Acordei ainda deitada no peito do Henrique, seus braços me envolvendo como se alguém fosse me tirar dele a qualquer momento. Aquele turbilhão de emoções na noite passada nos fez vulneráveis aos nossos sentimentos, que tinham a mania de falar alto, tão alto que o coração não dava ouvidos a mais nada. Antes que eu tivesse tempo de absorver por completo o que havia sido a nossa noite de amor, meu celular começou a tocar no criado-mudo. Me desvencilhei com cuidado dos seus braços e corri para atender, antes que Henrique acordasse. Ele apenas agarrou meu travesseiro com vontade e continuou no seu sono profundo. Saí do quarto às pressas, falando um "alô" afoito para quem quer que fosse.
- Bom dia, meu amor !
- Yugnir ?
- E tem mais alguém que te chama de meu amor ?
- Ah, é o sono, acabei de acordar. - eu desconversei. Mas essa era fácil, a única outra pessoa que me chamava assim estava nesse momento adormecida no meu quarto.
- Foi dormir tarde ontem, mocinha ?
- É, acabei vendo filme até tarde. - eu sentia minhas bochechas esquentarem e minhas mãos começarem a suar. Odiava mentiras. - E a sua noite, como foi ?
- Cheio de coisas do trabalho pra resolver, fiquei mal por não conseguir te ligar, ainda mais sabendo que você estava sozinha aí.
Eu engoli em seco. Me sentia a pior pessoa do mundo nesse momento. Se tem algo que eu não aceitaria nunca, é uma traição. Porque achava justo fazer isso com alguém ?
- Não precisa se preocupar assim comigo.
- Marília, eu te amo demais. Você sabe que eu não acreditava mais no amor depois do meu último relacionamento. Aí você apareceu e mudou tudo isso. Eu não posso deixar de me preocupar com você, porque você é minha vida. Não sei o que faria sem você, de verdade.
- Nossa, eu não sabia que você sentia isso com tanta intensidade. - as palavras dele me impressionaram de verdade.
- Eu não digo isso pra qualquer pessoa. Sei que você é a mulher certa pra mim.
Respirei fundo.
- Eu fico muito feliz em ouvir isso. - sentia meu peito carregado de culpa, mas estava sendo sincera.
O silêncio pairou por alguns segundos. Ele esperava que eu dissesse que o amava também. Mas ainda não estava pronta para essas palavras.
- Eu preciso ir agora. Podemos nos falar mais tarde ?
- Tudo bem. - ele respondeu um tanto decepcionado. - Amor...
- Diga.
- Se eu estiver fazendo algo errado, você pode me dizer. Quero ser o homem que você merece.
- Você está indo muito bem. Obrigada por cuidar de mim. - eu abri um meio sorriso.
- Eu te ligo antes da festa. Se cuida.
- Você também.
Apertei o celular contra o peito assim que desliguei. A angústia se tornava quase uma dor física e eu não sabia fazê-la passar. Corri para o quarto na esperança de encontrar Henrique já acordado, mas ele ainda estava na mesma posição que o deixei, sonhando despreocupado. Fiquei o observando por alguns segundos, esperando que acordasse, mas ele continuou com os olhos fechados.
Acorda, meu amor. Eu preciso ver seus olhos. Preciso ver a verdade neles. Ou vou acabar tomando a decisão errada. - eu pensava, andando de um lado pro outro inquieta.
O celular do Henrique apitou na cadeira, em cima de toda a sua roupa, e eu me virei automaticamente para olhar. Vi de relance o nome Vanessa escrito. Diversas mensagens seguidas e a última que dizia:
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Impasse
FanfictionE quando tudo ao seu redor te impede de viver o amor. E quando você pensa que vai dar certo e dá errado. E quando você luta, desiste, luta de novo, desiste mais uma vez pois não sabe se esse amor é pra ser vivido ou não. E quando o amor é recíproco...