Jade.
- Poxa Jade, não foi no Brasil que você teve várias decepções? - Octávio disse andando de um lado para o outro.
- Foi lá sim mas também foi lá que eu deixei pessoas que eu amo e que eu me preocupo. - Digo sem paciência.
- Você não vai. - Ele diz convicto e segura o meu braço. - Quem me garantr que você vai ser fiel a mim?
- Primeiro, me solta, segundo, não sou puta de quinta para ser noiva e ficar com outro. - Puxo o meu braço.
- Desculpa amor, eu... - O interrompo.
- Amor uma vírgula Octávio, você me desrespeitou, parece que a gente não aprendeu absolutamente nada juntos. - Digo e ele abaixa a cabeça.
-Tudo bem, vou permitir de você ir. - Eu ri.
- Meu amor, você não tem que permitir nada, você só tem que entender que eu vou e acabou. Aliás nem entender você tem que, sabe por quê? Porque nós não temos mais nada. - Tiro minha aliança, pego minha filha no colo e saio daquele apartamento.
Se nem um traficante mandou em mim, um homem qualquer também não vai. Eu não sou qualquer uma para ser tratada assim, quero os meu direitos como uma mulher.
Pego o primeiro táxi que vejo e digo o endereço da minha casa. Chegamos em vinte e cinco minutos.
Entrei em casa e logo pus Laura para dormir, ela estava ligada no 220 o dia todo, me deixou cansada. Aproveitei que ela dormiu e peguei meu notebook para comprar a passagem. Achei um vôo na promoção para depois de amanhã, tratei de comprar, sem volta, lá eu compraria.
Desliguei o notebook e fui fazer minhas malas e da minha filha. Coloquei o que achei mais necessário, até porque eu não ficaria por muito tempo.
Caminhei até a cozinha e fiz um bife a milanesa com macarrão, também fiz um suco de laranja natural. Comi e lavei tudo que sujei.
Tomei um banho rápido e vesti um pijama azul de bolinhas brancas, pentiei meus cabelos e passei hidratante, ouvi a campainha tocar e fui atender.
- Oi amiga. - Viviane disse e eu sorri a abraçando.
- Até que enfim veio me visitar, em?- Abri espaço para ela entrar.
- Estava sem tempo.. - Sentou no sofá e já foi mudando de canal.
Viviane é uma amiga que eu fiz na agência, a única, a mais humilde e mesmo assim de vez em quando dá uma de soberba. Ela é gente boa, só merece um choque de realidade para mudar o caráter por completo.
- Ainda não acredito que você vai voltar para o Brasil e não vai me levar. - Finge estar emocionada.
- Se fosse para passear eu te levaria, mas eu vou passar na minha comunidade e tenho certeza que você não irá gostar nada. - Suspiro e ela assente.
- Ainda bem que você sabe. Deixa a Laurinha comigo Jade.
- Ela está muito neném ainda para isso, precisa de leite materno.
- Hum. - Fez bico e levantou. - Já vou indo, só vim para dar um beijo mesmo. - Se despediu e foi embora.
É cada pessoa que me aparece, tadinha da minha filha, imagina? Uma estranha cuidando dela, não aceito isso não, que abuso.
***
Mensagem.
Eu: Entrei no vôo, em algumas horas chego aí, beijos.
Malu👸💜:Ok, vou te buscar no aeroporto, bjs.
Entrei no avião com minha filha no colo, a princípio fiquei um pouco nervosa, pois viajar com uma criança durante cinco horas não é uma tarefa fácil.
- Princesa. - Beijo o nariz de Laura que gargalha contagiante.
- Que graça. - Uma menina ruiva que estava do meu lado diz. - É sua irmã? - Pergunta e eu nego.
- É minha filha. - Digo e ela arregala os olhos mas depois disfarça.
- Parabéns, ela é linda. - Disse e eu sorri.
- Obrigada. - Agradeci e voltei minha atenção a Laura.
- Será que você vai conhecer o seu papai?! - Sussurro. - Vou fazer de tudo para que não o veja, ele não é uma pessoa legal. - Digo e ela faz uma careta engraçada.
***
- Moça.. - Alguém me cutuca.
- Hum? - Murmuro e acordo assustada, vejo que minha filha não está no meu colo e logo entro em desespero.
- Acalme-se, ela está comigo. - A Ruiva disse fazendo com que eu botasse a mão no peito.
- Porque você pegou minha filha? -Pergunto desconfiada.
- Desculpe se não gostou, é que ela chorou muito e você não acordava de jeito nenhum, eu apenas quis fazer uma gentileza. - Murmurou.
- Está bem, obrigada. - Pego Laura de seu colo.
- Já chegamos. - Disse e eu assenti pegando algumas das minhas malas de mão.
Cheguei na ala de pegar as malas e logo avistei a minha e a peguei. Desci as escadas rolantes e olhei por toda parte a procura da minha morena preferida. A mesma pulou igual uma macaca quando me viu, eu sorri abertamente e corri em sua direção.
- Eu não acredito. - Ela grita no meio do aeroporto atraindo a atenção de todos.
- Shhhh - Gargalhei com algumas lágrimas rolando.
- Sua vaca, que saudades. - Me abraçou, Laura começou a chorar de desespero pois ela estava nos sufocando.
- Cuidado com minha filha, sua doida. - Ela sorriu pegando a Laura.
- Amor da dinda, como você é linda, parecida com o Gabriel, jesus - Enche ela de beijos.
- Nem fala esse nome. - Reviro os olhos caminhando com ela.
- Uma hora teremos que falar sobre isso. - Suspiro.
- Eu sei.
- Para onde quer ir? - Malu perguntou.
- Minha antiga casa, se possível. - Digo e ela assente chamando o uber.
Chegamos em casa muito rápido, até estranhei, o trânsito estava completamente livre.
- E voltamos de novo a estaca zero. - Sorri admirando a minha Rocinha.
- Vou chamar o Dimenor para te levar. - Disse pegando o seu celular.
- Tá bom.. - Peguei Laura de seu colo.
Depois de dez minutos Dimenor chegou, sem camisa como sempre, não mudou absolutamente nada.
- Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?! - Ironizou me fazendo sorrir.
- Para com isso Dimenor. - Soquei seu ombro de leve e o abracei.
- Não some mais, pequena. - Bagunçou meu cabelo e beijou minha bochecha. - É sua? - Perguntou olhando para minha filha.
- Sim, minha filha. - Digo e seus olhos brilham.
- Oi princesa. - Mexeu na mãozinha de Laura e a mesma resmungou algumas coisas indecifráveis. - Sobe aí. - Subi na moto e encaxei minha filha na frente.
Estávamos em frente a minha casa antiga. Que saudades que eu estava, da minha casinha, do lugar que me acolheu tão bem.
- Obrigada por me trazer. - O abracei.
- De nada, depois um vapor vai vir trazer o resto de suas malas. - Disse e foi embora.
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Traficante.
Teen FictionEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...