Jade.
Abri meus olhos lentamente por conta da claridade. Olhei ao meu redor, eu estava em uma sala grande de paredes brancas, havia uma mini janela e um grande armário cinza. Tentei me levantar mas senti uma dor de cabeça absurda, me deitei de novo por conta da pressão.
- Fico feliz que tenha acordado. - Ouvi uma voz ao meu lado.
Ela era loira, tinha olhos azuis clarinhos como o céu, aparentava ter no máximo seus quarenta anos. Vestia uma blusa e uma calça branca. Todas as características me levaram a achar que ela era uma enfermeira.
- Onde estou? - Falei baixo, minha voz saiu como um sussurro.
- Hospital! Sou sua enfermeira, pode me chamar de Ana.
- Hum... O que aconteceu comigo Ana? Pode me explicar exatamente? - Perguntei.
- Você sofreu um acidente, estava atravessando e alguém veio em alta velocidade... - Murmurou.
- Não me recordo.
- Normal.- Limpou a garganta. - É um dos sintomas.
- Eu só quero ver a Rosa, por favor, você pode chamar ela?
- Somente seu namorado está aí fora para vê-la, vou chama-lo. - Sorriu amigável e saiu da sala.
Por um momento tudo parou. Namorado? Parecia até piada! Nunca namorei e nem sequer pensei na hipótese, estava concentrada nos meus estudos, terceiro ano está aí e convenhamos que não é nada fácil. Podia ser algum tipo de piada daquela moça, um senso de humor aguçado.
Me distraí tanto que nem percebi uma presença na sala. Olhei para porta e arregalei os olhos. Por mais que eu não quisesse, o pânico tomou conta de mim. Eu estava confusa.
- Amor... - Ele murmurou baixinho, como um sussurro e caminhou até mim.
Me encolhi naquela pequena maca. Eu sabia de longe que aquele era o comandante da Rocinha, vi o rosto dele em noticiários inúmeras vezes. Mas nunca cheguei a vê-lo na comunidade.
- Por que está aqui? - Perguntei baixo.
- É o meu dever... - Arquiei minha sobrancelha e dei uma risada irônica.
- Tá bom, cadê as câmeras? Que brincadeira de mau gosto...
GT mordeu os lábios e bateu seu punho na mesa que havia perto de mim. Meu coração acelerou e por um momento tentei lembrar do que houve mas não vinha nada na minha memória.
- Isso não pode estar acontecendo, não, não... - Ele repetia.
Seus olhos estavam alagados, ele chorava sem cessar. Eu estava assustada e com muito medo. Ele parecia sincero, seu choro constante parecia sincero.
Ana chegou na sala e pediu para ele se retirar, apenas chorei baixinho. A pior sensação era não conseguir lembrar do que aconteceu, da onde eu estava e o porquê eu estava ali.
- Não se preocupe querida, faremos o necessário para você se recuperar logo, não há motivos para pânico. - Ela disse.
- Como não me preocupar? Eu não me lembro ao menos do dia de ontem... - Mordi os lábios.
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Traficante.
Teen FictionEle vinha, ela ia. Eram opostos que se esbarraram na estrada da vida, e sonharam. Ele buscava sempre de forma fria ser calculista, e ela lindamente sonhava. Não eram bons uns com os outros, e não sabiam andar de mãos dadas, mesmo que os caminhos sem...