Gabriel.
A quadrilha mudou muito após a morte do Tuninho, fiquei com tanta raiva que contratei inúmeros soldados para a minha facção, estamos mais fortes do que nunca. As drogas saem cada dia mais, vende que nem água, cada hora chega uma pessoa diferente para fazer investimento conosco.
Estamos aí no trabalho pesado dia e noite cuidando pelos moradores e dando segurança. Trabalho de vagabundo? Sim é, vagabundo que perdeu o pai para a vida, vagabundo que tem a mãe piranha oportunista, vagabundo que não tem família. As pessoas julgam mas não param e pensam que nem todo mundo nasce em berço de ouro ou até mesmo tem uma família pobre que dê valor a tudo que tem... Nem todos tem a mesma oportunidades e chances
O sol nasce redondo para todos, eu sei, mas nós corremos atrás. Não tiramos nada de ninguém, muito menos matamos qualquer um por capricho. Vendemos maconha, craque, cocaína, armas e ainda se der fazemos um serviço para madames aqui e alí, isso para vocês é ser vagabundo? Vendo algo de acordo com minha necessidade.
***
Nunca mais tive notícia da Jade, nem queria ter também, eu estava desenvolvendo sentimento por aquela garota e eu estou fora. Mulher só atrapalha minha vida, sou melhor sozinho.
Nunca gostei da possibilidade de ter alguém no centro da minha vida. E eu sabia que isso estava prestes acontecer antes dela ir embora.
Claro que eu tenho vontade de conhecer meu filho mas eu nunca vou conseguir criar e dar boa vida, nunca vou conseguir dar amor, fico puto por isso mas a minha realidade não coopera.
Minhas putas estão sempre vindo atrás de mim. Mas é aquele lance, quando estou agitado eu peço para o Caio chamar elas, não mudou nada, continuo da mesma forma.
- Finalmente, chefe. - Dimenor chega na minha sala se jogando em um sofá velho que tinha aqui.
- Finalmente o que? - Pergunto sem entender sua expressão.
- Vai conhecer a tua cria. - Disse e eu arregalei os olhos.
- Como assim? A Jade está aí? - Levanto desacreditado.
- Sim... Chegou hoje de viagem. - Diz com desdém da minha reação.
- Puta que pariu, onde ela está? - Pergunto.
- Na antiga casa dela. - Diz e eu saio da boca voado.
Pego minha moto e vou com toda velocidade do mundo. Parei em frente a sua casa que estava com algumas luzes acesas, vacilei para bater na porta mas criei coragem e bati.
Tomei um baita de um susto quando eu vi quem me atendeu. Jade estava uma mulher, completamente diferente, sua expressão não era mais inocente. Além de sua aparência ter mudado, estava com luzes loiras e mais encorpada, qualquer homem babaria nela.
- Gabriel? - Tirou o sorriso que estava em seu rosto e deixou o prato de comida que estava em suas mãos cair.
- Surpresa? - Seguro em seu braço. - Tirou meu filho de mim, foi para longe, por capricho é claro, você sabe com quem se meteu garota? - Pergunto e a mesma morde os lábios.
- Você está me machucando. - Puxou seu braço.
- Quero que tu me explique tudo, palavra por palavra... - Uma voz me interrompe.
- Jade... A Laura está chorando muito, o que eu faço? - Maria Luíza aparece com uma bebê no colo.
- Tira a Laura daqui, Malu. - Jade suspira pesado e Malu assente.
- É ela a minha filha? - Balbuceio ao falar, Jade demora para responder me analisando.
- O que você quer em troca? Para sumir da minha vida? - Pergunta me deixando completamente surpreso.
- Está louca? Eu só quero recuperar todo o tempo perdido com a minha cria, eu que fui um cuzão em vez de mandar você morar comigo. Eu só te digo uma coisa! Você nunca mais vai sumir com a minha filha daqui! Ou eu mato você e fico com ela.
- Não teria coragem. - Me afronta.
- Você acha mesmo? - Sussurro em seu ouvido e a mesma se arrepia por completa.
- Eu tenho nojo de você. - Empinou o nariz me fazendo gargalhar.
- Eu duvido... Apenas pela forma que você fica toda molhada quando eu sussurro em seu ouvido. - Dou um passo para frente e a mesma recua.
- Idiota. - Gagueijou me empurrando.
- Agora eu quero conhecer a minha filha, afinal, qual o nome dela?
- Laura..Laura Albuquerque Tavares. - Diz e eu sorri.
- Gostei. - Ri e caminhei atrás dela, que puta de uma bunda que ela criou.
Entramos na sala e Malu estava com a garotinha no colo. Malu se ligou e deu a neném para a Jade.
- Eu vou embora, depois eu volto. - Se despediu e saiu do nosso campo de visão.
- Gabriel, essa é a Laura, sua filha. - Jade diz sem vontade. A neném olhava tudo atentamente, parecia que sabia o que estava ocorrendo.
- Posso segura-la? - Pergunto e ela levanta uma sombranselha.
- Não confio em você. - Diz e Laura pede meu colo, jogando os bracinhos para mim.
- Qual foi? Esqueceu que eu seguro a Lara? Não sou tão ruim a ponto de fazer mal a uma criança Jade, eu não faria isso com minha filha. - Ela suspirou e me entregou a neném.
Olhei para o rosto dela e a quem vamos enganar? Ela é a minha cara, tem os meus olhos, boca e até ousou em herdar o nariz. Confesso que estou sentindo um turbilhão de coisas por dentro, saber que eu sou o pai dessa bebê é estranho... amas ao mesmo tempo bom, não sei explicar exatamente.
Ela me olhava fixamente, seus olhos me penetraram. Como aquela criança me passava tranquilidade, eu não queria solta-la nunca mais. Ela tinha o olhar de inocência da Jade, um olhar de amor.
- Ela sempre foi calma assim? - Pergunto tirando Jade de seu transe.
- Sim, sempre se diferenciou das outras crianças na creche. - Eu assenti.
- Ela é a minha cara. - Murmuro e a Jade faz um bico. O bico que ela sempre fazia quando estava com raiva.
- Ela não é nada sua cara, ela parece comigo. - Disse desesperada me fazendo gargalhar.
- Sua cara? Olha isso! - Colei o meu rosto e o de Laura.
- Continuo não achando. - Cruzou os braços e revirou os olhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Traficante.
Novela JuvenilEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...