Camila.
Eu estava disposta a ir me reconciliar com Gabriel. Por mais que tudo que eu tenha feito tenha sido por amor, ele não entendia isso. Era somente aquela idiota que ele queria, só ela e mais ninguém. Se eu pudesse a mataria com as minhas próprias mãos sem um pingo de dó.
Porque piranha que vem para atrapalhar, merece morrer. Se ela não tivesse entrado na vida de Gabriel hoje em dia estaríamos juntos, somente eu e ele contra o mundo, construindo uma família linda. Mas a vida não foi a meu favor, acabou acontecendo tudo ao contrário.
Eu realizei os meus sonhos, me formei e me tornei uma veterinária excelente, comprei meu apartamento próprio, criei minha própria clínica e mesmo assim nada estava completo. Faltava algo, faltava ele, o amor da minha vida.
***
Peguei a chave do meu carro e respirei fundo. Vesti meu casaco por conta do frio e saí daquele hotel as pressas. Pus a chave na ignição e liguei o meu logan preto. No caminho fui devagar, eu estava dando um tempo para eu pensar em tudo que eu iria falar. Eu iria tentar convencer ele a me perdoar, o não eu já tenho.
Eu estava um pouco distante da portaria da Rocinha, eu vi ela, Jade.. Meu sangue ferveu, minhas mãos pulsaram pedindo vingança, eu estava ardendo de ódio. Ela sorria, nunca tirava aquele maldito sorriso do rosto, cumprimentava todos na simpatia, porra Gabriel, o que tu viu nessa vadia?
Pus o meu pé no acelerador e o pisei com tudo. Ela tinha entrado em estado de choque, o automóvel e o corpo colidiram fazendo um barulho estrondoso. Saí do carro imediatamente. Capivara tentava reanima-lá no chão e os aviãozinhos olhavam de longe assustados. Corri o mais rápido que pude, ouvi me gritarem e atirarem para o alto como um sinal de aviso.
Corri muito e parei em uma viela. Meu peito subia e descia por conta da minha respiração. Me dei conta do que fiz e comecei a chorar.
Eu não sou uma assassina, eu faria tudo por Gabriel, mas nunca chegaria tão longe como agora. O sentimento de culpa tomou o meu corpo e eu não conseguia parar de chorar.
Gabriel.
Eu estava voltando para casa, a médica disse que a cirurgia da jade seria extensiva e que era melhor eu ir para casa. Fui contra no começo mas depois que Malu me ligou dizendo que Laura não parava de chamar pela mãe, eu tive que estar disposto.
Eu não deixaria a minha mulher sozinha de jeito nenhum! Minha única saída foi ligar para Joana e explicar toda a situação. Ela fez questão de passar a noite com a Jade, no dia seguinte pela manhã eu trocaria com ela.
Eu estava cortando caminho em uma das vielas da Rocinha, estava tentando não chamar muita atenção. Vi uma mulher parada, ela não me era estranha... Chorava de soluçar encostada na parede.
- Camila? - Eu murmurei e ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas.
- Não me mata por favor. - Ela abraçou seus próprios braços se encolhendo.
- Por que tu fez isso comigo? Sempre te ajudei caralho, sempre! - Eu disse e ela mordeu os lábios.
- Não era minha intenção que ocorresse isso, foi um momento que eu não pensei duas vezes! Como ela está? Eu preciso saber... Eu não sou uma má pessoa... - Eu arquiei minha sobrancelha percebendo que não falávamos do mesmo assunto.
- O que está dizendo Camila? - Perguntei em choque.
- Eu não queria ter atropelado ela. Era só para ser um susto, me perdoa. - Ela se levantou e deu alguns passos para trás.
- Puta do caralho... - Eu gritei e me aproximei dela.
A peguei pelos cabelos a arrastando até a pracinha. Muitas pessoas me olhavam aterrorizadas, outras passavam direto já acostumadas com a situação.
- Gabriel... Por favor. - Ela disse baixo e eu a empurrei fazendo a mesma cair no chão.
- Tarde demais. - Eu sorri irônico e tirei a minha pistola da cintura.
Apontei em sua direção e não pensei duas vezes antes da dar cinco tiros no seu rosto. Engoli seco e mandei um vapor recolher seu corpo.
Me mandei para casa da Malu. Caio estava no sofá com Laura, a mesma estava em seu colo chorando.
- Filha? - Eu disse e ela sorriu limpando as lágrimas e vindo na minha direção.
A peguei no colo e beijei sua bochecha.
- Pensei que tinham esquecido de mim... - Ela disse baixo.
- Eu nunca te esqueceria, meu amor. - Eu disse e ela assentiu. - Vá buscar suas coisas para irmos embora.
Ela saiu correndo, me deixando a sós com Caio.
- Prefiri não contar para a Maria Luiza... - Murmurou. - Sabe como ela é né? Toda desesperada, capaz de perder o meu filho...
- Uhum... - Murmurei com os pensamentos longe.
- Vai dar tudo certo putão! - Ele me abraçou de lado. - Minha irmãzinha é forte. - Eu sorri amarelo.
Laura voltou com sua mochila e eu a levei para casa. Eu estava cansado, apenas queria me deitar e esquecer de tudo, de todos os meus problemas.
Dei um banho nela e pus uma roupa soltinha na mesma. Forcei ela a comer e depois subimos para o quarto. Deitei com ela na cama e ficamos assistindo a um desenho qualquer. Ela estava deitada sobre meu peito, eu afagava seus cabelos lisos e macios.
- Pai? - Ela murmurou baixo.
- Oi amor...
- Cadê a mamãe? - Perguntou me deixando sem uma resposta convencente.
-Ela foi visitar uma amiga, já já ela volta, ta bom? - Eu disse e ela assentiu caindo no sono.
Não medi um terço das minhas lágrimas. Eu olhava para a pequena e me lembrava da minha mulher. Seus traços inocentes, a maneira que franze as sobrancelhas quando está com sono e seus olhos cor de avelã, uma imensidão.
Deixei Laura dormindo no meu quarto e caminhei até a janela do corredor. Olhei para o céu e fechei os meus olhos.
- Eu sei que estou devendo tu Deus... Sei que eu fujo... Mas hoje estou aqui me esforçando pela minha mulher. Por favor, livre ela de todo o mal, ela já passou por tanta coisa nessa vida... Ela não pode perder a memória, e tudo que a gente viveu, fica como? O Senhor sabe bem que ela tem uma filha pequena para cuidar, isso está errado, não pode acabar assim. Se for para ferrar alguém, que seja eu... Que já cometi tanto pecado nessa vida, já te decepcionei tanto! Mas ela não, sempre foi uma mina direita, de respeito, a favor do certo... Eu quero ela de volta, a minha Jade, trás ela para mim?Somente isso que te peço. - Suspirei.
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Traficante.
Teen FictionEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...