Gabriel.
Eu estava na boca principal checando os armamentos e merdorias que tinham chegado ontem, depois do que aconteceu, não posso dar mole, tenho que checar encomenda por encomenda para nenhum pau no cu me passar a perna novamemte.P2 apareceu com o seu radinho em mãos.
- Eow chefia, tem uma coroa aí fora querendo falar com tu. - Ele disse e eu arquiei a sobrancelha desconfiado.
- Manda entrar mas deixa alguém armado na porta caso for enrascada. - Eu digo e ele assente.
Alguns segundos depois, P2 entrou e a mulher ao seu lado se revelou.
Não pude acreditar, eu não queria acreditar. Como ela teve coragem de aparecer depois de todos esses anos? De uma hora para outra as palavras sumiram e meu coração acelerou, como se eu tivesse vendo um fantasma.
- Meu filho. - Seus olhos brilhavam, eu arriscaria dizer que eram lágrimas, mas aí lembrei o monstro que minha mãe era e é.
- Que que tu tá fazendo aqui? - Perguntei o mais rude possível.
- Eu mudei, mudei por você, me perdoa, meu amor... - Soluçou.
- Tarde demais... - Sorri. - Muita ousadia sua vir até aqui e ficar cara a cara comigo, o que tu não faz por dinheiro em?! - Ironizei.
- Só estou cumprindo o meu papel de mãe. Me perdoa, Gabriel, eu era uma jovem imatura, não sabia o que fazer, cuidar de uma criança era assustador para mim. - Ela disse. - Eu não quero seu dinheiro, eu só quero o teu perdão, meu filho.
- Na hora de dar tu sabia direitinho o que fazer né? Tu pode dar todos os seus discursos, trazer até o papa aqui mas nada vai mudar o que tu é para mim, uma filha da puta que largou o próprio filho para morar com um cara cheio da grana. - Meus olhos se encheram de lágrimas mas me contive. - Olha só como os papéis mudam né?Antes eu te implorava para parar de me bater, agora tu que implora o meu perdão, que vida louca.
-Esquece o que te fiz no passado, pelo amor de Deus, eu só te peço isso. - Peguei a minha pistola quarenta e cinco e mirei em sua cabeça.
- Já ouviu aquele ditado "quem perdoa é Deus"? - Perguntei ironicamente.
Eu engatilhei, mas congelei, tudo em minha volta congelou. Eu só queria saber o que me travava, o que me empedia. Eu simplesmente não conseguia atirar, sentia um peso na minha mão, coisa de louco.
- Por favor, meu filho. - Senti seu toque gélido em minha mão e esquivei a mesma. Joguei a pistola no chão e dei um tapa em sua cara, sem um pingo de dó.
- Agora vaza sua vadia. - Ela se levantou, ainda trêmula e me encarou. - Na próxima vez que tu vir dar esse showzinho barato, eu não penso duas vezes antes de estourar tua cabeça. - Ela abaixou a cabeça e saiu da minha sala.
Acendi um baseado, inalei e deixei algumas lágrimas caírem. Querendo ou não, ela é minha mãe.... Muito foda reve-la assim, mas eu não tenho culpa, quem vacilou comigo foi ela, quem ferrou com a minha vida foi ela.
Caio.
Eu nunca sofri tanto em toda a minha vida e olha que para um sub comandante de morro é muito arriscado dizer isso. Eu ouvia tudo, eu sentia cada toque em contato com a minha pele, mas eu simplismemte não conseguia mover um músculo do meu corpo. Eu não sei explicar o tamanho que era a agonia.
Meu corpo e minha cabeça doíam demais, parecia que eu tinha corrido dia em uma maratona sem parar. O médico disse que isso é normal, então não me preocupei.
- Bom dia. - A enfermeira simpática sorriu. - Tem um pessoa que quer te ver aí fora.
- Manda entrar, por favor. - Eu disse e ela assentiu.
Malu apareceu e quando seu olhar encontrou o meu, ela paralisou. Ficou assim por alguns segundos, depois derramou algumas lágrimas e andou em minha direção.
- Amor... - Eu sorri abertamente. Que saudade que estava daquela mulher, porra.
- Não faz mais isso comigo. - Me abraçou apertado. - Eu te amo tanto... - Ela limpou as lágrimas.
- Eu também te amo muito. -Beijei sua boca, que saudade do beijo, do abraço, do seu toque. Puxei sua nuca, a trazendo mais para mim. Logo ouvimos a médica fazer um som com a garganta e nos separamos rindo.
- Não queria atrapalhar o casal. - Riu. - Mas infelizmente o paciente tem que fazer alguns exames importantes. - Malu assentiu triste.
- Dorme aqui comigo hoje mô. - Pedi para ela.
- Eu posso?! - Malu perguntou para a médica.
- O nosso segredo. - Fez sinal de silêncio e assentimos. - Mas olha, isso não acontece sempre, a sorte de vocês é que vai mudar de turno e não vai ter gente fofocando para o clínico geral. - Gesticulou.
- Muito obrigada. - Eu disse e ela sorriu amarelo.
- Agora vamos, temos muita coisa a fazer... - Revirei os olhos e sentei na cadeira de rodas que ela tinha trago.
Jade.
Eu estava no mercado com a Laura comprando algumas coisas que faltavam na casa do Gabriel. Aliás, ele só vive comendo fora de casa, então eu estou comprando basicamente tudo. Andei, andei e andei... Graças a Deus consegui comprar tudo, fui para a fila que estava enorme por sinal.
- Octávio? - O olhei assustada e ele sorriu pretensioso.
- Sentiu saudades? - Disse. - Agora tu vai calar a tua boca e deixar o carrinho aí mesmo onde está... - Disse baixo e eu arregalei os olhos.
- Eu não vou fazer isso, você é louco? - Perguntei.
- Tu quer a sua filhinha morta, é?! - Eu olhei para Laura que estava com a cabecinha deitada no meu ombro.
Deixei o carrinho na fila e segui Octávio até o estacionamento. Ele me jogou no banco de trás e Laura começou a chorar desesperadamente, era incrível como ela sabia exatamente as situações ruins.
- Faz ela calar a boca. - Gritou e eu fiz um "shh" acariciando a cabeça da minha filha.
- O que tu quer de mim, Octávio? Eu nunca te fiz mal algum. - Ele riu e me olhou.
- Tu nunca me fez mal? Tu me tratou feito um cachorrinho, fez com que eu gostasse de você e na pior hora tu se mandou para ficar com o filha da puta que fudeu com a tua vida. - Suspirou. - Mas se tem uma coisa que eu tive a mais pura certeza é que você não passa de uma vadia oportunista, que só ficou comigo pela a minha grana e nada mais.
- Como você tem coragem de dizer isso? Passamos um ano juntos, nosso relacionamento era saudável. - Suspirei. - Me diz ai Octávio, se algum dia eu te pedi um centavo? Tu só está arrumando desculpa para me ter, mas que pena né? Você é um fraco! Não conseguiu dar conta de uma mulher e agora quer dar uma de sequestrador, me poupe! - Ele ficou vermelho de raiva.
- Tu cala a boca, se não eu te mato aqui mesmo, na frente da tua filha. - Puxou os seus cabelos.
Eu fiquei bastante assustada, eu não o reconhecia, ele nunca foi agressivo e muito menos deu algum sinal disso. Ele estava parecendo um psicopata, o medo já tinha tomado conta do meu corpo.
- Você é louco. - Me desesperei.
- E tu é minha. - Balançou a cabeça. - Só minha e de mais ninguém. - Bateu no volante.
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Traficante.
Teen FictionEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...