Capítulo 58

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☆ Henrique

Marília realmente me surpreendeu. Eu nem acreditava que ela estava ali, totalmente entregue àquele momento. Totalmente entregue à mim. Eu ainda estava em choque pela sua presença. Me esforcei ao máximo para prestar atenção em tudo que ela fazia na minha frente. Em suas palavras. Analisei cada detalhe das suas atitudes. E elas diziam muito. Coisas que só eu poderia decifrar. Coisas que só eu enxergava nela. Mas o que me chamou atenção, foi o fato de ela expressar tudo em uma música que não era de sua autoria. Creio eu que era porque todas as músicas compostas por ela, que falavam da gente, tinham uma história de mágoa, ou tristeza, ou um final onde nunca terminavamos juntos. E agora eu vi que era diferente. Marília se mostrou totalmente transparente, se entregou àquela canção que retratava fielmente como éramos um com o outro. Porque, por mais que vivêssemos outros amores, outras histórias, nosso sentimento estava enraizado em nossos corações. Nunca iríamos amar outra pessoa como nos amávamos. Aliás, nunca iríamos amar outro alguém. Um amor assim a gente só sente uma vez na vida.

Quando ela terminou a canção, eu não consegui dizer uma palavra. Fiquei observando sua reação e ela parecia surpresa ao me ver calado, quieto. Então começou a falar de uma forma meio desesperada. Parecia estar com medo da minha atitude. Medo de que eu não a quisesse mais em minha vida. Eu juro que tentei, tentei me afastar. Tentei evitar. Tentei de tudo. Mas não dava. Eu podia arrancar Marília da minha vida, mas nunca iria conseguir arrancá-la do meu coração. Nem da minha mente. Era como se ela fizesse parte de cada órgão do meu corpo.

Quando ela finalmente parou de falar, eu logo lembrei de algo que passei a usar como amuleto. Um pedaço dela que andava comigo sempre. Pedi pra que ela virasse de costas e coloquei o colar em seu devido lugar. Ali, no pescoço dela. De onde ele nunca deveria ter saído. Ela pareceu surpresa ao sentir o que era. O colar que eu lhe dei de presente tempos atrás e que ela descartou em um lugar qualquer, na tentativa de me deixar pra trás. Mas hoje, ela finalmente reconheceu que não pode se livrar de mim. Que jamais iria conseguir isso. Hoje Marília reconheceu que eu sou parte da sua vida assim como ela é da minha. E como se fosse uma forma de limpar a nossa história e deixar todas as coisas ruins pra trás, eu desabei no choro. Selamos tudo com um beijo cheio de saudade, de vontade, cheio de amor.

Ainda parecia um sonho ela estar ali comigo, totalmente entregue. Mas seu beliscão em meu braço por conta da piada me fez ver que era tudo real. Agora era minha vez de surpreendê-la. Eu não sei explicar algumas coisas na vida. Mas sei que tudo tem um tempo certo pra acontecer. E era incrível como quando se tratava de mim e da Marília, tudo era perfeito, mesmo quando parecia não ser. Me ajoelhei diante dela e peguei uma caixinha no bolso onde continha um anel com uma pedra verde. Oficialmente, finalmente, eu a pedi em namoro. A pedra do anel era verde pra dar sorte. Porque era disso que a gente precisava depois de passar por tanta coisa pra ter uma relação de verdade. Eu não sei porque, mas eu sabia de alguma forma que um dia entregaria esse anel a ela. Como não poderia deixar de ser, Marília aceitou meu pedido e pulou em mim nos fazendo cair no chão. Ficamos ali , rindo, em plena felicidade comemorando o que já deveria ter acontecido há muito tempo. Às vezes eu não tinha noção do tanto de amor que eu sentia por aquela mulher. Acho que nem tem como calcular.

Foi quase como um pedido de casamento. Coloquei o anel em seu dedo fazendo votos e promessas que dessa vez seriam cumpridas. Nada mais de separação, de outras pessoas tentando nos afastar. Nada mais de mágoa, ressentimentos, lágrimas, só se for de felicidade. Agora a gente finalmente iria ser feliz um com o outro. Assim que terminei, levantei do chão e sentei no banco, puxei Marília pro meu colo e a abracei. Ficamos ali admirando a paisagem nem sei por quanto tempo.

