Capítulo 20

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Na fazenda os dias pareciam passar bem devagar. Eu estava louco pra encontrar a Marília e falar sobre meus sentimentos. Queria vê-la, beijá-la, queria senti-la. Procurei ocupar meu tempo o máximo que pude mas era difícil. A imagem da Marília não saía da minha cabeça. As vezes me pegava imaginando ela beijando o Rodolfo. Ah, isso me dava ânsia. Até que chegou o dia do retorno. Chegamos de manhã e a noite teríamos show. Foi um dia tão corrido que nem tive tempo de ir até a casa da Marília pra conversar com ela. Me sentia ansioso pelo show e ansioso para vê-la novamente. Eu sabia que ela iria pro show naquele dia então me arrumei até mais que de costume. Queria estar muito bem quando a encontrasse. Chegamos no local do show e não encontrava a Marília em lugar nenhum. Preparei uma pequena surpresa pra ela e tinha certeza que ela iria gostar muito. Fiquei aflito e tentei ligar pra ela mas sem sucesso. Até que nos chamam pra subir ao palco. Olhei em volta e nada da Marília ainda. Subimos no palco e começamos o show. Entre o intervalo de uma música e outra, fui ao final do palco beber água e quando olho, ela está lá, me olhando com admiração. Não tinha como não ficar feliz em vê-la ali. Outra canção se iniciou e eu cantava olhando pra ela. Volto pra frente do palco e faço um anúncio. Peço pro público chamar a Marília pra cantar comigo e meu irmão no palco. Arrumaram um microfone e trouxeram ela pro meu lado. Continuei falando ao público o quanto a Marília era talentosa e eu queria que todos conhecessem o talento dela. Percebi que ela estava nervosa e me aproximei pra lhe dar um abraço. Queria lhe passar segurança. Ela foi se soltando e cantou como eu nunca tinha ouvido antes. Estava linda. Quando acabou, o público aplaudiu eufórico. Gritavam seu nome. Pediram pra ela cantar novamente. Ah, como eu estava orgulhoso dela. Minha flor cantou como ninguém ali.

Ela voltou pro fundo do palco e continuamos o show. Assim que acabou me dirigi até onde ela estava e lhe dei um abraço apertado. Estava com saudade desse abraço. Acabei me empolgando e por um momento esqueci que haviam mais pessoas ali. Quando nos demos conta, as pessoas nos olhavam curiosas. Aos poucos fomos nos afastando. E num impulso puxei a Marília dali. Precisava de um momento a sós com ela. Levei ela pro camarim e assim que chegamos eu a puxei pra mais perto. Precisa sentir que estava tudo bem entre a gente. Estava louco para vê-la. E ela ainda tinha duvida do que eu estava sentindo. Peguei suas mãos e as encostei no peito. Queria que ela tivesse certeza dos meus sentimentos. Então finalmente falei que estava apaixonado por ela. Senti um certo alívio ao dizer aquilo. Eu não precisava mais esconder. Pelo menos não dela. Ainda assim ela brincou comigo. Isso é uma das coisas que mais gosto nela. Seu jeito moleca de ser. A brincadeira foi dando lugar a algo que eu estava ansioso por fazer. E quando ela umidece os lábios, isso meu deixou louco. Eu seguro seu rosto e a beijo. Um beijo cheio de saudade, de desejo. Esqueci do mundo naquele momento. Parecia ser sempre assim quando tínhamos essa conexão. Éramos somente nós ali. Aproveitando aquele único momento. E eu podia fazer isso sem culpa pois estava livre, livre pra ficar com ela. O que deixava o beijo ainda mais gostoso. Assim que encerramos o beijo alguém bate na porta. Meu acessor avisa que os repórteres me aguardavam. Não queria sair dali. Não queria deixar a Marília. Custou pra mim uma eternidade poder ter esse pequeno momento com ela.

Ela me entendeu. Pediu que eu fosse atender os que me aguardavam e que depois iríamos conversar. Nem tivemos tempo de fazer isso ainda. Que mulher maravilhosa, eu pensei quando saía pela porta.

