Capítulo 24

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Acordei com um barulho de vozes no andar de baixo. Já passava de duas da tarde, havia dormido demais. Henrique ressonava tranquilo ao meu lado, seus braços ainda me envolvendo. Dei um beijo em seu rosto, acariciando seu cabelo.

- Henrique, acho que tem alguém aí embaixo. Precisamos levantar. - eu chamei.

Ele abriu os olhos lentamente, ainda muito sonolento. Quando me viu, abriu um sorriso.

- Bom dia ! Sonhei que fazíamos amor a noite toda, foi maravilhoso. Acho que quero sonhar mais um pouquinho. - ele avançou seu corpo sobre o meu, beijando meu pescoço.

- Henrique, é sério. Tem gente aí, eu ouvi umas vozes. - eu tentei me desvencilhar, com muita dificuldade, dos seus beijos.

- É só o Juliano e a Mohana, fica tranquila. Vem cá, vamos aproveitar esse tempo juntinhos. - ele me beijou com vontade, me distraindo das minhas preocupações.

Retribui o beijo, me rendendo. Era extremamente difícil resistir a ele. Mas me arrependi no minuto seguinte. A porta do quarto se abriu rapidamente.

- Boa tarde meu filho ! Que saudade. Eu e seu pai viemos fazer uma surpresa e... - Dona Maria agora se encontrava parada no meio do quarto, as palavras fugindo rapidamente de sua boca.

Eu me enrolei no lençol, tentando achar um jeito de sumir. Henrique deu um pulo da cama, a cueca boxer preta sendo a única peça de roupa que usava e evidenciando ainda mais o que acontecera ali.

- Mãe ! Bota surpresa nisso. Você não quer esperar lá embaixo ? - ele falou, tentando disfarçar.

- Claro, claro, meu filho. Me desculpem, eu devia ter batido. - ela saiu apressada, aparentemente achando graça naquilo tudo.

Henrique fechou a porta e se virou pra mim. Eu ainda estava com metade do rosto escondido nas cobertas. Sentia minhas bochechas queimarem.

- Ai Henrique, que vergonha ! Eu falei que tinha gente aí. Você quer me matar, é ?

Ele pulou na cama ao meu lado, se virando para me observar melhor.

- Você fica tão linda vermelhinha assim.

- Para Henrique, é sério. Com que cara eu vou olhar pra sua mãe agora ?

- Com a mesma de sempre, ué. - ele riu. - Minha mãe gosta muito de você.

Eu respirei fundo, ainda receosa.

- É melhor eu ir embora.

Ele se ajeitou na cama, sentando-se próximo a mim.

- Marília, olha pra mim. - ele segurou minhas mãos nas suas. - A noite de ontem foi linda, foi um momento que eu nunca tinha vivido com outra mulher antes. Eu não tenho vergonha de você e muito menos do que aconteceu entre nós. Minha mãe sabe que eu sou um homem crescido e sabe o quanto eu gosto de você.

Era estranho ver o Henrique agir de forma tão madura. Geralmente eu que sempre colocava ordem em tudo. Senti um orgulho imenso dele naquele momento.

- Você tem razão. Eu também não me envergonho de nada do que aconteceu. Foi uma noite maravilhosa ao lado de alguém que eu amo e não podia ser melhor que isso. Também nunca tinha vivido nada parecido. - eu o abracei com força.

- Fica pra almoçar com a gente. - seus olhinhos pidões piscavam rapidamente, me encarando.

- Tá bom, vai. Eu fico.

Ele me abraçou em retorno, me fazendo sumir em seus braços. Me deu um beijo suave e se levantou para colocar um roupa.

Eu já esperava Henrique na porta do quarto, a roupa trocada, os dentes escovados e a cara de pau encerada, pronta para enfrentar a vergonha. Henrique segurou minha mão e me guiou até a cozinha, onde seus pais, Juliano e Mohana conversavam animados perto da bancada. Quando entramos, todos nos olharam instantaneamente.

- Boa tarde casal ! - Juliano se apressou em dizer, sorrindo.

Cumprimentei os pais dos meninos como se nada tivesse acontecido. Dona Maria me abraçou com muito carinho, me deixando mais à vontade em estar ali. Henrique se demorou matando a saudade da família e eu pude apreciar o seu jeito amoroso que me encantava tanto.

O almoço nos aguardava já pronto na mesa. A mãe deles era uma cozinheira de mão cheia e tinha preparado tudo que os meninos mais gostavam. Nos sentamos, todos morrendo de fome. Depois de comer, seu Edson fez questão de abrir a pinga que havia trazido para bebermos juntos. Já era nossa tradição e eu fiquei feliz em ver que eles continuavam me tratando como se fosse da família. Conversamos a tarde toda, Henrique sempre ao meu lado, seus braços me trazendo para ele como se eu realmente fosse sua namorada, sem medo de mostrar pra os presentes que estávamos juntos. Eu me sentia tão à vontade com eles que acabei esquecendo o incidente de mais cedo, já não me importava mais que eles soubessem também.

Ao anoitecer, decidi ir embora. Minha mãe já estava me ligando com saudade e no dia seguinte eu seguiria estrada com os meninos para um fim de semana de shows. Dona Maria me chamou de canto quando fui me despedir de todos.

- Minha filha, eu agradeço muito por você colocar sempre um sorriso no rosto do meu filho. Eu vejo que ele está sempre bem ao seu lado e que gosta muito de você.

- Eu também gosto muito dele. Dos dois. O Juliano também, é um irmãozão pra mim.

- Meus dois meninos valem ouro. - ela sorriu orgulhosa. - Depois quero que você vá passar uns dias na fazenda.

- Pode deixar, assim que tiver um tempo eu vou sim. Muito obrigada. - eu lhe dei um beijo carinhoso no rosto.

Eu queria chamar um táxi, mas Henrique insistiu em me levar embora. Chegando em minha casa, ele parou o carro, se virando para mim.

- Eu queria te fazer um convite.

- Olha, abusar do meu corpinho duas noites seguidas fica complicado. - eu olhei pra ele, desconfiada.

- Não, sua boba. - ele riu. - Tô falando sério. Eu vou passar uns dias na fazenda depois dessa sequência de shows e queria que você fosse comigo. Você é tão querida pela minha família e não vou aguentar ficar tanto tempo longe de você. Vem comigo, a gente pode andar a cavalo, cuidar dos bois, fazer churrasco, beber muita cerveja, e fica bem juntinho vendo o céu de noite.

- Você nem vai acreditar, mas sua mãe me fez o mesmo convite hoje.

- Tá vendo ? Todo mundo te quer por perto. Já tô ficando até com ciúme. Lembrar eles que você é minha. - ele me deu um selinho rápido.

Eu sorri, abobalhada.

- Sou, é ?

- É, minha flor, minha princesa, minha rainha, meu amor. Pode escolher, você é tudo isso.

Eu deitei minha cabeça em seu peito e ele me envolveu em seus braços. Eu nunca tinha sentido tanta felicidade como quando estava com ele. Meu coração queria saltar do peito. Eu só queria que aqueles momentos fossem eternos.

- Tudo bem, eu vou pra fazenda com vocês. - eu levantei meu rosto após algum tempo, olhando em seus olhos.

Ele abriu um sorriso largo.

- Você me faz o homem mais feliz do mundo. - ele me puxou para um beijo de despedida.

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