Júlia.
Depois da puta sacanagem que o Dimenor fez comigo, eu quis me mudar para o Alemão. Pouco me lixei para rivalidade entre os chefes, eu queria era descontar toda a minha raiva bem longe dalí.
Minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Conheci o Júnior em um baile e depois daí começamos a ficar um bom tempo e enfim ele me tornou sua fiel. Na época fiquei tão feliz, me senti uma mulher única na vida dele, mal sabia eu o que me aguardava.
Confesso que não sentia amor por ele mas eu gostava de sua atenção e do carinho gostoso que ele me dava antes de tudo. Dizia que me amava e me enchia de mimos, que mulher não gostaria disso?
Até um dia em que cheguei do shopping e ele me traía com outra mulher na mesma cama que nós dois dormimos. Naquele dia eu tirei sua máscara e tive a mais pura certeza de que homem não presta, aliás, ele só presta se amar de verdade. Cobrei muito o tal do respeito a ele, mas a única coisa que ganhei em troca foi murros, chutes, tapas e uma ameaça suja de raspar minha cabeça.
Tem sido muito difícil sustentar um relacionamento em que eu sou traída e não tenho o direito de reclamar ou de acabar a relação. Minha mãe sempre dizia "você que pensa que vida de mulher de bandido é só luxo" e hoje eu provei dessa frase, me arrependo muito de não ter escutado a ela.
Depois do meu período de entender que eu era só mais uma vagabunda para ele, eu liguei o foda-se e fiz todas as merdas que eu tinha vontade de fazer. A única coisa na qual eu me arrependo foi ter me envolvido com RR, o chefe do alemão, melhor amigo de Júnior.
Sinto um peso enorme na consciência pois eu tinha consideração, não ao Juninho e sim ao meu título de fiel. Tenho medo dele descobrir, sim, pois sei que ele é capaz de "n" coisas quando fica com muita raiva ou nervoso.
Quando estou com o RR sinto uma coisa diferente, a cada olhar meu corpo se arrepia e as palavras somem, rapidamente. Seu olhar era intimidador e ao mesmo tempo, me conquistava. Confesso que eu nem ligava de passar o dia todo ficando com ele. Ele não era como o Juninho, com ele era 8 ou 80, não tinha mimimi.
O meu maior medo nessa história é acabar me apaixonando por Ricardo, coisa que eu não quero de jeito nenhum. Além dele ser o chefe daqui, tem rivalidade com o GT, o que no caso, não é nada bom. Sei que não tenho nada a ver com isso mas eu sinto como se tivesse traindo a minha tão amada Rocinha.
Jade.
Eu estava sentada no sofá brincando com a Laura quando ouvi a porta se abrir, lá se revelou Gabriel com um sorriso largo no rosto. Ele me olhou e ficou com a expressão seria.
- Boa tarde. - Eu disse e ele assentiu, coçou a nuca e veio até mim, me roubando um selinho.
Confesso que fiquei toda boba. Ele nunca tinha feito isso, aliás, to me acostumando até de beijar ele com frequência, coisa que ele não fazia de jeito nenhum.
- Ei garotinha. - Ele disse para Laura e a mesma fez uma careta engraçada. - Até na careta ela se parece comigo, como é que pode?-Riu.
- Não quero falar sobre isso. - Faço bico e cruzo os braços.
- Tá bom... Né Laura? Sua mãe não gosta desse assunto. - Fez cócegas nela.
Mais tarde GT foi para a boca principal e eu fiquei em casa fazendo absolutamente, nada.
Eu pensava na minha carreira,de modelo fotográfica, tudo o que eu conquistei não foi pouco, apesar de ter sido tudo em um ano só. Eu não queria larga-la, ela me matinha para cuidar da Laura sozinha.
Acho que todos ja perceberam que o me mantém no Brasil não é a ordem do Gabriel, vai muito além disso.
