Capítulo 11

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Gabriel.(GT)

Entrei na boca. Meti sérin para cima de geral, hoje não estava para gracinhas, irritado para caralho, nível extremo.

- Qual foi chefe. - Capivara faz um toque bandido comigo.

- Diz aí capivara. - digo e ele gargalha.- Qual foi viado, está rindo atoa porque?

- As drogas estão vendendo que nem água, tá dando lucro a beça. - Ele diz e eu comemoro.

- Pode deixar que vai ter um aumento para vocês parças. - Entro em minha sala e ouço ele murmurar um "Aí sim".

Penso naquela morena abusada e um sorriso escapa de meus lábios.

- Rindo atoa, filho da puta? - Caio chega gritando.

- Está me estranhando? - Pergunto e ele sorri negando.

- Vim saber do que ocorreu ontem. - Diz e reviro os olhos.

- Nada demais. - Tento mudar de assunto e ele rosna.

- Se descobrir que vai ser pai não é nada... - O interrompo.

- Eu estou de boa, sabe?! - Ele me olha surpreso. - Ter um herdeiro pode melhorar tudo aqui na rocinha.

- Somente por isso que está feliz? - Assinto. - Um fruto teu vai nascer Gabriel e tu só sabe pensar nesse bendito morro, vamos evoluir, tu vai ser pai caralho!! Vai ter um serzinho igual a ti ou igual a Jade que vai te amar e te respeitar! Acorda nessa porra...

- Essa parte eu deixo para ela. - Murmuro pensando em tudo o que ele disse.

- Tu sempre faz isso né? Foge, tem medo de amar e ser amado. Até quando? Seja homem porra, bandido também ama. - Ele diz e sai da minha sala puto da vida.

Ele tinha razão... Mas eu não queria acreditar nisso, não mesmo. Não quero ser exemplo para ninguém, não quero ser amado, não quero que alguém dependa de mim.

Jade.

Eu estava no terceiro mês de gestação e também mais inchada do que nunca, cheia de manhas, desejos e dores nas costas.

O Gabriel me dá dinheiro, fraldas, tudo que imaginar ele manda, porém não sou trouxa e não aceito absolutamente nada dele, até porque eu queria que meu filho(a) tivesse um pai presente e não um pai que o comprasse presentes.

Hoje mesmo eu saberia como o bebê está, espero que bem pois por mas que não pareça estou muito saudável. Como nos horários certinhos e evito de fazer esforço.

Pus um macacão jeans e um cropped preto por baixo, calcei meu vans azul marinho e me perfumei, passei pó, rímel e um batom matte marrom claro.

- Vamos amiga?! - Joana diz assim que acaba de passar seu gloss.

- Vamos.

Pego meu celular, meus documentos e desço as escadas.

Pego minhas chaves e abro a porta tendo a visão de Gabriel. Ele vestia uma blusa azul, uma calça preta, em seus pés havia um tênis da nike e como sempre seu boné de aba reta para trás.

- O que você está fazendo aqui? - Pergunto.

- Vim para a consulta. - Ele disse sério.

- Você só pode estar de brincadeira. - Gargalho. - Agora quer ser papai presente? Me poupe querido.

- Eu vou e pronto, não tem mais nem menos porra. - Ele grita e segura meu braço com força.

Cruzei os braços e caminhei até seu carro a força. A Joana me olhava assustada e eu dei língua para ela pois sabia que foi a mesma que armou isso tudo.

Ele entrou no carro e seu perfume invadiu o ambiente, seu cheiro era gostoso e impossível de não notar, ele não abandonava seu malbec.

Fiquei batendo as unhas na porta, isso era sinal de nervosismo. Aliás eu não estava me reconhecendo, parecia que eu tinha voltado novamente ao quinto ano onde eu tinha vergonha de ficar ao lado do garotinho que eu gostava.

- Dá para parar? - Ele disse. - Está me estressando muito. - Bufa.

- Pouco me lixo. - Ele sorri. - Está rindo de quê? Ô imbecil?

- Você é a única pessoa que não tem medo de mim. - Diz e eu reviro os olhos.

- Você é tão inofensivo... - Digo querendo brincar mas o mesmo permanece sério.

- Pegou pesado. - Disse me fazendo rir.

O resto do caminho ficamos calados, sem assunto para falar a verdade. Saímos do carro uma rua antes para ninguém desconfiar sobre o Gabriel, até porque ele não podia ficar tantas horas fora do morro.

- Espera. - Ele segura minha mão e olha no fundo dos meus olhos. - Desculpa por todo esse tempo que não fiquei presente mas eu quero te ajudar a cuidar da minha cria ae, vou te ajudar em tudo que tu precisar, não se importa com dinheiro, morô? - Diz e eu assinto sem paciência.

Ele acha que eu quero o dinheiro dele?Ou ele se faz de burro ou realmente não conhece os direitos morais de um ser humano. Foi difícil e continua sendo saber que eu estou grávida de um monstro que só se preocupa com seu próprio nariz.

- Tudo bem. - Corto o assunto entrando dentro do hospital.

Chegamos na recepção e logo dei o meu cadastro da última vez que vim para uma mulher loira que não parava de fitar o Gabriel.

- Bom, o doutor Gerson espera vocês, sala 8, terceiro andar. - Ela sorri para Gabriel e me olha com cara de nojo.

- Vagabunda. - Murmuro alto demais e ouço a gargalhada dele.

Subimos as escadas e logo batemos na sala 8. O mesmo doutor que me atendeu da outra vez me olha e logo sorri liberando a passagem.

- Olá Jade! - Ele aperta minha mão e logo após a de Gabriel. - Vamos ver esse neném. - Ele põe suas luvas.

Naquele momento eu já estava tremendo por completa só pela presença de Gabriel ali. Tirei a parte de cima do macacão liberando a minha barriga.

Gabriel encarava minha barriga assustado.

- Achou que não ia crescer?! - Pergunto e ele balança a cabeça me fazendo sorrir.

O doutor pega um gel super, hiper, mega  gelado e passa por toda a extensão da minha barriga com o aparelho, a sensação era maravilhosa porém eu sentia bastante cócegas.

Ouço o coraçãozinho e meus olhos se enchem de lágrimas. Gabriel me olha e eu sorrio sem graça, sem ao menos saber o que fazer ou dizer.

Olho para a tela e vejo um feijãozinho em formação. Era bem difícil assimilar que eu vou ser mãe e daqui a alguns meses a responsabilidade só vai aumentar. Para uma adolescente que vai completar dezessete anos não é nada fácil saber que não vai mais existir vida sozinha, porém tudo recompensa ao saber que vai ter um serzinho te chamando de "mamãe" e dependendo de você para tudo o que fizer.

- Ele está super saudável mamãe, o que é praticamente um milagre após sofrer um início de aborto espontâneo. - Diz e seco as lágrimas sorrindo.

- Ele é forte. - Gabriel me fita e logo desvia o olhar para a tela.

- Boa alimentação daqui para frente. - Gerson me olha. - E sem muito esforço, ajude ela, pai.- Ele diz para Gabriel que assente avoado.

Me limpei e logo após peguei o exame com o doutor Gerson. Saímos daquele hospital em silêncio, acho que estar ali naquela situação foi muito constrangedor, aliás eu nunca estive junto com ele em uma situação assim.

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