Gabriel.
Eu andava atordoado. Estava muito confuso com toda a informação que eu havia acabado de receber. Tudo a minha volta parecia ter paralisado, as pessoas andavam lentamente e passavam direto por mim como se eu não existisse.
Sentei na primeira cadeira que vi. Eu precisava me restabelecer. Não estava com cabeça para fugir de verme.Tudo que eu faço distraído dá errado.
Analisei o local, havia inúmeras portas, pessoas entravam e saíam a todo o instante.Tomei um susto ao ouvir uma médica gritando ao meu lado.
- Parada cardíaca, quarto 86. - Gritou desesperada .
Uma equipe grande chegou carregando equipamentos. Abriram a porta do quarto 86 e foram para cima do paciente dando toda a assistência necessária.
Eles conseguiram restabelecer a parada e saíram retornando aos seus deveres. Cheguei mais para perto do paciente e não acreditei no que vi. Eu pensava que ele estava, morto? Mas não, ele estava alí deitado na cama, inconsciente mas vivo.
- Incrível né? A alguns dias ele estava bem, as coisas desandam tão rápido. - Disse.
Olhei para o lado e vi Júlia. Ela estava pálida, seu rosto estava vermelho, com rastros de quem chorou incansavelmente.
- Júlia, meu Deus, estão todos preocupados com você, Dimenor... - Ela me interrompeu.
- Não toque no nome daquele desgraçado, eu tenho nojo dele. - Disse entre dentes e eu assenti.
Ela caminhou até Ricardo, disse algumas coisas que eu não pude ouvir, acariciou o seu rosto e beijou os seus lábios. Suspirei pesado. A essa altura do campeonato nada para mim é uma surpresa depois de tudo que descobri. Ela voltou para o meu lado e me olhou de rabo de olho. A encarei, ela derramava algumas lágrimas.
- Me ajude, Gabriel. - Disse com a voz embargada. - Você é o único que pode me ajudar a salva-lo. - Fechou os olhos.
- Virei médico agora? - Perguntei irônico e ela se manteve séria.
-Olha... Se não houvesse necessidade, pode ter certeza que eu não estaria te pedindo. Ele está morrendo e se ele se for uma parte de mim vai junto... - Pausou. - Ele me ensinou tanta coisa em tão pouco tempo... Eu sempre iludi a mim mesma pensando que já tinha conhecido o amor verdadeiro, mas não, ele quem me ensinou o que era isso!Pode até soar clichê, mas foi a minha realidade. Ele é a minha família, foi o que me acolheu e me tratou da melhor forma possível, eu só queria retribuir esse favorzão.
- Não compreendo ainda como posso ajuda-lá.-Cruzei os braços e franzi os cenhos.
- Eu fiquei sabendo que vocês eram primos, ele me contou.-Disse fazendo meu coração acelerar por um instante. - Ele precisa de sangue, o sangue de vocês é raro e está em falta no hospital, se ele não receber, pode morrer a qualquer minuto, foi uma noite muito longa, foi um milagre ele ter sobrevivido.
- Júlia... Não é fácil assim! Estamos tratando do meu inimigo, o que a algumas horas atrás queria me ver morto. - Eu disse.
- Por favor! Uma vez na vida engula o seu orgulho e me ajude. Sempre tive respeito a você, sempre amei a Rocinha incondicionalmente. - Mordeu os lábios.
- Não é uma coisa de um mês é... - Me interrompeu novamente.
- Pare... Por favor, apenas pare... - Murmurou. - Se não vai ajudar, apenas se retire. - Assenti.
Levantei daquela cadeira. Olhei uma última vez para Ricardo e depois para Júlia que soluçava sem parar.V oltei a caminhar.
As palavras de minha mãe e de Júlia voltaram a minha mente, a voz delas soavam como eco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Traficante.
Teen FictionEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...