Atendemos várias pessoas naquela noite. Fãs, repórteres. Sempre tivemos um cuidado em dar atenção principalmente aos fãs, pois graças a eles estávamos ali. Como eram muitas pessoas, isso acabou tomando bastante do nosso tempo. Comecei a ficar preocupado com a Marília. Torci pra que ela não tivesse cansado de esperar e tivesse ido embora. Assim que acabamos de atender todos ali os meninos da equipe começaram uma comemoração no camarim mesmo, com bebidas e música. Para meu alívio a Marília estava lá e se juntou a nós. Um colega que estava ali presente, aparentemente bêbado, chega perto e me aponta algumas meninas que estavam na roda. Ele diz que agora que estou solteiro poderia aproveitar. Nesse momento olhei pra Marília e ela parecia surpresa. Eu ainda não tinha falado nada pra ela a respeito disso. Aproveitei que tinha um canto vazio e chamei ela até lá. Falei que tinha conversado com a Mayara e que ela não havia aceitado muito bem mas que havia compreendido. E pra minha surpresa ela me diz que também terminou com o Rodolfo. Eu não poderia ficar mais feliz.

Então a Marília começa uma conversa mais séria explicando que vai ser difícil matermos um relacionamento com a vida que levamos. E ela realmente tinha razão. Ela estava começando a carreira e eu já sabia bem como era isso. Muitos shows, viagens, pouco tempo. Mesmo assim, o tempo que tivéssemos juntos resolvemos que seria muito proveitoso para ambos. E também resolvemos manter nosso relacionamento em segredo afinal, isso envolvia nosso trabalho e não poderíamos nos prejudicar principalmente porque a Marília estava em início de carreira. Apesar de ter sido uma conversa rápida, conseguimos resolver algumas questões. E agora eu realmente estava feliz por estar com quem gosto e o melhor de tudo, ser correspondido. Aproveitei que não tinha ninguém olhando e dei um rápido beijo no canto da boca dela. Minha vontade era fazer bem mais que isso, mas eu me contive pois havia muita gente ali e eu não podia me comprometer e muito menos a Marília. Voltamos pra roda de viola e aproveitamos a festa o máximo que pudemos.

Já estava tarde e eu resolvi levar a Marília pra casa. Ela parecia bem cansada e eu também estava. No caminho, ela acabou cochilando no carro. Ao mesmo tempo em que prestava atenção ao trânsito, prestava atenção nela. Ela não tem noção do quanto é linda. Ainda nem acreditava que estávamos juntos de verdade. Mesmo que isso fosse um segredo só nosso e provavelmente dos nossos amigos mais íntimos. Assim que chegamos em frente à sua casa, eu a acordei com um beijo rápido.

- Acorda meu amor. Chegamos.
Ela abriu os olhos lentamente e assim que me viu abriu um sorriso lindo mostrando aquela covinha.

- Ah Henrique, eu não quero ir. Quero ficar aqui.
Ela disse fazendo charme.

- Bem que eu queria isso também, mas agora você precisa descansar. Não quero que sua mãe pense que sou um genro irresponsável.

- Você é um palhaço mesmo. Ela nem sabe que estamos juntos.
Ela disse se espreguiçando.

- Mas vai saber. Você vai contar pra ela não é?

- Ainda não sei. Talvez com o tempo. Vamos ver né.

- Ah meu amor. Mesmo que você não conte ela vai perceber. Mães sabem das coisas.
Falei isso piscando pra ela e imediatamente lembrei da conversa que tive com minha mãe na fazenda.

- Tá bom então meu amor. Agora eu tenho que ir.

- Uau, você me chamou de meu amor.

- Ah Henrique, você não existe mesmo.
Ela diz isso e me dá um abraço. Puxo seu rosto e lhe dou um beijo intenso. Aos poucos vamos nos soltando pra recuperar o fôlego. Será que vou me acostumar com isso? Eu penso.

Saí do carro, dei meia volta e abri a porta pra ela. Segurei sua mão para ajudá-la a sair e ela fica me encarando.

- Sabe do que eu lembrei agora? Ela diz

- Do quê? Perguntei surpreso

- Da primeira vez que você veio me deixar em casa. Lembra o que aconteceu entre a gente?

- Como poderia esquecer? Aquele dia mudou minha vida.
Falei animado

- A minha também. Achei que seria só mais um dia comum. E aí eu conheci você.
Ela fala isso com os olhos brilhando

- Vida, você mudou a minha vida...
Falei isso e lhe dei um beijo rápido

- Bom dia meu amor.
Ela diz e segue rumo ao portão

- Bom dia minha flor
Eu respondo e entro no carro.

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