É isso o que eu sempre faço, desisto dos meus sonhos por ele, desisto das minhas escolhas. Todas as saídas que penso, sempre me levam até ele, eu estava em um beco sem saída.
- Ai Gabriel, que saco, eu já disse que não vou no baile com você. - Bufo e ele revira os olhos.
- Porra, o que custa? Olha Jade, eu estou engolindo a droga do meu orgulho só para mostrar que tu é minha mulher, tá ligada? - Disse e eu arregalei os olhos.
- Como assim sua mulher? Para eu me tornar a sua mulher, tu tem que parar de transar com outras, tem que dispensar todas as suas putas! Porque eu não sei se tu sabe, mas eu não sou dessas que aceitam ser traída. - Eu disse com raiva.
-Eu sei o que estou falando... não vou vacilar contigo, confia em mim. - Travou o maxilar e segurou meu rosto.
- Com quem a Laura vai ficar? - Perguntei e ele sorriu vitorioso.
- Com a minha tia. - Murmurou e eu acabei assentindo.
- Quero conhecer ela.. - Ele me interrompe.
- Nada disso! Se ela te ver não vai me deixar em paz. - Disse me fazendo rir.
- Por isso mesmo que quero conhecer. - Sorri maldosa.
Ele riu e segurou na minha cintura, logo depois selando nossos lábios e aprofundando o beijo, sinceramente, não sei de onde tirávamos tanto oxigênio.
- Vou me arrumar. - Mordeu os meus lábios e foi para o quarto.
Abri minha mala que estava no quarto e nunca fiquei tão indecisa em que roupa vestir. Peguei uma saia preta e um cropped branco.
Tomei um banho demorado, passei sais de banho e lavei o meu cabelo. Saí com a toalha enrolada na minha cabeça e outra no meu corpo. Pus um conjunto de lingerie vermelha e vesti a roupa que eu tinha escolhido (mídia), nos pés calcei meu tênis branco simples.
Sequei meu cabelo com o secador, passei uma prancha para selar os fios, pois ele já era liso. Passei rímel, pó, contorno e um batom matte vinho. Espirrei o meu melhor perfume e passei hidrante nas pernas e nos braços.
Peguei uma bolsa pequena e lá pus dinheiro, celular e alguns documentos que eram necessários. Peguei um chiclete de menta e pus na boca.
Fui até o quarto do Gabriel e peguei a Laura que dormia tranquilamente. Desci as escadas e Gabriel já estava arrumado, sentado no sofá e vendo televisão.
- Vamos? - Perguntei e ele olhou minha roupa.
- Puta que pariu hein, muito gostosa... Vamos. - Rimos.
Peguei a comida que Laura comeria mais tarde e mais algumas coisas dela. Entramos na sua BMW e fomos rumo a casa de sua tia.
- Onde está a Joana? - Perguntei curiosa. - To com muitas saudades dela. - Suspirei.
- Na casa do namorado, só vive lá agora. - Sorri. - Me dá a Laura. - Estendeu as mãos e eu dei ela.
Ele entrou com ela dentro daquela casa saindo do meu campo de visão. Uns cinco minutos depois ele voltou.
- Iai? - Perguntei.
- Ela achou ela linda e adivinha? - Perguntou.
-O que? - Eu disse curiosa.
- Achou ela a minha cara. - Gargalhou e eu fiquei séria.
- Tu adora me irritar né? - Ele liga o rádio e põe um funk proibidão, comecei a cantar junto.
- Bom saber que tu gosta dos funks assim. - Riu e eu balancei a cabeça.
Chegamos na quadra onde ia ser o baile e já estava lotada de gente. Ele estacionou o carro e saímos, ajeitei minha saia e continuamos andando.
Quando botamos o pé naquele local, toda a atenção foi voltada para nós e eu fiquei muito envergonhada, porém manti meu nariz em pé. Gabriel envolveu um de seus braços na minha cintura e me guiou até o camarote.
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Traficante.
Novela JuvenilEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...