Capítulo 52

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Após a festa de casamento dos meus pais, minha relação com a Marília mudou muito. E por mais que eu estivesse decidido a lutar por ela, percebi que ela também teria que querer isso. Não ia adiantar eu ficar correndo atrás, afinal quem quis se separar, quem começou isso tudo, foi ela. A sua relação com o namorado continuava a mesma. Então decidi que ia esperar. Esperar algum sinal, alguma atitude da parte dela para poder tomar uma decisão definitiva. Sim, eu amo a Marília. Mas cansei de ficar me humilhando. Se era pra fazer isso dar certo, os dois tinham que querer.

Nosso primeiro evento internacional se aproximava. Eu continuava com a Vanessa, mas a nossa relação esfriou muito. Minha última tentativa seria leva-la comigo nessa viagem. A Marília também iria e provavelmente levaria o namorado. Ele não desgrudava dela nunca. Mesmo assim ela não perdia a oportunidade de estar comigo e meu irmão.

Assim que chegamos no hotel e nos instalamos, Vanessa resolveu arrumar briga por conta de ciúme. Eu não estava afim de discutir. Liguei pro Emil e o chamei pra dar uma volta comigo, deixando-a sozinha no hotel. Passamos um tempo fora e, quando retornamos, encontramos a Marília na recepção, fazendo umas coisas engraçadas. Não aguentamos e caímos na gargalhada. Nos aproximamos e então o Emil resolveu ajuda-la, nos deixando a sós pra falar com o recepcionista. Tivemos uma breve conversa. Após a confusão ser resolvida, seguimos pro elevador. Emil desceu alguns andares antes do nosso. O clima no elevador estava totalmente tenso. Eu percebi que a Marília também não estava confortável naquela situação, mas tentei não demonstrar nada. Mesmo que a minha vontade fosse puxa-la pra perto e beija-la intensamente. Não posso fazer isso, eu pensava. Assim que chegamos em nosso andar, Marília praticamente saltou do elevador, me deixando pra trás. Me aproximei da porta do quarto que ficava próximo ao dela e a cumprimentei com um boa noite. Mas pra minha surpresa, ela praticamente pulou em cima de mim para me abraçar. Retribui o abraço, sentindo um aperto no peito. Queria beija-la ali mesmo, mas me contive novamente. Resisti o máximo que pude, o que deixou a Marília decepcionada com ela mesma. Me afastei e entrei no quarto.

Vanessa já estava dormindo. Provavelmente cansou de esperar para continuar a discussão e eu não estava nem um pouco afim de falar sobre o ocorrido. Tomei um banho e fui dormir. No dia seguinte, todos fomos cedo pro local do evento. Quando a Marília entrou no palco, todos foram assistir. Eu percebi que ela estava nervosa. Era uma emoção diferente. Senti vontade de ir até lá e abraça-la, mas esperei no meu canto. Seu namorado estava do outro lado do palco me encarando.

Entramos no palco e, conforme o combinado, Marília entrou durante o show. Ela já havia bebido bastante. Acabamos nos empolgando e brincamos no palco como não fazíamos a tempos. E isso até empolgou o público. Nós interagiamos como ninguém. Aliás, nós dois nos entendíamos como ninguém. Marília acabou se animando demais e foi se aproximando de mim no palco. Tive que ter controle ali e me afastei um pouco. Quando acabou o show e descemos do palco, Marília nos aguardava bebendo sozinha. Onde estava seu namorado afinal ?

Comemoramos o show juntos. Apenas nós três. Quando ela se levantou do sofá e parecia estar tonta foi que me dei conta de que ela estava bêbada. E eu não iria deixá-la assim. Pedi pro meu irmão levar as meninas pro restaurante e avisei que ficaria ali fazendo companhia para ela. Vanessa insistiu para que eu fosse junto, mas eu disse que não. Ela então resolveu que ficaria ali comigo também, mas eu pedi que ela fosse junto com o restante do pessoal, o que a deixou completamente irritada. Depois eu me entendo com ela, pensei.

Após um tempo distraída é que Marília se deu conta de que estávamos a sós e que eu a observava, atento a qualquer movimento dela. Por um momento ela foi a Marília que eu sempre gostei, ela estava ali, totalmente vulnerável, sendo ela mesma, comigo. Estávamos dançando abraçados até que por impulso eu quase a beijei. Quando estava com ela não conseguia pensar. Mas nessa hora caí em mim e me afastei pedindo desculpa. Resolvi que estava na hora de voltarmos pro hotel. Durante o caminho, não consegui dizer uma palavra sequer. E assim que entramos no elevador, Marília pareceu enfim reconhecer seu erro e isso me deixou bastante surpreso. Não mais do que a sua atitude em me encostar no espelho e me beijar como não fazia há tempos. Naquele momento me deixei levar, me permiti ter novamente aquela sensação que só ela conseguia causar em mim. Saímos do elevador em total clima de romance. Mas imediatamente a consciência pesou. Minha vontade era pegar ela e sumir dali, mas dessa vez quem estava sendo maduro era eu. E ela precisava desse choque de realidade. Tantas vezes eu fui atrás para pedir perdão, mesmo não sendo o errado da história. Tantas vezes eu chorei por conta desse sentimento que ela insistia em brincar e descartar como se não houvesse mais importância. Dessa vez não. Dessa vez se ela quiser, ela que venha até mim. Se for pra acontecer, tem que ser da maneira correta. Nada de ficar se escondendo. Se ela me ama mesmo como diz que ama, todo mundo tem que saber.

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