Capítulo 22

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Gabriel.

Eu estava na minha sala da boca principal quando ouvi alguém bater na porta.

- Entra porra! - Gritei e logo P2 apareceu.

- Foi mal incomodar chefe. - Dei de ombros e acendi um. - Tem uma mina aí querendo falar com tu.

- Manda ela entrar... - Suspiro pesado.

Aproximadamente cinco minutos depois, Larissa chegou. A mesma usava uma roupa minúscula e fumava um cigarro de maconha.

- Manda o papo. - Eu disse frio.

- O que aconteceu que tu não me procura mais? - Perguntou arqueando uma de suas sombranselhas.

- Nunca corri atrás de tu por quê eu correria agora? - Peguei minha pistola e alisei a mesma.

- Qual foi Gabriel? Sou sua piranha mais antiga, fui a única que continuei fiel a ti e não dei para outro, já está mais que na hora de você me tornar a sua mina de lei. - Enrolou seu cabelo com o dedo me fazendo gargalhar.

- Puta que pariu! Tu sabe muito bem que não sou homem de ter fiel, está para nascer uma mulher que vai ser de lei para mim! - Sentou no meu colo. - Eu nunca te obriguei a dar para mim, tu ainda está comigo porque tu quer. - Apertei sua cintura.

- Assim não dá... Caralho, eu fico com você desde os meus quinze anos, me entreguei interamente a você! - Tirei o cigarro de sua boca e puxei seu cabelo.

- Tu está achando que é quem? Eu sou o chefe aqui se você se esqueceu, tu trata de falar comigo com respeito, sua piranha. - Gritei e expulsei a mesma da minha sala.

Jade.

Acordei com meu celular tocando, peguei o mesmo e atendi.

- Alô?! - Digo.
- Oi, Jade. - Eu conhecia bem aquela voz, era Octávio.
- Oi...
- Eu só queria ouvir sua voz mesmo, estou com saudades tua.
- Eu também estou... Hum, Octávio tenho que desligar. - Desliguei o telefone.

Eu fui uma tremenda de uma idiota e eu tenho ciência disso, mas eu não queria mentir para ele. Eu não senti um pingo de saudades do mesmo, eu nunca o amei, nem nunca vou amar. Seu jeito era apaixonante, mas não me fisgou, infelizmente, espero que alguma mulher tenha essa sorte.

Mudei de roupa e desci para a sala. Tomei um baita susto quando vi Gabriel conversando com a Maria Luíza no sofá.

- Ah... Oi. - Eu disse baixo.

- Vim pegar a Laura para sair. - Ele disse sério e eu não acreditei.

Ele acha mesmo que eu vou deixar minha filha ir com ele? Como ele é cara de pau.

- Só rindo mesmo, nem por cima do meu cadáver eu deixo a Laura ficar sassaricando com você por aí, já é perigoso para tu sozinho, imagine com ela. - Eu digo.

- Primeiramente minha ficha já foi limpa na polícia e outra, ninguém sabe que eu tenho filho, pelo menos isso deixaram quieto.

- Eu não vou deixar ela ir e pronto. - Bati o pé.

- Só você ir também... Tudo resolvido. - Sorriu e ajeitou seu boné.

- Eu não vou de jeito nenhum. - Digo.

- Para de cu doce e vai... O que custa? A Laura precisa disso. - Malu se intromete e eu fuzilo ela com o olhar.

- Fica pronta, daqui a trinta minutos eu venho buscar vocês. - Ele disse e foi embora.

- Maria Luiza, eu vou te matar. - Corri atrás dela pela casa toda.

- Idiota. - Gritou e gargalhou. - Vai se arrumar logo.

Caminhei até o meu quarto. Abri a minha mala e optei por um short preto com uma body salmão colado, nos pés um tênis branco simples.

Tomei um banho rápido pois eu não quero ouvir reclamação do Gabriel sobre atrasos. Me vesti, passei hidratante, pentiei meu cabelo e o joguei para o lado, espirrei meu perfume favorito e fiz uma maquiagem leve.

Acordei Laura que reclamou horrores pois ainda estava morrendo de sono. Dei banho na mesma, depois vesti ela com um macacão florido, uma blusa preta e calcei nela um tênis da Adidas, fiz maria chiquinha, minha bebê estava a coisa mais linda.

- Mama... - Laura balbuciou e eu arregalei os olhos.

- Sim, é a mamãe meu amor. - Meus olhos se encheram de lágrimas e dei um beijo em sua bochecha gordinha.

Laura era uma criança de poucas palavras, resmungava muito mas nunca tinha dito mãe, fiquei realmente muito emocionada de ver minha filha crescendo e passando da fase de recém nascida.

Desci com ela para a sala e Malu já tinha ido embora. Dei a papinha da Laura com um suco de laranja e esperei Gabriel chegar, eu nem quis comer nada pois estava sem fome.

Sentei no sofá com ela e pus um desenho na tv para destraí-la. Quinze minutos depois ouvi a campainha sooar.

Ele estava lindo, eu não tinha como negar. Com uma bermuda branca e blusa gola polo azul marinho, estava também com um boné branco e seu cordão de ouro.

- Oi.. - Eu murmurei e ele já foi entrando para dentro da minha casa.

Ele deu um beijo na Laura e a mesma gargalhou, ela sentia muita cócegas no pescoço. Me diverti muito com a cena.

- Vamos para onde? - Perguntei.

- Shopping, é o mais longe que consigo ir. - Disse e eu assenti.

Ele pegou a Laura no colo e foi andando na frente, revirei os olhos. Peguei meus documentos, celular e fui andando a trás deles.

Sua BMW estava parada em frente a minha casa. Peguei a Laura de seu colo e abri a porta de trás.

- Quem comprou essa cadeirinha? - Perguntei curiosa.

- Pedi para a sua amiguinha chata comprar para mim... - Disse.

- Hum. - Murmurei.

Encaxei a Laura direito na cadeirinha atrás e fui para o banco da frente. Estávamos parados vinte minutos só em um sinal. Rio De Janeiro é fogo com congestionamentos, Laura já estava irritada e Gabriel se controlava para não xingar todos os palavrões do mundo.

- Shh, meu amor... - Olhei para trás e toquei em sua perninha.

- Andou. - Gabriel praticamente gritou e andamos com o carro.

- Idiota. - bati em seu braço e sorri, foi totalmente espontâneo, nem tinha reparado no que eu havia feito.

Chegamos enfim no BarraShopping e até que estava vazio, creio que era por conta de ser dia de semana.

- Tu quer ir onde? Cinema ou ficar vagando por aí? - GT perguntou.

- Vamos no cinema, a Laura adora. - Eu disse e ele assentiu.

Era engraçado andar com os dois assim, parecia que nós éramos uma família normal indo ao cinema. Se fosse eu vendo também acharia. Mal sabem que a Laura mal conviveu com o pai e eu nunca assumi nada sério com o Gabriel, apenas uns beijos e uma noite muito mal encaminhada.

Era tudo muito estranho, sair com ele assim. Sei lá, acho que depois de tudo que ele fez eu viver, eu comecei a ver coisas simples de se fazer como complicadas. Trouxe traumas.

Enquanto ele ficava conversando com a Laura no colo, eu ficava no meu canto, longe deles.

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