Jade.
Desde o dia em que eu comecei a trabalhar na agência, não parei um minuto. Minha vida tem sido muito corrida por conta dos inúmeros trabalhos. Ensaios, reuniões, etc.
Para ter a noção, fiz um álbum para a nova coleção de uma loja conhecida aqui em Portugal e no Brasil. Lógico que era para gestantes, mas a Sara fez a questão de me por como a idéia principal da campanha.
Mal tenho tempo de estudar e ver minha faculdade... Mas quem sabe eu não siga esse ramo mesmo? Até que gostei e tem me sustentado bem.
Henrique tem trabalhado bastante, mas sempre que pode vem almoçar junto comigo na agência. Ele pede muitas desculpas por não dar a devida atenção mas eu sempre o tranquilizo, não tem porquê ele se desculpar.
O quarto da Laura está sendo mobiliado, estou fazendo de tudo para dar o melhor para minha filha. Henrique tem me ajudado muito em relação a isso, aliás ele também é o padrinho, um segundo pai para ela.
As meninas sempre entram em contato comigo, pedindo fotos da minha barriga e de mim mesma, babam na Laura mesmo de tão longe.
***
- Vamos para festa comigo Jade, por favor. - Henrique suplicou.
- Porra Henrique, já falei que não... vê se pode, uma grávida no meio de uma balada. - Esbravejei.
- Qual o problema? - Perguntou. - Já vi várias.
- Seu chato. - Dei a língua e caminhei para o meu quarto.
Abri meu guarda roupa, optei por um short preto e uma blusa cinza de mangas com alguns detalhes pretos, nos pés eu calçava um tênis branco da adidas com listras floridas.
Como eu já havia tomado banho, apenas me perfumei e passei um pouco de maquiagem, deixei meus cabelos soltos e nem fiz prancha pois o coque formou alguns cachos e eu até que gostei!
- Uau. - Henrique disse assim que pus os pés na sala.
- Se não for para causar eu nem vou. - Fiz uma dancinha e ele piscou.
- Papai que ensinou. - Beijou seu ombro e eu revirei os olhos.
- Vamos?
- Vamos.
Fechamos a casa e caminhamos até a garagem onde se encontrava o seu fox preto. Chegamos no local um pouco tarde mas ainda estávamos no horário. Era uma boate enorme, cheia de jogos de luzes coloridas e um som estrondoso de música eletrônica.
- Maneiro aqui. - Murmuro e Henrique assenti assim que estaciona. Demos os ingressos e logo nossa passagem foi liberada.
- Ricão. - Um cara gritou indo em direção a Henrique.
- Fala, meu mano. - Os dois se cumprimentam e logo o cara direciona o olhar para mim.
- Que isso, apresenta a gata. - Murmurou.
- Essa é minha irmã, Jade. - Apertei sua mão. - Jade esse é Octávio.
- Prazer. - Sorrimos. - Henrique, eu quero tomar algo, podemos ir?
- Claro, vamos. - Fomos em direção ao barzinho, avistamos o barmen.
- Uma batida de morango, sem álcool, por favor. - Pedi e ele assentiu preparando a minha bebida.
- Aqui está. - Ele me deu e eu deixei o dinheiro em cima da mesa.
Sentei em uma das cadeiras do bar e fiquei rindo vendo Henrique dançar com umas garotas, ele não levava jeito nenhum, não muda esse garoto.
Acaricei minha barriga e por um segundo lembrei de Gabriel... Aliás, como não lembrar dele? O culpado de tudo, o dono dos meus problemas, ele destruiu minha vida de uma forma tão rápida mas com uma responsabilidade boa que vai durar para sempre, se é que me entendem.
Por mais rude que ele fosse, me fazia falta... Viver ao seu lado era pura a adrenalina. Lógico que seria incerto eu viver com ele junto a minha filha, mas eu tenho sentido falta, daquele ogro.
- Pensando demais? - Octávio disse sorrindo.
- As vezes ficar sozinha me faz pensar um pouquinho demais. - Sorri.
- Você não é daqui, certo? - Perguntou e eu assenti.
- Sou do Brasil. - Digo e ele se abana.
- O país das mulheres gostosas. - Disse me fazendo gargalhar.
- Digamos que lá as mulheres tem um pouco demais. - Murmuro.
- Te achei muito linda. - Beijou minha mão.
- Obrigada. - Corei envergonhada.
Otacvio era muito bonito, tinha olhos verdes, cabelos negros e uma barba para fazer... Ele não era malhado mas tinha um físico maravilhoso, também possuia algumas tatuagens espalhadas pelo corpo.
- Posso? - Pôs uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Eu não sei se estou pronta, Octávio.. e além do mais eu estou grávida, você também não iria querer. - Ele arqueou uma sobrancelha.
- Você está com pai dele? - Perguntou olhando para minha barriga e eu neguei. - Então eu prometo que vou com calma. - Disse e eu assenti.
Ele acariciou minha bochecha, me selando, deixando por um tempo seus lábios macios contra os meus, ele pediu a passagem para língua e eu deixei sem pensar duas vezes. Seu hálito de caipirinha era de se notar. Octávio explorava minha boca e chupava meus lábios com toda a paciência, terminamos com um selinho por toda a falta de ar.
- Hum. - Murmurei mordendo os lábios.
Gabriel.
Toda a minha munição tinha acabado e eu estava escondido a espera do Caio, que traria mais para mim.
Eu estava preocupado, pois deu tudo ao contrário do que combinamos. Eu tenho a certeza absoluta que existe um x9 aqui, dando informação para o RR, nada daria errado, a não ser que algum dos meus estivesse contra mim.
Os tiros estavam constantes, a Rocinha nunca teve um confronto assim. Estávamos a mais de três horas a troca de tiros e tendo ameaça de invasão.
- Cheguei. - Caio sussurrou e deu minha munição, as encaixo nas minhas armas e levanto.
- O seguinte, vou pela escadaria e você pelo becos de trás, morô? - Eu disse e ele assentiu saindo da minha visão.
Desci toda a escadaria correndo e tentando desviar de algumas balas perdidas. Entrei na primeira boca que vi e a minha reação foi proteger todo o dinheiro que eu havia conseguido esses anos.
Ouço meu radio apitar e o atendo.
- Fudeu para o Tuninho chefe. - Dimenor disse atordoado.
- Porra, reanima ele.
- Já era chefe, deram dois tiros na cabeça dele, logo depois fugiram quando viram que ele morreu. - Pausa por conta do cansaço.
- Filhos da puta. - Gritou com raiva e desligo o rádio.Eu simplesmente odeio perder um soldado pois além de perder um trabalhador, dá a impressão de que não estamos trabalhando direito.
Ainda mais o Tuninho, ele tinha uma filha de dois anos para cuidar, uma fiel que estava com ele sempre, e o pior de tudo, a velha dele está com câncer em fase terminal, literalmente, ele não tinha que ter morrido.
Mas eu vou vingar sua morte, vou matar RR nem que seja a última coisa que eu faça. Nunca o ataquei por respeito a nossa antiga amizade mas agora é olho por olho, dente por dente, assim como ele não teve pena de matar um dos meus, eu não vou ter dó de o matar.
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Traficante.
Ficção AdolescenteEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...