Resolvemos subir pra casa e encontramos todos reunidos na sala. Não foi surpresa pra ninguém virem eu e Marília juntos. E claro que todos comemoraram da melhor forma possível nossa união, com uma dose de cachaça. Ficamos ali um tempo conversando. Eu admirando aquela mulher que se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida. E ela me olhando com aquele sorriso lindo e os olhos brilhando ao me ver admirando-a. Parecia um sonho. Eu ainda não acreditava que ela estava ali, no lugar que sempre lhe pertenceu, ao meu lado.

- Bom, gente, acho que já vamos subir, né? - comuniquei à todos, levantando do sofá e dando a mão pra Marília levantar.

- Até parece que a gente não sabe o que vão fazer. A outra parte da comemoração. - meu irmão disse e foi surpreendido por um tapa de sua namorada em seu braço, repreedendo-o.

- Boa noite pra vocês. Vem, amor. - segurei a mão de Marília e fui em direção à escada.

- Boa noite, gente. - ela disse, segurando minha mão e acenando com a outra.

Quando chegamos perto da porta do quarto, empurrei Marília contra a parede e a beijei. Era um beijo desesperado. Só a larguei para recuperar o fôlego e ela fez o mesmo.

- Calma, homem. Eu não vou fugir não. Não mais. - ela disse ofegante.

Abri a porta do quarto e a puxei pra dentro. A conduzi até a cama e me deitei sobre ela.

- Meu amor, hoje está sendo um dia muito importante pra mim. E eu que achava que já tinha te perdido pra sempre. E mesmo assim ainda tinha o mínimo de esperança que você iria acordar e ver que sua felicidade nunca seria ao lado daquele homem. E quando eu menos esperei, você veio e me surpreendeu da maneira mais inimaginável. Mas o nosso amor é assim, né, cheio de surpresas. Hoje é o começo de um novo ciclo em nossas vidas. E eu quero aproveitar cada momento disso. Eu te amo, Marília. Muito mais do que eu poderia imaginar. Muito mais do que achei que fosse capaz de sentir. Você faz parte de mim. É um pedaço meu. Eu nunca seria completo sem você ao meu lado.

- Henrique, o meu coração sempre te pertenceu. Você entrou aqui de uma maneira que não tinha mais como sair. Percebe o quanto é importante pra mim? Você é o meu oxigênio. É minha metade. Você é meu porto seguro, meu alicerce. Sem você não sou completa. Eu só sou eu mesma quando estou com você.

Uma lágrima se formou em meus olhos quando Marília disse isso. Tanto tempo pra viver esse amor. E agora ela estava aqui. Eu não sabia se ria ou se chorava. Acorda, Henrique. Isso é real.

- Amor, eu tô aqui. - Marília pegou minha mão e colocou em seu peito. - Tá sentindo isso? É meu coração. E ele só bate assim quando estou perto de você. Consegue sentir isso?

- Sim.

- Eu te amo, Henrique. Te amo demais.

Dessa vez ela me beijou. Eu a segurei firme e o beijo foi se tornando mais profundo. Minhas mãos começaram a passear pelo seu corpo e bem devagar eu comecei a despi-la. Cada peça de roupa tirada era um beijo em sua pele exposta. Ela me olhava admirada pelo cuidado que eu tinha naquele momento. Quando terminei de tirar minhas roupas e as dela, sentei na beira da cama e contemplei aquela mulher tão maravilhosa deitada à minha frente.

- Você é tão linda. Tão perfeita. Eu amo cada pedaço seu. Amo essa sua cabecinha tão inteligente. - me posicionei em cima dela e beijei sua testa. Me abaixei um pouco e beijei acima do seu seio. - Amo esse seu coração cheio de amor, ternura, cheio de todos os melhores sentimentos possíveis.

- E seu também. - ela disse, abrindo um largo sorriso.

- E meu também. - comecei a beijar lentamente seu corpo, cada pedacinho dele que agora me pertencia.

Penetrei Marília bem devagar encarando-a a todo momento e ela fazia o mesmo.

- Eu amo essa barba - ela disse passando a mão em minha barba lentamente. - Amo esse tanquinho também. - ela riu e eu acabei rindo junto. - Mas eu amo mesmo é esse coração enorme que você tem aqui. - disse passando a mão em meu peito.

Não sei quanto tempo ficamos ali, mas fizemos amor, lento e delicioso. Chegamos ao ápice juntos. Deitei ao lado de Marília e a puxei pra perto de mim. Ela deitou em meu peito e ficamos abraçados um tempo, recuperando o fôlego.

Senti algo molhado em mim e olhei pra Marília.

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