Primeiro Olhar

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Beatrice

Foram minutos de pura agonia. Aqueles olhos negros me encarando, como se quisessem decifrar minha alma, meu corpo inteiro tremia, foi  uma luta interna para não me jogar em seus braços e lhe confessar meu amor, fui retirada do transe pelo toque do meu celular... olho no visor e não poderia ser o menos indesejado...

-- Oi Di.

-- Oi meu amor está em casa?

Reviro os olhos, e amaldiçoo mentalmente.

-- Não é da sua conta. Mas diga logo o que quer?

Sinto a intensidade dos olhos de Ross sobre mim mesmo estando de costas.

-- Te convidar pra ir ao cinema.

-- Não Obrigada. Agora preciso desligar.

-- Mas Bea. Eu venho te convidando a meses.

-- E eu venho dizendo não a meses. - Diogo é um colega do colégio que insiste em querer ser mais que um colega, já expliquei pra ele que não rola. Mas quem faz ele entender isso?

-- Tchau Di.

Desligo e quando me viro estou sozinha no quarto. Que diabos está acontecendo comigo?? Tenho vontade de sair dali e voltar pra minha casa. Mas ele parece um imã me puxando pra ele, uma magnetismo inexplicável. Mesmo ficando três anos longe o que eu sinto por ele só aumentou..... desço as escadas e vou atrás da minha amiga, até por que sei que ele está com ela.

Ross

Com quem ela esta falando no telefone ? Relutando saio do quarto empurrado pela Rose, ela me trouxe  pra sala de televisão.

-- Por que não nos avisou ? – Rose me da socos fracos no braço. Quem pensa que ela é toda delicada, se engana feio. Brincávamos de lutinha quando criança e por mais que eu odeie admtir, ela vencia a maioria.

-- Queria fazer surpresa.

-- E fez. – ela me abraça apertado. – Que bom que voltou.

-- Já tomou banho Ross ? – mamãe grita, entrando na sala.

-- Mãe, já estou bem grandinho pra isso.

-- Oi tia. – Beatrice aparece ao atrás  dela.

-- Oi minha linda.

Não consigo desviar meus olhos dela, parece que estou sonhando, ela esta tão diferente (cadê os cabelos negros que eu sempre achei lindo), não pode ser ela e com quem ela estava falando no telefone? Quem é Di ?

-- Disfarça. – Rose cochicha e me belisca.

-- Estão com fome ? Já tomaram café ?

-- Eu não, Rose me tirou da cama e não me deixou comer direito. – Beatrice resmunga fazendo bico em direção a minha irmã. Me dá água na boca só em vê essa cena.

-- Ross ?

-- Oi mãe, estou sim. Não deu pra parar, aceito algo. - me levanto do sofá.

-- Rose me ajuda na cozinha. – mamãe a convoca. Quando ela fala faz isso e aquilo, sem perguntar se pode. Sinal que vai te comer vivo se não fizer.

-- Sim senhor general. – Rose a abraça rindo, a levando em direção a cozinha.

Beatrice se senta onde eu estava e por uma fração de segundos, respira fundo de olhos fechados.
Que porra de sentimento é esse ?

-- Como foi a viagem ? –  pergunta me pegando desprevenido.

-- Hum, tranquila. – ela acena. – O que perdi esses anos fora ?

Me sento a seu lado, seu perfume invadi meus sentidos. Inspiro como se dependesse pra viver.
Será que ela é doce como seu perfume ?

Beatrice

Quando sinto a proximidade dele, meu corpo entra em transe  novamente. É como se uma onda de choque percorresse todo meu corpo. Demoro um pouco pra processar sua pergunta. Não ouso encara - lo pra responder

-- Não muita coisa. Mas quase perde a festa que estamos organizando.

-- Festa?

-- Sim. Esqueceu que sempre comemoramos nosso aniversário juntos? Nós últimos anos tem sido só eu e é a Rose. - sinto um pouco de amargura nas minhas palavras. Me lembro do dia em que ele foi  para Inglaterra sem se despedir de mim.

Me levanto antes que as lágrimas traiçoeiras me entreguem de bandeja pra ele. Caminho até a porta da sala tentando manter uma distância segura. Não por ele mas talvez por mim mesma.

Não consigo sair, a atração parece ser mais forte que o medo da rejeição. Mesmo sabendo que no mundo do Ross eu sempre serei como uma irmã caçula, me doi o fato dele ter ido embora  sem falar comigo. E por três anos, ter ignorado minha existência.

Ross

-- Festa? – pergunto curioso.

-- Sim. Esqueceu que sempre comemoramos nosso aniversário juntos? Nós últimos anos tem sido só eu e é a Rose. – responde um pouco amarga.

Tinha me esquecido dessa, eu era obrigado a fazer festa com elas, não que eu não gostasse, mas era estranho. Na Inglaterra passava o dia comendo pizza com meus avós e a noite saia para beber com alguns amigos da escola.
Ela se levanta apressada, quero a abraçar, mas o medo dela não interpretar bem me perturbar.
-- Foda-se. – vou atrás dela, esta parada de frente a porta com a respiração acelerada. – Beatrice ?

-- Oi ? - se mantém de costas pra mim.

-- Você esta bem ? - ela se vira e me hipnotiza com seu olhar

Ela não responde de imediato, me encarra por um tempo. Sinto que tudo ao meu redor desapareceu, só existimos eu e ela... melhor, eu, ela e esse desejo de a beijar. Que merda esta acontecendo comigo ?

-- Sim, estou. – responde por fim.

-- Venham comer. – Rose grita da cozinha. Bea da um passo pra ir, mas eu entro em sua frente e a abraço.

E nossa... meu coração dispara, mas a calmaria que me dá é inexplicável. Ela corresponde depois de uns segundo, me aperta. Não quero soltá-la. Inspiro seu perfume de novo.

-- Também senti saudades de você. – sussurro em seu ouvido. minha voz sai mais rouca que eu esperava.

A solto e vou até onde minha mãe e Rose estão. Antes que eu faça outra coisa mais ousada que esse abraço.

Beatrice

O que foi isso? Que abraço meu Deus.... Foi tudo tão intenso... sentir o cheiro dele o seu toque.. Foi ser transportada aos meus melhores sonhos. Quando ele confessou ter sentido saudades eu realmente me surpreendi, achei que ele nem lembrasse de mim.

Quando ele me soltou e saiu minha vontade era correr atrás dele... Era ganhar mais um abraço quem sabe um beijo. Mas tudo o que fiz foi ficar parada como uma pateta... Sem ação. .. Com o coração quase saindo pela boca.... merda eu nunca fui fraca assim. ... O que ele fez comigo? 

Destinados a Amar - Família Lorenzo Livro 1 (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora