia um cartão delicado escrito à mão.

De: Henrique
Para: Minha flor

Eu sorri ao ver o nome dele ali. Henrique não era muito de dar presentes, mas lembrou de mim mesmo assim. Abri o cartão e encontrei um texto grande demais para o tamanho do espaço que havia ali. Henrique apertou a letra do jeito que pôde, mas obviamente gostaria de ter escrito mais coisas. A gente que nasce inspirado não consegue parar numa simples frase mesmo, disso eu entendia bem.

"Minha princesa, feliz natal ! Que você possa aproveitar esse tempo de férias para matar a saudade de todos que ama, inclusive eu. Te quero todo o bem desse mundo, sempre. Espero que goste do presente. Estava andando pelo shopping e quando o vi, não consegui lembrar de mais ninguém além de você. Para te dar sorte nessa nova fase da sua carreira e para sempre ter um pedacinho de mim com você em forma de amuleto. Eu te amo muito."

Abri o embrulho com cuidado e em seguida a caixinha branca que ali estava. O pingente em formato de microfone reluziu, chamando minha atenção para seus detalhes tão bem desenhados. Uma delicada corrente dourada o acompanhava. Coloquei-o em meu pescoço, tentando ver no espelho como havia ficado. Era um presente lindo, definitivamente uma jóia pelo tanto que brilhava. Mas seu significado valia mais que qualquer ouro do mundo. Era um símbolo da benção do Henrique sobre mim e sobre a minha carreira. Como ele mesmo escreveu, seria meu amuleto e eu não o tiraria pra mais nada.

Voltei para a cozinha saltitando de alegria, o que minha mãe percebeu na hora.

— Presente especial esse, hein ? — ela riu, me olhando de canto de olho.

— Muito. — eu suspirei, pegando alguns vegetais para cortar.

— E quem deu o presente é mais especial ainda, né ? — ela falou baixo, sem olhar para mim.

— É, ele é. — eu tentava prestar atenção no que estava fazendo, mas a imagem do Henrique não saia da minha mente. — Olha mãe, que lindo. — eu estiquei o pingente para fora da roupa, me lembrando que ela ainda não sabia o que era.

— Ah, minha filha, que coisa mais linda. O Henrique sabe mesmo te agradar como ninguém. — ela apertou minha mão e me deu as costas, voltando para seus afazeres.

— Ué, como você sabe que é dele ? — eu perguntei, intrigada.

— Porque você só suspira assim quando tem algo a ver com ele.

Minha mãe, a pessoa que mais me conhecia no mundo, conseguia perceber exatamente como eu estava me sentindo. Talvez eu conseguisse disfarçar para os outros os meus sentimentos, mas nunca para ela. Eu estava sentindo uma falta tão grande do Henrique mais presente em minha vida que qualquer demonstração de afeto da parte dele me deixava nas nuvens. Resolvi mandar uma mensagem, esperando que ele respondesse logo.

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