Jade.
- Você sofreu um aborto espontâneo. - Disse.
Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, meu coração contraiu e minha boca secou, eu estava fora de mim.
Eu vomitava por ansiedade e as lágrimas desciam sem cessar, vi a enfermeira apertar um botão de emergência que estava ao lado da minha cama, aos poucos minha vista embaçou completamente.
***
Abri os olhos e minha vista pesou com toda a claridade, tratei de fechar e os abrir lentamente. As palavras da doutora caíram como um peso sobre minha mente e fechei os olhos com força na tentativa daquilo ser um tremendo de um pesadelo.
- Que bom que acordou. - Uma mulher de branco, que aparentava ser uma enfermeira disse para mim.
- Quem sabe disso? - Sussurro.
- Sua mãe e seus amigos.
- Pode deixar eles entrarem. - Sequei as lágrimas que insistiam cair em minhas bochechas.
Vejo somente Rosa entrar. Sua expressão estava completamente diferente, eu nunca tinha a visto assim, seu olhar transparecia fúria e desgosto.
- Que vergonha. Eu te crio esses anos todos para crescer e dar para traficante.
- Rosa? Me desculpe, eu sinto muito.. - Solucei.
- Seus pais devem estar com vergonha de você agora. - Cuspiu as palavras na minha cara.
- Não fala isso...
- Eu vou sair daquela casa hoje.. - A interrompo.
- Não faz isso, eu preciso de você, como vai ser minha vida? Você é minha segunda mãe..
- Não me procure, nunca mais. Eu não criei mulher de traficante.-Empinou o nariz e saiu daquele quarto.
É incrível a capacidade de eu afastar tudo e todos da minha vida. Amaldiçoado é aquele que tem os seus pais vivos e presentes, e não os honram por coisas banais.
- O que vai ser de mim? - Sussurro para mim mesma ainda desacreditada.
***
- Você pode ir embora hoje mesmo, Jade. - A doutora disse. Apertei os lábios e assenti.
Eu me sentia um verdadeiro monstro. Parecia que eu tinha acabado com a vida daquela criança que mesmo sendo fruto de algo nada planejado, não tinha absolutamente nada haver com isso.
- Obrigada por tudo. - Apertei sua mão e saí daquela sala.
Apertei os passos, querendo sair daquele lugar o mais rápido possível.
Caio, Malu e Júlia estavam sentados na recepção. Assim que eles me viram, levantaram e caminharam até mim.
- Não se preocupa com nada. - Malu diz. - Estou aqui com você.
- Conta conosco. - Caio disse e me abraçou.
- Obrigada. - Forcei um sorriso e saímos daquele hospital.
Chegamos rápido em casa. Eles me ofereceram dormir na casa deles mas eu não quis ser peso para ninguém.
Subi as escadas e abri o guarda roupas. Peguei uma blusa que eu havia guardado de mamãe
e pus contra o meu rosto abafando meu choro contínuo.- Como eu te amo..volta para mim, mamãe.
11 anos atrás:
Eu havia acabado de tomar banho, mamãe me enrolou na toalha e me abraçou me pondo sobre a cama.
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Traficante.
Novela JuvenilEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...